22 de nov. de 2009

Novo comando do PT vai definir campanha de Dilma

Muitos candidatos a presidir o PT nos Estados e municípios são contrários à aliança com o PMDB, essencial nos planos de Lula de eleger a ministra presidente do Brasil

Wanderley Preite Sobrinho, do R7

As eleições internas do PT – que acontecem neste domingo em todo o Brasil – vão escolher mais do que o novo presidente nacional do partido e os presidentes de todos os diretórios estaduais e municipais. Os nomes que saírem vencedores das urnas podem ajudar ou afundar os planos dos caciques do PT para 2010: eleger a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) presidente da República com o PMDB no palanque, nem que pra isso o PT tenha de apoiar os candidatos peemedebistas nas campanhas estaduais.

A cúpula petista já conta como certa a vitória de José Eduardo Dutra em nível nacional. Ele é membro da corrente Construindo um Novo Brasil, a maior da legenda e a qual pertence o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro-chefe da Casa-Civil José Dirceu e o atual presidente da sigla, Ricardo Berzoini.

Confirmado seu favoritismo domingo, Dutra terá uma missão difícil ao longo do ano que vem: domar os presidentes estaduais e municipais que também vão se eleger hoje, mas que são contrários à aliança com o PMDB, o que pode azedar a campanha de Dilma nos Estados.

Em São Paulo, o único candidato favorável à aliança com o PMDB é o atual presidente estadual do partido – Edinho Silva –, que tenta se reeleger. Edinho, se vencer, terá a dura tarefa de emplacar a candidatura do deputado federal Ciro Gomes (CE), do aliado PSB, e ainda atrair o PMDB do ex-governador Orestes Quércia, que já declarou apoio ao PSDB em 2010. A missão é a menina dos olhos de Lula, que sonha em acabar com a hegemonia tucana em São Paulo e ainda tirar Ciro do caminho de Dilma no plano nacional.
Mas se Edinho não conseguir se reeleger, o projeto pode acabar soterrado porque seus três concorrentes defendem candidato próprio e não querem ver o PMDB nem pintado de vermelho. Um deles, Renato Simões, já afirmou que o PSB não pode "cumprir o papel de polarização com o PSDB", e o PT não pode "ficar a reboque de uma candidatura".

No Rio de Janeiro, a tarefa também não é fácil. O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, quer ser o candidato petista ao governo do Rio de Janeiro, e, para conseguir apoio, conta com três candidatos a presidente estadual do PT: Lourival Casula, Bismarck Alcântara e André Taffarel. O problema é que Lula quer a reeleição do atual governador, o peemedebista Sérgio Cabral, que promete devolver o favor trabalhando pela eleição de Dilma.

O único candidato que defende a mesma posição de Lula é justamente o favorito: o deputado federal Luís Sérgio, que critica Lindberg por não apoiar a aliança com o PMDB.

Em Minas Gerais, o homem de Lula é o candidato Gleber Naime, que, se eleito, vai trabalhar pela candidatura a governador do ministro peemedebista Hélio Costa (Comunicações), líder em pesquisas de intenção de voto para o governo. O calo pode ser o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que usa sua influência para reeleger Reginaldo Lopes na presidência do PT mineiro.

No Rio Grande do Sul, o favorito é o deputado estadual Raul Pont, aliado do ministro Tarso Genro (Justiça), virtual candidato do partido para o governo do Estado em 2010. Ele contraria os setores do PT que defendem a eleição do atual prefeito de Porto Alegre, o peemedebista José Fogaça.

As diferenças continuam em maior ou menor grau em outros Estados – como Paraná, Pernambuco e Maranhão –, reflexo das muitas e conflitantes correntes internas do PT. Os 1,5 milhão de petistas aptos a votar nas eleições deste domingo podem pavimentar o caminho de Dilma à Presidência da República em 2010 ou abrir uma crise institucional no partido, melando a candidatura da ministra e rachando o partido nos Estados.

http://noticias.r7.com/brasil/noticias/novos-dirigentes-do-pt-podem-fortalecer-ou-afundar-candidatura-dilma-20091122.html

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