Correio Braziliense
Os peemedebistas de Brasília não escondem a insatisfação com o anúncio feito pela executiva nacional do DEM de formação de chapa puro-sangue para 2010. Num almoço ontem, numa sala reservada do Hotel Lake Side, o assunto deu o tom da confraternização que contou com todos os parlamentares do partido e dos futuros candidatos nas próximas eleições. A palavra usada em uníssono para descrever o sentimento geral é “desconforto” diante da ocupação de espaço do DEM.
A princípio, o presidente da Novacap, Luiz Carlos Pietschmann, ofereceria a sua casa para o encontro do partido. Seria um local emblemático, já que ele personifica a aproximação entre o presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli, e o governador José Roberto Arruda (DEM), ocorrida há um ano. Como parte do entendimento, o secretário de Obras, Márcio Machado, abriu espaço em sua área de influência no setor de obras para abrigar uma diretoria na Novacap praticamente toda indicada por Filippelli. A segunda etapa do acordo incluía apoio do grupo de Arruda à candidatura de Filippelli ao Senado.
Durante o almoço, Pietschmann comunicou aos presentes que chegou a pensar em entregar o cargo no Governo do Distrito Federal. O gesto seria seguido pelos demais diretores que têm vínculo com Filippelli. Mas o próprio presidente do PMDB-DF não concordou com esse procedimento e recomendou que todos continuassem trabalhando e não entrassem em conflitos políticos. Os peemedebistas mantêm a confiança em Arruda. A maioria do partido já o apoiava desde 2006 e se sente contemplada na atual gestão. Nem mesmo Filippelli tem feito críticas ao governador. Pelo contrário. Ele tem elogiado a sua postura na condução das negociações com o PMDB.
O presidente do PMDB-DF, no entanto, deixa claro que há um constrangimento com a decisão do DEM. “O almoço teve muito mais caráter de confraternização do que de formalização de posicionamento político, mas reafirmamos com muita intensidade o reconhecimento do esforço que o governador Arruda tem feito na busca da manutenção da aliança da sua base de apoio”, disse Filippelli, que acrescentou: “Na mesma intensidade, há um desconforto ao imaginar que pode haver na base de apoio partidos de primeira classe e de segunda classe, o que neste caso refletiria de forma profunda nas próximas eleições botando em risco não só candidaturas majoritárias, como proporcionais de todos os demais partidos”.
Na semana passada, o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), anunciou que o acordo (1)entre Arruda e o vice-governador Paulo Octávio para 2010 está suspenso. A Paulo Octávio foi delegada a condução do processo e ficou acertado que a chapa vitoriosa em 2006, tendo Arruda como candidato ao governo e ele como vice, seria mantida. Como o DEM também tem nomes no páreo pelo Senado — o secretário de Transportes, Alberto Fraga, e o senador Adelmir Santana —, peemedebistas se sentiram excluídos.
"Salto alto"
A líder do governo, Eurides Brito (PMDB), avalia que o DEM precisa voltar a conversar com o PMDB. “Há uma unanimidade em relação ao governador Arruda, que tem sido muito correto com o nosso partido. Mas é evidente que o DEM precisa descer um pouco do salto alto. Eleição se ganha com coligação e não adesão”, disse Eurides. Para o presidente da Codeplan, Rogério Rosso, a antecipação do debate eleitoral é ruim para a negociação na base. “Nunca vi técnico escalar time um ano antes do campeonato. A antecipação do esquema tático é prejudicial ao time”, afirmou. Também participaram do almoço os distritais Benício Tavares e Rôney Nemer, a administradora de Brasília, Ivelise Longhi, o presidente do Instituto de Previdência, Odilon Aires, o subsecretário de Governo, Josafá Dantas, e o ex-distrital Pedro Passos.
Presidente regional do DEM, Paulo Octávio disse que o PMDB tem sido tratado como parceiro de primeiro time, já que há uma negociação em torno da candidatura de Filippelli ao Senado. “Temos um convite para ele ser o nosso primeiro senador. O convite foi feito por mim e pelo Arruda. Estamos conversando há algum tempo”, disse o vice-governador. Para Paulo Octávio, os peemedebistas já sabiam desde 2006 que pelo menos duas vagas na chapa majoritária seriam ocupadas pelo DEM, por conta do acordo fechado para a candidatura de Paulo Octávio ao governo. “Esse acordo foi, inclusive, endossado por importantes companheiros do PMDB”, reforçou o vice-governador.
Adiado para 2014
O acordo fechado entre os então pré-candidatos ao governo pelo PFL (hoje DEM) estabelecia que Paulo Octávio seria vice em 2006 e José Roberto Arruda seria o cabeça de chapa. Nas eleições seguintes, Paulo Octávio tinha a garantia de que seria o candidato ao governo e Arruda sairia para o Senado. Na semana passada, o atual vice-governador adiou o acordo para 2014.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/11/27/cidades,i=157354/PMDB+DO+DF+ESTA+INSATISFEITO+COM+CHAPA+PURA+DO+DEM.shtml
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