26 de nov. de 2009

Apoio a Dilma gera vaias em evento no Rio

Valmir Moratelli, iG Rio de Janeiro

Como tem acontecido em vários eventos da agenda oficial da Presidência da República, mais uma vez o nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi citado na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como candidata à sua sucessão, nas eleições de 2010.

Durante a entrega do prêmio Ordem do Mérito Cultural 2009, na noite de quarta-feira, no teatro Oi Casagrande, Leblon, na zona Sul do Rio, Lula e Dilma não discursaram para os mais de 800 convidados, entre artistas e celebridades, nem falaram com a imprensa. Entretanto, a ministra foi citada por algumas personalidades que subiram ao palco, ao agradecerem a menção honrosa, promovida pelo ministério da Cultura. Os discursos não agradaram a todos. Algumas vaias foram ouvidas ao longo da cerimônia, que se arrastou por mais de três horas.

O diretor teatral Aderbal Freire-Filho, representando todos os homenageados, 47 no total, fez um discurso caloroso. “Se eu posso pedir alguma coisa por estar tão perto de quem manda, então peço mais cultura. Vejo aqui a nossa futura presidenta, Dilma, e não tenho dúvidas de que o Brasil está bem representado. Todos aqui presentes se empenham em fazer um país melhor para todos”, disse o diretor, enquanto era vaiado por alguns presentes, por ter citado o nome da ministra.

Outro momento de constrangimento foi quando o cantor Gerson King Combo alterou alguns versos de sua música e, de improviso, também rasgou elogios à candidatura de Dilma. “Eu te amo, Lula. Eu te amo, Marley... Saber que nossa ministra vai chegar lá... Eu também te amo, brother”, cantou ele.

As palmas não foram suficientes para abafar mais vaias. O nome de Dilma foi citado mais uma vez, quando o filho e a neta da atriz Heleny Guariba, desaparecida durante a ditadura militar, foram chamados para representá-la. Heleny era ligada à organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). “É importante dizer que Dilma militou com Heleny”, lembrou o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vanucci.

Entre os convidados da plateia, vários artistas tentaram minimizar o tom político do evento. “Política e arte estão entrelaçados”, defendeu o compositor Jorge Mautner. “Cada um tem o direito de se expor”, disse Chico Anysio. “As vaias foram atitudes isoladas, de algumas pessoas. Eu não critico isso”, completou Deborah Colker.

Na abertura da cerimônia, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deu o tom da noite. “Há alguns meses fizemos uma mobilização no Palácio da Cidade com a classe artística, para montar uma mobilização pela cultura, a fim de pressionar os deputados a votarem os projetos de lei de interesse de todos. Mas não vim hoje pedir votos para ninguém, até porque está cheio de adversários aqui presentes”, disse ele, sentando-se em seguida ao lado de Dilma, Lula e do ministro da Cultura Juca Ferreira.

O governador Sérgio Cabral não compareceu e foi representado pelo vice, Luiz Fernando Pezão. No final da tarde, já circulava na imprensa a informação de que o presidente Lula teria dito ao governador do Rio, que vai suspender a votação do projeto de partilha do pré-sal enquanto não se resolver o impasse sobre a divisão dos royalties nas áreas já licitadas.

Quando começou a apresentação musical do grupo de afoxé Filhos de Gandhi, Lula ganhou de um dos integrantes um chapéu típico do bloco baiano. No mesmo instante, pôs na cabeça e fez a alegria dos fotógrafos.

Ao término da festividade, ao ser perguntada se ouviu as vaias do palco, de onde apresentou os prêmios ao lado de Sergio Mamberti, Fernanda Montenegro preferiu não polemizar. “Estou aqui desde as 13 horas, muito cansada. Não vou falar nada, foi uma festa linda”, disse, enquanto era levada de volta ao camarim, por assessores.

Lula e Dilma foram embora dez minutos antes do encerramento, quando Zeca Pagodinho foi chamado para fazer a última apresentação musical da noite. Juca Ferreira informou que o presidente não discursaria, porque estava atrasado para viajar a Manaus, no Amazonas. Está marcada para às 10h dessa quinta-feira a inauguração do Gasoduto Coari-Manaus, na Refinaria de Manaus. Dilma também estará presente.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2009/11/26/apoio+a+dilma+gera+vaias+em+evento+no+rio+9182843.html

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