O GLOBO - Flávio Freire
SÃO PAULO - Um dia depois de a pesquisa CNT/Sensus mostrar que as intenções de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), caíram de 39,5% para 31,8% , o tucano desqualificou o uso da política econômica do governo federal como carro-chefe para a campanha de sua eventual adversária, a ministra Dilma Rousseff (PT), à Presidência da República. Em entrevista de quase duas horas à rádio Jovem Pan, Serra disse não acreditar que a situação econômica do país ajudará a decidir o próximo presidente.
- A percepção de que a economia vai bem é um dado da realidade, mas não acredito que isso vai decidir ou deixar de decidir eleição. A população vai olhar para o candidato e querer saber quem é o mais preparado para governar. (O eleitor) não vai ficar olhando para trás - disse ele, emendando: - Em 2006, a economia não vinha bem e o Lula ganhou a eleição.
Para Serra, o eleitor estará atento ao currículo administrativo de cada candidato. O tucano arriscou uma metáfora ao comentar a relação entre economia e campanha eleitoral.
- Se a economia está em boas mãos seria como decidir sobre a substituição do motorista de um ônibus que está andando bem. O eleitor terá que decidir sobre quem está mais apto para continuar conduzindo o ônibus da melhor forma possível.
Governador diz que se for candidato, só se afastará em março ou abril
Lembrando a todo instante que só aparece como candidato porque as pesquisas o apontam como o mais cotado, Serra diz que apenas se afastará em março ou abril do ano que vem caso decida concorrer à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta terça-feira, seu adversário na disputa interna do partido, o governador de Minas, Aécio Neves, voltou a dizer que se o PSDB não definir até dezembro quem será o candidato tucano, ele sai da disputa e concorre ao Senado .
- Esse é um assunto (a eleição) que está sendo tratado como se já fosse acontecer amanhã. E quem tem responsabilidade como eu, no caso com o governo de São Paulo, prefere se concentrar no cumprimento dessas responsabilidades. O que não significa que não venha a ser candidato, nem que haja indecisão, nada disso. É só uma questão de tomar a decisão necessária no tempo adequado - disse ele.
Indagado se a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha tucana prejudicaria o candidato do partido, Serra lembrou das realizações no governo tucano. E amenizou a ascendência de um presidente sobre seu candidato. Quando perguntado se Lula transferiria votos para Dilma, foi direto:
- O Lula estava com um prestígio enorme, veio aqui (para São Paulo) apoiar a Marta (Suplicy, candidata a prefeita de São Paulo, em 2008) e o (Gilberto) Kassab (DEM) ganhou - disse ele, logo defendendo FH, que recentemente criticou duramente o governo Lula.
- O Fernando Henrique é o homem que armou o Real. Tem um passado importantíssimo. Ele dá sua opinião sobre o quadro político. Parece que só ex-presidentes que apóiam o governo podem falar. E quem apóia o governo Lula? Collor e Sarney. Quando o outro fala, não pode falar? O Fernando Henrique não pode falar? O contraditório é saudável.
Por fim, Serra criticou o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que recentemente trocou elogios com Aécio .
- Ele (Ciro) não vai fazer nada que o Lula não queira. Isso é jogo político e não tem consequência nenhuma.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/11/24/serra-diz-que-politica-economica-nao-vai-ajudar-ganhar-eleicao-em-2010-914905433.asp
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