19 de dez. de 2009

FHC: há um "sentimento nacional" a favor de chapa do PSDB

Terra

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que há um "sentimento nacional" a favor de uma chapa única composta pelo governador de São Paulo José Serra (PSDB) e o governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) para disputar a Presidência em 2010. Fernando Henrique também afirmou que pretende conversar com Aécio sobre a possibilidade de ser vice.

Fernando Henrique afirmou que não sabe se uma chapa com os dois governadores seria imbatível, mas considera Serra e Aécio candidatos "muito expressivos", em um cenário no qual a população brasileira acredita "mais em partidos do que em pessoas", segundo ele. Depois de desistir oficialmente da candidatura à Presidência da República, Aécio Neves é pressionado pelo partido para aceitar o vice na chapa de José Serra, que ainda não se declarou oficialmente candidato. De acordo com aliados, Aécio ainda pode buscar uma candidatura ao Senado para ser alternativa em 2014, se Serra perder a liderança nas pesquisas. FHC também valorizou o respeito entre Serra e Aécio quando da desistência do governador de Minas.

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4166735-EI7896,00-FHC+ha+um+sentimento+nacional+a+favor+de+chapa+do+PSDB.html

Anastasia, o principal beneficiário de Aécio

Enquanto não define o futuro, governador de Minas vitamina a candidatura de seu vice

Correio Braziliense - Thiago Herdy | Luiz Ribeiro

Anastasia quer fortalecer conexão com Aécio para ter chance em Minas
O anúncio da desistência da pré-candidatura do governador Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República tem um beneficiário direto, que a partir de hoje começará a colher os frutos da decisão: o vice-governador Antônio Augusto Anastasia, que poderá ter a candidatura ao governo do estado turbinada pela companhia de Aécio em suas viagens pelo estado. Ainda sem deixar claro se seguirá como candidato ao Senado ou se o projeto à Presidência está, de fato, sepultado, Aécio começa uma nova etapa de sua estratégia para 2010. Na companhia do vice-governador e aliado, inaugura hoje à tarde obras em municípios do norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha.

A escolha das cidades a serem visitadas tem relação direta com a decisão anunciada durante a semana: Aécio viaja a Setubinha, no Vale do Jequitinhonha, para celebrar a inauguração de 44 quilômetros de asfalto até Novo Cruzeiro, município marcado como ponto de partida de suas primeiras campanhas políticas, quando foi candidato a deputado federal. “Em Novo Cruzeiro tive logo na minha primeira eleição para deputado um apoio fundamental. A partir daqui, construí apoios em toda a região”, disse o governador em 2006, durante a inauguração de obras na cidade, naquele que ficou marcado como um dos primeiros atos da campanha à reeleição para o governo de Minas. A região também era o principal reduto político do pai do governador, o deputado Aécio Ferreira da Cunha.

Além de Setubinha, Aécio e Anastasia visitam ainda Bonito de Minas, no Norte de Minas, para inaugurar obras de asfaltamento e iluminação. Funcionários da prefeitura de Setubinha disseram que a visita havia sido inicialmente marcada para sexta-feira, no início desta semana, quando Aécio já realizava as primeiras costuras de seu anúncio. Mas, na quarta, às vésperas do pronunciamento de desistência à pré-candidatura à Presidência, a equipe do governador passou o evento para sábado. O prefeito de Bonito de Minas, Raimundo Viana (PR), disse aguardar o governador, sem acreditar no anúncio de quinta-feira. “Sabemos que foi ‘mineirice’. No fundo, foi um recuo temporário”, arriscou.

Ontem, Aécio se recusou pela segunda vez a responder perguntas da imprensa sobre qual será o seu destino político e o verdadeiro significado do anúncio de quinta. Durante a assinatura de um comunicado conjunto do governo de Minas e a empresa fabricante de aeronaves Helibras, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o governador falou sobre o assunto brevemente. “Tenho certeza de que (quando estiver) fora do nosso estado, no futuro, apenas Deus sabe o que o destino nos reserva.”

Prazo
No discurso, Aécio disse também que será governador apenas por mais três meses e alguns dias, em referência ao prazo de desincompatibilização do cargo para ser candidato em 2010, previsto pela legislação eleitoral. Logo depois do encontro, chamou um de seus principais aliados presentes no encontro, o presidente da Fiemg, Robson Andrade, para uma conversa privada em uma sala do palácio. Quinze minutos depois, Robson saiu sem saber dizer, ao certo, se o sonho de Aécio alcançar a Presidência está ou não sepultado.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/12/19/politica,i=161956/ANASTASIA+O+PRINCIPAL+BENEFICIARIO+DE+AECIO.shtml

Saída de Aécio anima petistas

Correio Braziliense - Tiago Pariz

A desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, da disputa presidencial abriu caminho para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), consolidar uma ampla aliança em torno de sua candidatura e reforçar a ideia da eleição plebiscitária, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o governador paulista José Serra (PSDB) como o titular da vaga oposicionista, PP, PR e PTB, por exemplo, veem poucos empecilhos para emprestar apoio à petista.

Seja por convicção ou a fim de aumentar o cacife na negociação com Dilma e Lula, esses três partidos flertavam com uma eventual candidatura do governador mineiro e colocavam obstáculos para declarar apoio a Dilma. Engrossavam a lista setores do PMDB, legenda da qual Aécio saiu antes de migrar ao ninho tucano. A discussão agora é sobre o ritmo e a fatura a ser apresentada nas negociações realizadas com o Palácio do Planalto.

Dentro de PR, PP e PTB, havia sentimentos ambíguos de comemoração e lamentação, apesar de muitos duvidarem da real capacidade do político mineiro de enfrentar a hegemonia paulista do PSDB. “A saída do Aécio abriu caminho para a vitória de Dilma”, disse o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA). Integrante da tropa de choque da ministra dentro da sigla, Negromonte elogiou a maior interlocução de Aécio com partidos da base aliada. “Dentro do Congresso, ele tem mais densidade que o Serra”, emendou. O PP realizou um levantamento interno sobre qual a opção para 2010. O resultado apontou uma clara tendência pró-Dilma, segundo o deputado.

Parlamentares afirmam que o governador de São Paulo está próximo de seu limite de intenção de votos e demonstram ceticismo com relação à transferência de eleitores entre os dois tucanos. “O Serra está batendo no teto nas pesquisas”, disse Negromonte. “Persiste a dúvida se os votos do Aécio vão migrar facilmente assim. É certo que não irão para a Dilma, mas também não sei se vão para o Serra”, emendou o deputado Lincoln Portela (PR-MG).

Contrapartida
O PR, que também usava o argumento da proximidade com o governador de Minas Gerais para se cacifar nas negociações com o PT, disse estar aberta a porta ao entendimento. “Facilita o acordo com a Dilma, não para uma coligação, mas para um apoiamento”, afirmou Portela. O comentário é um recado aos petistas que acham que as alianças serão naturais. Sob o argumento de que não se pode prejudicar a estratégia de eleger mais deputados e senadores em 2010, o PR (ex-PL) pretende impor todas as dificuldades possíveis para fechar um acordo formal com o PT, nos termos da “minuta de contrato” assinada com o PMDB.

“Uma coligação é suicídio. Não podemos perder autonomia nos estados”, disse Portela. Apesar da redução dos obstáculos à aliança com o PT, esses partidos descartam antecipar a decisão que será tomada em meados do primeiro semestre do ano que vem. “Já estamos no fim do ano, fevereiro é carnaval. Não se decide nada antes do carnaval”, afirmou Negromonte. A saída de cena de Aécio também aproxima o PSB de Dilma. Nos discursos públicos, o deputado Ciro Gomes (CE), presidenciável socialista, afirmou várias vezes que apoiaria o governador mineiro caso fosse candidato. Agora, restam duas opções: a candidatura própria ou a adesão a Dilma.

Divisões internas
Protagonista do escândalo do mensalão, detonado pelo presidente do partido, Roberto Jefferson (RJ), o PTB vive uma disputa interna entre o senador Gim Argello (PTB-DF) e o deputado estadual paulista Campos Machado sobre qual caminho trilhar em 2010: apoio ao PSDB ou ao PT. Integrante da base aliada de Serra na Assembleia Legislativa, Machado propôs ao senador, aliado da ministra Dilma Rousseff, um termo de conduta de pacificação da legenda: baixar as armas e levar a discussão para a executiva nacional, com a promessa de que o lado perdedor apoiará o vencedor.

“Vou conversar com ele para ver as regras, mas a ideia é ir para uma disputa interna. Tenho certeza de que ganho. Fazemos uma campanha interna e levo até a Dilma para conversar com o partido”, disse o senador, segundo quem 15 dos 27 diretórios estaduais apoiam a tese pró-PT. Por trás da disputa, está o controle do partido. A parte vencedora não só terá a primazia das negociações com o candidato preferido como ganhará força para desbancar a influência do deputado cassado Roberto Jefferson.

No caso do PDT, o debate está mais consolidado. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, sempre defendeu o acordo com Dilma, ao mesmo tempo em que flertava com Aécio Neves. Com o governador mineiro fora do páreo, Lupi ganhou força para impor o caminho que escolher dentro do partido. O ministro atua em linha com o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical. Os dois tentam sufocar vozes dissonantes que pregam uma candidatura própria ou conversas com o pré-candidato do PSB, deputado Ciro Gomes.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/12/19/politica,i=161959/SAIDA+DE+AECIO+ANIMA+PETISTAS.shtml

Desistência de Aécio não afeta planos do PV, diz Marina

CARLA ARAÚJO - Agencia Estado

SÃO PAULO - A senadora e pré-candidata do PV à Presidência da República Marina Silva (AC) afirmou hoje que a desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), à corrida sucessória presidencial de 2010 era esperada e poderá gerar alguma repercussão nas outras candidaturas. Entretanto, fez questão de ressaltar que apesar dos eventuais impactos, a decisão do tucano "não é determinante para os trabalhos do PV".

Ao participar, hoje na Capital, da convenção nacional de sua legenda, Marina disse que as preocupações no PV estão centradas neste momento na formulação de seu programa de governo. Em entrevista, ela classificou de ''dolorosa'' a decisão de sair do Partido dos Trabalhadores, mas destacou que agora está focada na construção de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Segundo ela, o atual momento político é muito favorável à preservação de conquistas e avanço nas mudanças.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que também participou da convenção, disse que sua legenda vai enfrentar uma campanha política de grande dimensão. "Sabemos que os adversários são difíceis, pois são candidaturas fabricadas a um preço muito alto", alfinetou, sem, contudo, citar nomes.

Depois da convenção, Marina Silva e correligionários da legenda seguiram em direção ao Monumento das Bandeiras, no Ibirapuera, onde participaram de um abraço coletivo contra o aquecimento global e em defesa da construção de um futuro melhor e de um Brasil sustentável. A previsão da Polícia Militar é que 1,7 mil pessoas participaram desse ato.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,desistencia-de-aecio-nao-afeta-planos-do-pv-diz-marina,484759,0.htm

Marina Silva critica participação de Dilma na COP-15

CARLA ARAÚJO - Agencia Estado

SÃO PAULO - A senadora e pré-candidata do PV à Presidência da República Marina Silva (AC) classificou hoje de contraditória a participação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, potencial candidata do PT às eleições presidenciais de 2010, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague. A senadora referiu-se ao fato de o Brasil não ter se comprometido com o aporte de recursos para o fundo global de combate às mudanças climáticas e com a declaração de Dilma, chefe da delegação brasileira neste fórum, de que a contribuição de US$ 1 bilhão que o Brasil poderia dar não fazia "nem cosquinha".

Para Marina, independentemente do valor, a iniciativa brasileira serviria como exemplo ético para os países desenvolvidos reunidos na Conferência do clima. E lamentou: "Nunca vi uma situação tão desamparadora, os homens mais poderosos do planeta sem uma solução." A senadora fez, ainda, questão de lembrar: "Um País (Brasil) que empresta US$ 10 bilhões ao FMI e o BNDES que empresta R$ 3 bilhões para a pecuária insustentável (frigoríficos) tem condições sim de emprestar recursos para um fundo global de combate às mudanças climáticas."

A proposta de destinar US$ 1 bilhão para este fundo global foi defendida por Marina e pelo governador José Serra (PSDB-SP), virtual candidato do PSDB à sucessão de Lula no ano que vem e que também participou das discussões da COP-15. Ao ser indagada se a participação dos presidenciáveis do PV, PT e PSDB neste fórum poderia fortalecer alguma dessas candidaturas, Marina alfinetou: "Ninguém fica fortalecido com o resultado pífio de Copenhague, era melhor ganhar no atacado e não no varejo."

Para a senadora do PV, apesar de o Brasil ter levado uma proposta generosa, "infelizmente não foi capaz de se comprometer com as metas necessárias". E lamentou que a conferência tenha terminado "sem um acordo à altura do planeta". Apesar das críticas, Marina considerou positiva a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste fórum. Marina deu essas declarações após participar de convenção nacional de sua legenda na Capital.

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,marina-silva-critica-participacao-de-dilma-na-cop-15,484756,0.htm

Serra lidera com 37% e Dilma se consolida em segundo com 23%, diz Datafolha

da Folha Online

Pesquisa Datafolha mostra que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lidera a corrida pela sucessão presidencial de 2010 e que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) se consolidou no segundo lugar, informa reportagem publicada na Folha deste domingo.

Serra está em primeiro com 37% das intenções de voto. Dilma está com 23%, seguida do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), com 13%, e da senadora Marina Silva (PV-AC), com 8%. Os votos branco ou nulo somam 9% e os indecisos, 10%.

No cenário sem o nome de Ciro, Serra vai a 40% e Dilma, 26%. Marina Silva atingiria 11%.

O Datafolha ouviu 11.429 pessoas em todo o país entre os dias 14 a 18 deste mês. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Na última pesquisa do Datafolha realizada em agosto, Serra liderava com 36%, Dilma tinha 17%, Ciro estava com 14% e Marina com 3%. Na ocasião, a pesquisa mostrava a ex-senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) com 12%, mas ela desistiu de concorrer à Presidência para disputar o Senado.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u669124.shtml

Aécio descarta ser vice de Serra em disputa do PSDB pela Presidência

da Folha Online

Após anunciar sua desistência em disputar a sucessão presidencial no próximo ano, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), descartou qualquer possibilidade em integrar uma chapa "puro sangue" com o colega de legenda e governador paulista José Serra.

"Sobre essa questão específica, a minha resposta é muito simples: eu sequer cogito essa hipótese", afirmou o tucano em evento na cidade de Bonito de Minas (MG), ao ser questionado sobre a possibilidade.

Com a retirada do nome de Aécio, o caminho à sucessão de Lula fica aberto no PSDB para a candidatura de Serra. Os dois disputavam a indicação do partido.

Questionado se Serra poderá contar com seu empenho em elegê-lo no colégio eleitoral mineiro, Aécio afirmou que será "mais um soldado, dentre tantos", mas disse que o candidato tucano contará com sua "lealdade".

"Eu estarei sempre ao lado dos meus companheiros. Quando o partido definir o seu candidato, eu serei aqui mais um soldado, dentre tantos. [...] Mas em Minas Gerais, o candidato do PSDB terá um palanque extremamente forte, o mais forte do Estado e terá, como sempre tiveram, a minha lealdade e o meu empenho", afirmou.

Em Recife, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse nesta sexta-feira (18) achar "extremamente difícil" a construção de uma chapa puro-sangue encabeçada pelos governadores de São Paulo e de Minas. "Prefiro não trabalhar com essa hipótese", afirmou o líder tucano.

Aécio, que mais provavelmente se lançará ao Senado no ano que vem, vê como prioridade eleger seu sucessor em Minas, já que exerce seu segundo mandado. O candidato deve ser o atual vice-governador do Estado, Antonio Anastasia (PSDB).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u669135.shtml

Valdo Cruz: Aécio foi apenas um escudo para Serra

da Folha Online

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), apesar de ainda evitar assumir oficialmente sua candidatura à Presidência em 2010, tem nas mãos toda a responsabilidade pelo destino do partido no próximo ano, segundo o repórter especial da Folha e colunista da Folha Online, Valdo Cruz.

O colunista ressalta que Aécio Neves dificilmente será vice de Serra. "Dizem que Serra pode dar a Aécio, como vice, um papel de destaque no governo, mas só acredita nisso quem não conhece o governador paulista."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/podcasts/ult10065u668879.shtml

Após desistência, Aécio começa campanha pela candidatura do vice em MG

BRENO COSTA
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Depois de desistir de sua pré-candidatura à Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), começa hoje a colocar em prática a sua prioridade zero no momento: fazer do seu vice, o também tucano Antônio Anastasia, seu sucessor.

Menos de 48 horas após anunciar oficialmente sua desistência da disputa dentro do PSDB com o governador de São Paulo, José Serra, o mineiro leva Anastasia a tira colo a dois municípios nos rincões de Minas para inaugurar obras de pavimentação asfáltica.

A primeira parada é em Bonito de Minas, na região norte do Estado, a 650 km de Belo Horizonte. À tarde, seguem para Setubinha, a 500 km de BH, no Vale do Mucuri, uma das regiões mais pobres de Minas.

Tucanos aecistas afirmam que há uma dose de simbolismo proposital na viagem. Serve para marcar posição em relação aos próximos passos de Aécio no tabuleiro político: privilegiar os rumos da sua própria sucessão no Estado.

O significado da viagem de Aécio fica evidenciado pelo fato de que é a primeira vez em 2009 que Aécio vai ao interior de Minas inaugurar obras bancadas pelo governo. Quem vinha fazendo essa função, solitariamente, era Anastasia.

Segundo aliados do governador, a ideia é que essas viagens em dupla ao interior ocorram pelo menos duas vezes por semana, pelo menos nesse início de esforço mais intensivo.

Anastasia, segundo a última pesquisa Datafolha sobre a sucessão em Minas Gerais, realizada em abril, não tinha mais do que 5% das intenções de voto. Se confirmado candidato ao cargo de Aécio, o professor licenciado da Universidade Federal de Minas Gerais participará de sua primeira eleição.

PMDB

A confiança que Aécio compartilha com seus interlocutores se expressa até no grau de preocupação do PSDB em atrair o PMDB para uma aliança em MG. O ministro Hélio Costa (Comunicações), pré-candidato do partido à sucessão de Aécio, lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.

De acordo com aecistas, existe uma confiança de que Aécio pode fazer Anastasia vitorioso em outubro de 2010 mesmo sem o apoio do PMDB.

O PSDB mineiro encontra-se em "estado de espera" em relação ao PMDB, sem tomar uma atitude pró-ativa de negociação com o partido, apesar de o grupo peemedebista mais simpático a Aécio ter vencido a disputa interna no PMDB-MG no último domingo.

Essa inclinação é recíproca. Ontem, Antônio Andrade, novo presidente do PMDB mineiro, almoçou com Reginaldo Lopes, presidente do PT-MG, num "encontro amigável".

Os dois representam grupos praticamente inconciliáveis para a formação de chapa única para a sucessão de Aécio, e já começam a articular acordos de apoio mútuo em eventual segundo turno. "Se formos convidados a ter uma conversa com o PSDB, nós vamos conversar", disse Andrade.

Da mesma forma, aecistas dizem que vão esperar a conclusão das conversas entre PT e PMDB para agirem. Os tucanos também dão como certa a vitória do vice-presidente José Alencar (PR) para a segunda vaga ao Senado (a primeira seria de Aécio), o que limita ainda mais as ofertas para que Hélio Costa una-se ao projeto Aécio.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668874.shtml

Chapa pura é "extremamente difícil", diz presidente do PSDB

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse ontem em Recife que acha "extremamente difícil" a construção de uma chapa puro-sangue encabeçada pelos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) para a disputa da Presidência em 2010.

"Prefiro não trabalhar com essa hipótese", afirmou o líder tucano, sugerindo que Aécio deverá mesmo buscar uma vaga no Senado.

Para Guerra, o DEM é o "aliado preferencial" para compor a chapa presidencial, apesar do envolvimento de integrantes do partido nas denúncias de corrupção no Distrito Federal.

"Não há nenhuma hipótese de o DEM não estar conosco nessa construção solidária", declarou o senador. "Os nossos problemas afetam o DEM, assim como os do DEM afetam a nossa vida", disse.

O DEM, que cogitava indicar o governador do DF, José Roberto Arruda (sem partido), para vice na chapa de Serra, avalia agora outros nomes, entre eles os dos senadores José Agripino Maia (RN) e Kátia Abreu (TO) e o do deputado federal José Carlos Aleluia (BA).

Para Guerra, não há motivo de pressa nas indicações. A decisão de Aécio, afirmou, em nada modificou a posição já tomada pelos tucanos. "Diante desse fato novo, o que Serra vai fazer é governar São Paulo e ajudar o PSDB a vencer", declarou.

A cúpula tucana avalia que não é hora de mudar estratégias. Mesmo sem anunciar que é candidato, Serra é lembrado como tal pelos eleitores e continua liderando as pesquisas de intenção de votos no país.

Parabólicas

Nas regiões Norte e Nordeste, onde o PSDB encontra maior resistência, a sigla conta com a ajuda das antenas parabólicas de TV, comuns no interior dos Estados. Direcionadas aos satélites, muitas delas captam imagens geradas em São Paulo, o que inclui as propagandas do governo Serra.

Segundo Guerra, as novas estratégias para 2010 começarão a ser discutidas em janeiro. A primeira reunião da executiva nacional do partido foi marcada justamente para Belo Horizonte, para demonstrar apoio ao governador mineiro.

"Ninguém preparou a saída de Aécio, nem ele próprio", disse o presidente do PSDB, negando divisões internas no partido. "Todos nós sabíamos, e o partido de maneira especial, que o tempo dele terminava no final de ano. Foi o que ele fez, não nos surpreendeu."

Sobre o impacto da decisão de Aécio nos possíveis adversários, Guerra descartou a candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668987.shtml

Cúpula tucana dá início à campanha de Serra

CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

O comando do PSDB deu ontem a largada na campanha do governador de São Paulo, José Serra, à Presidência. Enquanto Serra negava ser alvo de pressão e insistia que sua "prioridade é governar" o Estado, tucanos e democratas disparavam telefonemas para que fosse deflagrada a candidatura.

Com o anúncio da desistência do governador de Minas, Aécio Neves, tucanos diziam-se confortáveis para lançar o nome de Serra. No partido, a avaliação é que --ainda que negue a candidatura-- ele estará liberado para patrocinar a montagem de palanques nos Estados.

No DEM, a ordem também é a de investir no nome do governador paulista. "Agora, é hora de trabalhar a candidatura", disse o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (RJ).

Na quinta, horas depois de anunciada a desistência de Aécio, Rosalba Ciarlini, senadora e candidata do DEM ao governo do Rio Grande do Norte, defendia a candidatura de Serra. Na Bahia, o senador Paulo Souto seguirá a mesma orientação.

Para um aliado próximo de Serra, é hora de garantir as condições para que o governador possa concorrer à Presidência.
Sob o comando do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), tucanos vão martelar o nome de Serra, que, por sua vez, chamará o debate de prematuro. "Se a própria Dilma não se lançou candidata, por que eu tenho que me lançar?", alegou Serra em recente conversa.

Afastado o risco de disputa interna, Guerra dizia ontem a interlocutores que, com a saída de Aécio, a data para o anúncio de Serra "torna-se irrelevante".

"Não é problema de definição ou não definição. Estou concentrado no governo de São Paulo e o partido oportunamente decidirá. Não vamos ficar especulando sobre datas que vão ficar consumindo as entrevistas", disse Serra, no lançamento de um convênio para tratamento de dependentes químicos em Itapira (SP).

Embora negue qualquer pressão --"não me sinto pressionado"--, ele ameaçou suspender a entrevista porque o assunto foi abordado já na primeira pergunta.

"Se é só isso então...", reagiu, virando as costas aos jornalistas. "Ninguém quer saber disso? Eu vim falar disso", afirmou, exibindo uma lista de ações do governo para tratamento de dependentes.

"Não vou comentar todos os dias a esse respeito [da candidatura]", disse, mais tarde.

Ele reafirmou que cabe ao PSDB decidir o momento de escolha, mas, ao responder se estaria subordinado ao partido, explicou: "O partido, a seu tempo, tomará a decisão naturalmente, ouvindo todo mundo, inclusive os que estariam mais diretamente envolvidos".

De volta a São Paulo, afirmou a interlocutores que achava o noticiário sobre a desistência de Aécio "over" [exagerado] e apostou num arrefecimento da pressão para que anuncie.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668984.shtml

Ministro Paulo Bernardo diz que Serra permanece "submerso"

DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba

O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) disse ontem que a desistência da corrida presidencial anunciada pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), mostrou que o mineiro decidiu partir para a "ofensiva" e, com isso, deixou "submerso" o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

"Acho que é uma questão de tática. O Aécio foi para a ofensiva e o Serra continua submerso lá em São Paulo", disse Bernardo, em referência à relutância do governador paulista em confirmar já seu nome para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em ocasiões anteriores, Serra disse que deverá anunciar sua decisão perto do final de março, período de desincompatibilização de cargos públicos para quem vai disputar eleições no ano que vem.

Segundo Bernardo, o ato de Aécio foi visto com "prudência" pelos governistas. Em tom de brincadeira, o ministro disse que na política é preciso "ficar de olho nesses mineiros". "Eles são mais espertos que os paranaenses e os paulistas", disse.

Para Bernardo, o candidato governista "não deve escolher adversário", mas afirmou que a desistência do mineiro "tem um grande impacto [no PSDB e na corrida presidencial]".

"O Aécio tem uma aprovação enorme em Minas, o segundo Estado em eleitores. De certa forma coloca o Serra em xeque", disse o ministro.

"Pode ser que o Aécio esteja fazendo um movimento para pressionar mais o Serra e resolver isso de outra forma depois", disse. "Pode ser até uma união dos dois, com o Aécio na vice."

O ministro do Planejamento disse ainda que Aécio já foi visto como o adversário mais difícil de ser derrotado, mas afirmou que Serra deve prevalecer diante das pesquisas.

"Tem muita gente que achava [na ala governista] que o Aécio pode ser pior porque ele pode atrair mais aliança. Mas eu acho que os fatos são: o Serra é mais bem colocado na pesquisa, se você olhar os números."

O ministro participou ontem de reunião com o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), sobre projeto de construção do metrô da cidade.

Richa disse que a saída de Aécio o "pegou de surpresa". "Temos que estudar o que houve. O Aécio é peça chave para o projeto tucano do ano que vem."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668867.shtml

Serra corre atrás de Aécio

Aécio Neves inverteu o jogo: Serra tinha o controle do 'timing' e da estratégia do PSDB na disputa à Presidência da República, com Aécio prontinho para sair da reserva e entrar em campo. Agora, Aécio comunica publicamente que está fora, deixa de ser refém dos interesses de Serra e transforma o próprio Serra, de alguma forma, em seu refém.

Ao tirar a camisa de candidato, Aécio deixou o PSDB e principalmente o próprio Serra sem alternativa: até ontem, o governador de São Paulo podia ou não ser candidato, ao sabor das pesquisas, do crescimento ou não de Dilma Rousseff; a partir de ontem, tem de ser candidato, querendo ou não.

Por ironia, quem definiu o "timing" da oposição e do próprio Serra foi Aécio, que vai passar uns tempos recolhido a Minas, aguardando uma procissão de pedintes do PSDB, do DEM e do PPS para que aceite ser vice de Serra. Enquanto isso, Serra vai ter de fazer o que não queria de jeito nenhum agora: parecer, e não apenas ser, candidato.

Isso significa que vai ser compelido a ficar cara a cara com Lula e sua alta popularidade, a entrar antes do tempo no jogo plebiscitário Lula X FHC e ao mesmo tempo coordenar a discussão sobre quem, afinal, será o vice na sua chapa.

Dez entre dez oposicionistas sabem que a união São Paulo-Minas seria fortíssima em 2010, como, de resto, em qualquer eleição nacional, de qualquer tempo. Ainda mais se os dois governadores, como são Serra e Aécio, têm alta aprovação popular. Mas falta combinar com o adversário: o próprio Aécio.

Com ele na chapa, a oposição respiraria aliviada e o Planalto estremeceria. Sem ele, vai ser uma busca infernal. Outro mineiro? O ex-presidente Itamar Franco, por exemplo?

Aécio está com a faca e o queijo na mão. Serra considerava conveniente tê-lo na disputa à Presidência, para adiar o jogo, dividir os holofotes e críticas e esperar para ver. Logo vai descobrir o quanto é fundamental tê-lo de fato, de direito e de coração na campanha tucana. Se é que já não está careca de saber.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u668504.shtml

'Minha prioridade é governar', insiste Serra

SILVIA AMORIM - Agencia Estado

ITAPIRA - As previsões feitas por aliados sobre a postura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), diante da desistência de Aécio Neves de disputar a Presidência se confirmaram ontem. Em sua primeira aparição pública após a reviravolta no tucanato, Serra disse que não se sente pressionado para acelerar uma definição sobre candidatura e que caberá ao partido escolher o momento oportuno para apresentar seu candidato ao Palácio do Planalto em 2010. "Eu estou no governo de São Paulo, minha prioridade é governar São Paulo. Decisões a respeito de candidatura serão tomadas oportunamente pelo partido, mas eu vou continuar concentrado no meu trabalho", afirmou, repetindo um discurso que vem fazendo desde o início deste ano.

Perguntado se estaria transferindo para o PSDB a definição de uma data para o anúncio da candidatura dele, Serra explicou-se: "O partido ao seu tempo vai tomar uma decisão, naturalmente ouvindo todo mundo, inclusive aqueles diretamente envolvidos", comentou, rindo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,minha-prioridade-e-governar-insiste-serra,484701,0.htm

18 de dez. de 2009

Sem futuro definido, Aécio diz que só Deus sabe de seu destino político

da Folha Online

Um dia depois de anunciar sua desistência em disputar a Presidência da República pelo PSDB em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), evitou comentar o assunto hoje. Aécio disputava a indicação para a cabeça de chapa tucana com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

"Apenas Deus sabe o que o destino nos reserva", afirmou ele durante discurso na solenidade para divulgar a ampliação da Helibras, em Itajubá (MG).

Na carta em que anunciou sua decisão ontem, Aécio deixou em aberto seu futuro político. "Ao deixar a condição de pré-candidato à Presidência da República, permito-me novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro."

"Independentemente de nova missão política que porventura possa vir a receber, continuarei trabalhando para ser merecedor da confiança e das melhores esperanças dos que partilharam conosco, neste período, uma nova visão sobre o Brasil", disse ele ontem.

Inicialmente, Aécio já sinalizou que pretende disputar o Senado e trabalhar pela eleição de seu vice, Antonio Anastasia, pré-candidato ao governo. Mas tucanos dizem que Aécio deixou a porta aberta para ser vice de Serra na chapa presidencial.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668632.shtml

PT vê Aécio desmotivado para apoiar Serra em 2010

FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
MALU DELGADO
da Folha de S.Paulo

A cúpula do PT diz que, nas entrelinhas do anúncio de Aécio Neves, há sinais de que o mineiro entrará de forma morna numa campanha do governador de SP, José Serra, à Presidência. Além de não surpreender o comando petista, a decisão de Aécio dá fôlego ao PT para levar adiante o tom plebiscitário que pretende dar à sucessão, comparando as gestões de Lula com as de FHC.

Um integrante da direção do partido afirmou que "chamou muito a atenção" o fato de o nome de Serra não ter sido citado no comunicado. O governador mineiro agradece só ao presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e ao partido de maneira geral.

"Minas sai magoada nesse processo de disputa do PSDB", avaliou outro dirigente petista que não crê num engajamento de Aécio na campanha de Serra.

"O Aécio percebeu que quem controla o PSDB são os paulistas e quis dar um presente de Natal ao Serra", afirmou o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra.

Ex-prefeito de Belo Horizonte e petista próximo de Aécio, Fernando Pimentel disse que os termos da carta "certamente foram bem pensados" pelo governador mineiro.

"Em Minas, nada é sem motivo", declara Pimentel, pré-candidato a governador. Segundo ele, Aécio quis dar uma resposta ao PSDB em vez de "protelar uma decisão inevitável".

O PT torce para que Aécio se mantenha firme na decisão de não sair como vice na chapa de Serra. A leitura feita pelo partido da carta de Aécio é que, ao prometer refletir "ao lado dos mineiros", o governador se mostra decidido a disputar uma vaga ao Senado.

Para os petistas, a decisão de Aécio forçará partidos da base, como PP, parte do PMDB e do PSB --até então divididos entre o apoio a Dilma Rousseff ou ao mineiro--, a selar a aliança com a ministra da Casa Civil. "A decisão facilita a consolidação das nossas alianças", afirmou o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668453.shtml

Planalto classifica desistência de Aécio como "boa notícia", mas não definitiva

da Folha Online

O Palácio do Planalto tentou caracterizar o anúncio da desistência do governador Aécio Neves de disputar a Presidência da República em 2010 como uma "boa notícia", embora "não definitiva", informa reportagem de Valdo Cruz, publicada nesta sexta-feira pela Folha (íntegra disponível somente para assinantes do jornal ou do UOL).

Segundo a reportagem, como vinham fazendo ao longo dos últimos meses, assessores de Lula disseram ontem preferir José Serra como adversário na disputa da sucessão presidencial. Eles afirmaram que Aécio, apesar de estar atrás nas pesquisas, teria mais potencial para crescer, além de supostamente contar com maior simpatia do empresariado.

A Folha informa que, em conversas reservadas, que eram interpretadas pelos serristas como um blefe, Lula costumava dizer que Aécio seria um oponente mais difícil que Serra para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Lula dizia que Aécio é simpático e tem jogo de cintura, características ausentes no perfil de Dilma.

Com Serra, a vantagem tucana desapareceria. O governador paulista, segundo o Planalto, tem imagem semelhante à de Dilma, de antipático e pouco agregador.

Assessores de Lula não quiseram dar como certa a candidatura de Serra e dizem ainda trabalhar com a hipótese de recuo do paulista, caso Dilma suba nas pesquisas e a economia registre forte crescimento no início de 2010. Nesse caso, o governo Lula se divide quanto ao futuro de Aécio.

Ontem, ao anunciar sua desistência, o governador de Minas criticou a não realização das prévias para escolha do candidato do PSDB à Presidência.

"Defendi as prévias como importante processo de revitalização da nossa prática política. Não as realizamos, como propus, seja por dificuldades operacionais de um partido de dimensão nacional, seja pela legítima opção da direção partidária pela busca de outras formas de decisão."

O tucano ainda alertou para o perigo da eleição plebiscitária, defendida pelo PT, e criticou a estratégia petista de mostrar o país dividido entre ricos e pobres no último programa eleitoral veiculado em cadeia de TV.

"Devemos estar preparados para responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o país ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres. Nossa tarefa não é dividir, é aproximar. E só aproximaremos os brasileiros uns dos outros através da diminuição das diferenças que nos separam."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668433.shtml

Serra tentou empurrar decisão de Aécio para fevereiro

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), tentou adiar a decisão do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), na conversa que tiveram, por telefone. Serra queria empurrar a decisão para fevereiro, apurou a Folha com aliados do governador mineiro.

Com a saída de Aécio do cenário nacional, Serra agora está mais exposto. É isso o que ele quis evitar ao tentar manter o mineiro pré-candidato a presidente ao menos mais dois meses. O paulista vinha insistindo que só a partir de março trataria dessa questão eleitoral.

A decisão de Aécio, porém, já estava tomada e ele agora passa a ser candidato ao Senado. Nem mesmo as pressões para que o mineiro seja vice de Serra estão sendo consideradas. Ninguém no PSDB de Minas trabalha com a possibilidade de haver a chapa "puro sangue", como vem sendo tratada.

Questionado sobre essa possibilidade, o presidente do PSDB-MG, deputado federal Narcio Rodrigues, disse à reportagem: "O lugar que permite ao Aécio exercitar a sua liderança nacional é o Senado".

Em outras palavras, se aceitasse ser vice de Serra, Aécio ficaria amarrado politicamente, no entendimento do seu grupo. Narcio disse que a própria decisão de Aécio de anunciar a sua saída do processo interno de escolha do PSDB mostra essa independência.

"Foi uma visão estratégica. Se o Aécio tivesse que ser candidato, teria que ter tempo para construir aliança. Tentamos mostrar que ele é o perfil que mais aglutina, mas isso não sensibilizou o partido. Ele não vai ficar a reboque de uma indecisão partidária, de uma postura do Serra", afirmou.

Narcio disse que os tucanos mineiros consideram correta a posição de Serra --que, por ter "alta visibilidade" no cenário nacional, não precisa decidir nada agora, ao contrário.

Secretário-geral do partido, o deputado estadual Lafayete Andrada disse que a decisão precisava ser tomada pela necessidade de uma construção político-eleitoral em Minas. "Essa decisão tem o sentido da unidade, mas nós [de Minas] ficamos livres para acertar as coisas por aqui", disse.

O deputado federal Ciro Gomes (PSB) e o ministro Carlos Lupi (PDT) estão entre os políticos de fora do ninho tucano a quem Aécio comunicou antecipadamente a sua decisão. Lupi foi informado pessoalmente, pois estava em Belo Horizonte.

Antes de Aécio fazer seu pronunciamento, o ministro havia dito que, se o mineiro fosse candidato do PSDB, o PDT poderia rever sua posição e apoiá-lo. Com Serra, disse Lupi, o PDT vai apoiar a virtual candidatura de Dilma Rousseff (PT).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668267.shtml

Hipótese de Aécio ser vice tucano preocupa Planalto

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - O comando da campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem uma preocupação à vista: faz figa para que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), não ocupe a vaga de vice na chapa de seu colega José Serra na corrida de 2010. Na avaliação reservada dos petistas, uma composição unindo São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do País, seria perigosa.

Em público, no entanto, todos negam esse receio. "Nós não tememos nem chapa puro-sangue nem sanduíche", disse o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). "Temos um governo a apresentar. É só comparar as administrações do PT e do PSDB."

O discurso do petismo para consumo externo é de que os tucanos estão "perdidos" e em situação "muito difícil". Embora o diagnóstico também seja feito em privado, o quartel-general da campanha de Dilma avalia que a imagem da ministra, desconhecida do grande público, ainda precisa ser muito aprimorada.

O Planalto já esperava a desistência de Aécio desde a semana passada, quando tucanos comentavam o assunto sem cerimônia nos corredores do Congresso. "Era uma novidade esperada. Só não sabíamos a data", disse Mercadante. O que os dirigentes do PT ainda não descobriram é se o governador mineiro cederá ou não à pressão de parte do tucanato para fazer dobradinha com Serra. As informações são do jornal O Estado de São Paulo,

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,hipotese-de-aecio-ser-vice-tucano-preocupa-planalto,484281,0.htm

Dilma ampliará agenda em SP para polarizar com Serra

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Diante da desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), de tentar se viabilizar como candidato à Presidência em 2010, o PT vai se lançar o quanto antes em um plano para intensificar a polarização com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Apesar de afirmar que já trabalhava com a certeza de que o paulista seria o candidato tucano ao Palácio do Planalto, o comando partidário esperava só para janeiro o anúncio de que Aécio está fora do páreo.

Agora, avaliam petistas, será mais fácil trabalhar para viabilizar uma eleição plebiscitária entre Serra e a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, modelo sonhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a corrida de 2010. Em conjunto com o Planalto, o PT já havia começado a desenhar uma agenda intensa para Dilma em São Paulo, prevista para ter início na segunda quinzena de janeiro. O objetivo é trazê-la para o maior número possível de eventos no Estado comandado pelo tucano, de preferência na companhia de Lula.

"Nós já trabalhávamos com a tese de que a candidatura de Serra era a mais provável. Só houve surpresa em relação ao momento em que isso ocorreu", afirmou o ex-senador José Eduardo Dutra, eleito para presidir o PT a partir de 2010. "De qualquer forma, isso dá mais clareza ao cenário", emendou. Líder do PT na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (SP) engrossou o coro: "Não houve surpresa. Ainda assim, não cabe a nós discutir a luta interna de um partido de oposição."

A presença mais intensa de Dilma em São Paulo coroa uma estratégia que já vem sendo aplicada pelo PT desde o início deste ano, com o objetivo de neutralizar o domínio tucano no Estado. O PSDB comanda o Palácio dos Bandeirantes desde 1995 e o PT tem consciência da dificuldade de concorrer em território paulista, onde até Lula acumula derrotas nas urnas.

Caravanas

Num esforço para reduzir a desvantagem, o PT passou todo o primeiro semestre deste ano investindo em caravanas pelo interior paulista. Os principais líderes da legenda foram escalados para promover o nome de Dilma, sem economizar nos ataques à gestão de Serra. Pouco tempo depois, o Planalto incluiu ministros na estratégia e ampliou a agenda de membros da Esplanada no Estado, orientados a chamar a atenção para convênios federais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,dilma-ampliara-agenda-em-sp-para-polarizar-com-serra,484255,0.htm

Tucanos articulam vaga para Aécio na chapa de Serra

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Com a desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, em disputar a Presidência da República, cresce no PSDB a ideia de fazer do tucano o vice na chapa do governador de São Paulo, José Serra. Será um movimento lento, já que Serra não deve mudar, segundo aliados, a estratégia de só formalizar candidatura no final de março. Mas muitos tucanos estão convencidos de que a dupla Serra-Aécio será a melhor composição para enfrentar a ministra Dilma Rousseff (PT).

O plano é juntar dois governadores tucanos, com bons índices de avaliação, que representam os dois maiores colégios eleitorais do País, e enfrentar a alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente no Nordeste. Tucanos próximos de Serra dizem que Aécio poderia atrair novos aliados, que não têm simpatia pelo paulista, mas teriam, nas palavras de um parlamentar do PSDB, "ótima desculpa" para aderir à oposição.

Os argumentos ainda não convenceram Aécio. Tucanos mineiros querem ver seu governador no Senado, e não correr o risco de perder a vice-presidência e ficar sem mandato. Em favor da chapa Serra-Aécio, aliados do governador de São Paulo acreditam que o mineiro pode ser convencido, porque Aécio começou o ano falando em prévias, passou a pregar solução negociada e hoje tem diálogo frequente com Serra.

Nos bastidores o presidente do PPS, ex-senador Roberto Freire, diz com todas as letras: "Serra e Aécio formam a chapa dos sonhos. Ninguém pode representar melhor a oposição do que esses dois grandes líderes." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,tucanos-articulam-vaga-para-aecio-na-chapa-de-serra,484213,0.htm

Com polarização, pesquisas devem selar futuro de Serra

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Na opinião de interlocutores, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) - que ontem anunciou a renúncia à disputa da pré-candidatura ao Planalto contra o governador paulista, José Serra -, admitiu que no atual cenário não teria chances de ser escolhido como candidato do PSDB à Presidência da República. Saindo da disputa, automaticamente cria a polarização entre Serra e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Se a ministra crescer, o paulista poderá acabar preferindo a confortável candidatura à reeleição em São Paulo. Assim, estaria criada a oportunidade para que Aécio fosse chamado de volta para a corrida sucessória.

A desistência foi vista pelos aliados dos tucanos como "investimento futuro" de Aécio: o governador de Minas empurrou Serra para a condição de candidato de facto do PSDB contra Dilma. Agora, as pesquisas não terão mais de um nome tucano na lista e dirão quem, entre Serra e Dilma, está subindo ou descendo nas intenções de voto.

Na pior das hipóteses, Aécio ganhou tempo para coordenar a campanha em Minas e forçou Serra a assumir a montagem das alianças nacionais em torno de sua candidatura presidencial. "Aécio jogou com as brancas. Fez o movimento de ataque. Agora, começou o jogo", diz um de seus principais aliados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,com-polarizacao-pesquisas-devem-selar-futuro-de-serra,484184,0.htm

Aécio desiste de Presidência e abre caminho para chapa puro-sangue

Após oficializar renúncia, ele diz ao 'Estado' que sua candidatura vinha 'desidratando' e é melhor disputar Senado

Estadão - Eduardo Kattah, BELO HORIZONTE

O governador de Minas, Aécio Neves, anunciou ontem que desistiu de sua pré-candidatura à Presidência, o que deixa o governador de São Paulo, José Serra, como único nome do PSDB para a disputa em 2010. Nos últimos dias, ele já dava sinais de que abriria mão do projeto, programando para o início de janeiro o anúncio da candidatura ao Senado. A decisão foi oficializada ontem por meio de carta ao presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e abre caminho para composição de uma chapa tucana puro-sangue, encabeçada por Serra e com Aécio de vice.

Após reunião pela manhã com Guerra e o secretário-geral, deputado Rodrigo de Castro (MG), Aécio convocou a imprensa e leu o documento. Depois da coletiva, declarou ao Estado que sua candidatura presidencial vinha "desidratando", tornado-se uma "falsa candidatura". Disse, ainda, que o melhor é concorrer ao Senado, prestigiar seu vice, Antônio Anastasia (PSDB) - pré-candidato a governador em Minas -, e "trabalhar por Serra" no Estado.

Aliados admitem, nos bastidores, a possibilidade de Aécio reverter a decisão, caso Serra não assuma a candidatura e opte por concorrer à reeleição. Ainda ao Estado, quando indagado se poderia voltar atrás, Aécio confirmou as suposições: "Na política tudo pode mudar."

No documento, o governador disse que deixava a condição de pré-candidato, mas não as convicções e a disposição para colaborar na "construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira". Colocou-se à disposição, também, para ajudar seu partido a construir, "com serenidade e sem tensões", o caminho da vitória nas urnas.

Na carta, não citou Serra e fez uma retrospectiva da estratégia para se viabilizar como presidenciável. Disse que a sigla deve estar preparada para "responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o País ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres". Referia-se à tática do PT para 2010, que pretende confrontar os oito anos de gestão Fernando Henrique Cardoso com os oito anos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O que mais pesou na decisão foi a determinação de Serra de só se definir no fim de março. Aécio argumenta que não poderia esperar tanto, pois até lá os partidos com os quais conversava - incluindo legendas que fazem parte da base de apoio do governo Lula - teriam se definido. "Sempre tive consciência de que uma construção com essa dimensão e complexidade não poderia ser realizada às vésperas das eleições."

No pronunciamento, Aécio fez questão de ter a seu lado o vice-governador. "Mantive intactos e jamais me descuidei dos grandes compromissos que assumi com Minas, razão e causa a que tenho dedicado toda minha vida pública", ressaltou, na carta. "É meu compromisso levar adiante a defesa intransigente das reformas e inovações que juntos realizamos em Minas e que entendemos como um caminho possível para o País."

ALIADOS

Enquanto Aécio estava reunido com Guerra e Castro na residência oficial, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que participava de um evento no Palácio da Liberdade, voltou dizer que o governador mineiro, como presidenciável tucano, muda o quadro nacional e teria condições de obter apoio do PDT.

Entre os aecistas, a avaliação é de que haverá pressão total para que Serra confirme se vai concorrer à sucessão de Lula. "Não só a decisão do governador, mas a própria antecipação do calendário eleitoral força o governador paulista a se decidir. A candidatura oficial ganha terreno em várias regiões", observou Castro. Ele observou que o caminho mais provável de Aécio é o Senado, mas ponderou que "em política tudo é possível".

FRASE

Aécio Neves (PSDB)

Governador de Minas

"Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar, com meu esforço e minha lealdade, para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira"

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091218/not_imp484068,0.php

17 de dez. de 2009

Em carta, Aécio lamenta ausência de prévias no PSDB

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Na carta que entregou à direção do PSDB anunciando a desistência de sua pré-candidatura à Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, lamenta a ausência de prévias no partido para a definição do candidato tucano à eleição de 2010.

Aécio alega que poderia ter ampliado as alianças e critica a demora do partido em definir um nome para o pleito do ano que vem.

Nos primeiros parágrafos da carta, Aécio explicou a razão de sua insistências nas prévias. "Acredito que teria sido uma extraordinária oportunidade de aprofundar o debate interno, criar um sentido novo de solidariedade, comprometimento e mobilização, que nos seriam fundamentais nas circunstâncias políticas que marcarão as eleições do ano que vem."

Aécio reforça ainda o argumento de que sua pré-candidatura teria condições de ampliar a aliança da oposição. Nos últimos meses, Aécio vinha tentando se aproximar de outras siglas, entre elas PDT e o PSB de Ciro Gomes, com quem vinha protagonizando aparições em público.

"Ao apresentar o meu nome, o fiz com a convicção, partilhada por vários companheiros, de que poderia contribuir para uma construção política diferente, com um perfil de alianças mais amplo do que aquele que se insinua no horizonte de 2010," afirmou na carta enviada ao presidente do partido, senador Sérgio Guerra.

Quanto ao prazo de definição do nome tucano à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio lembrou sua principal divergência com o governador de São Paulo, José Serra. "Sempre tive consciência de que uma construção com essa dimensão e complexidade não poderia ser realizada às vésperas das eleições", argumentou.

Por fim, ele admite que sua "participação não poderia mais colaborar para a ampla convergência que buscava construir", o que justificaria sua desistência do pleito. "Busco contribuir, dessa forma, para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade e sem tensões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010."

Segue a carta na íntegra:

"Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2009.

Presidente Sérgio Guerra,

Companheiros do PSDB,

Há alguns meses, estimulado por inúmeros companheiros e importantes lideranças da nossa sociedade, aceitei colocar meu nome à disposição do nosso partido como pré-candidato à Presidência da República. Como parte desse processo, defendi a realização de prévias e encontros regionais que pudessem levar o PSDB a fortalecer a sua identidade e integridade partidárias. Assim o fiz, alimentado pela crença na necessidade e possibilidade de construirmos um novo projeto para o país e um novo projeto de País.

Defendi as prévias como importante processo de revitalização da nossa prática política. Não as realizamos, como propus, seja por dificuldades operacionais de um partido de dimensão nacional, seja pela legítima opção da direção partidária pela busca de outras formas de decisão. Ainda assim, acredito que teria sido uma extraordinária oportunidade de aprofundar o debate interno, criar um sentido novo de solidariedade, comprometimento e mobilização, que nos seriam fundamentais nas circunstâncias políticas que marcarão as eleições do ano que vem.

A realização dos encontros regionais foi uma importante conquista desse processo. O reencontro e a retomada do diálogo com a nossa militância, em diversas cidades e regiões brasileiras, representaram os nossos mais valiosos momentos. A eles se somaram outros encontros, também sinalizadores dos nossos sonhos, com trabalhadores, empresários e outros setores da nossa sociedade.

Ouvindo-os e debatendo, confirmei a percepção de um País maduro para vivenciar um novo ciclo de sua história. Pronto para conquistar uma inédita e necessária convergência nacional em torno dos enormes desafios que distanciam nossas regiões umas das outras, e em torno das grandes tarefas que temos o dever de cumprir e que perpassam governos e diferentes gerações de brasileiros.

Ao apresentar o meu nome, o fiz com a convicção, partilhada por vários companheiros, de que poderia contribuir para uma construção política diferente, com um perfil de alianças mais amplo do que aquele que se insinua no horizonte de 2010. E as declarações de líderes de diversos partidos nacionais demonstraram que esse era um caminho possível, inclusive para algumas importantes legendas fora do nosso campo.

Defendemos um projeto nacional mais amplo, generoso e democrático o suficiente para abrigar diferentes correntes do pensamento nacional. E, assim, oferecer ao País uma proposta reformadora e transformadora da realidade que, inclusive, supere e ultrapasse o antagonismo entre o "nós e eles", que tanto atraso tem legado ao País.

Devemos estar preparados para responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o País ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres. Nossa tarefa não é dividir, é aproximar. E só aproximaremos os brasileiros uns dos outros, através da diminuição das diferenças que nos separam.

O que me propunha tentar oferecer de novo ao nosso projeto, no entanto, estava irremediavelmente ligado ao tempo da política, que, como sabemos, tem dinâmica própria. E se não podemos controlá-lo, não podemos, tampouco, ser reféns dele... .

Sempre tive consciência de que uma construção com essa dimensão e complexidade não poderia ser realizada às vésperas das eleições. Quando, em 28 de outubro, sinalizei o final do ano como último prazo para algumas decisões, simplesmente constatava que, a partir deste momento, o quadro eleitoral estaria começando a avançar em um ritmo e direção próprios, e a minha participação não poderia mais colaborar para a ampla convergência que buscava construir.

Durante todo esse período, atuei no sentido de buscar o fortalecimento do PSDB. Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar, com meu esforço e minha lealdade, para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira.

Busco contribuir, dessa forma, para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade e sem tensões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010.

No curso dessa jornada, mantive intactos e jamais me descuidei dos grandes compromissos que assumi com Minas, razão e causa a que tenho dedicado toda minha vida pública. Ao deixar a condição de pré-candidato à Presidência da República, permito-me novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro.

Independente de nova missão política que porventura possa vir a receber, continuarei trabalhando para ser merecedor da confiança e das melhores esperanças dos que partilharam conosco, neste período, uma nova visão sobre o Brasil. É meu compromisso levar adiante a defesa intransigente das reformas e inovações que juntos realizamos em Minas e que entendemos como um caminho possível também para o País.

Continuarei defendendo as reformas constitucionais e da gestão pública, aguardadas há décadas; a refundação do pacto federativo, com justa distribuição de direitos e deveres; e a transformação das políticas públicas essenciais, como saúde, educação e segurança, em políticas de Estado, acima, portanto, do interesse dos governos e dos partidos.

Devo aqui muitos agradecimentos públicos. À direção do meu partido e, em especial, ao senador Sérgio Guerra pelo equilíbrio e firmeza com que vem conduzindo esse processo. Aos companheiros do PSDB, pelas inúmeras demonstrações de apoio e confiança.

Manifesto a minha renovada disposição de estar ao lado de todos e de cada um que julgar que a minha presença política possa contribuir, seja no plano nacional ou nos planos estaduais, para a defesa das nossas bandeiras. Aos líderes de outras legendas partidárias, pela coragem com que emprestaram substantivo apoio não só ao meu nome, mas às novas propostas e crenças que defendemos nesse período.

Nos reencontraremos no futuro.

A tantos brasileiros, pelo respeito com que receberam nossas ideias. E a Minas, sempre a Minas e aos mineiros, pela incomparável solidariedade.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,em-carta-aecio-lamenta-ausencia-de-previas-no-psdb,483816,0.htm

Desistência de Aécio Neves movimenta bastidores do PSDB

O governador de São Paulo, José Serra, que é viciado confesso em Twitter, ainda não se manifestou

Daiene Cardoso, da Agência Estado

SÃO PAULO - A desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, de disputar o Palácio do Planalto pelo PSDB nas eleições do ano que vem já começa a movimentar os bastidores tucanos. Minutos após o anúncio oficial, em Belo Horizonte, alguns integrantes da legenda comentavam a decisão do governador. Quem se pronunciou, preferiu adotar um discurso que pregava a união dos correligionários em torno de um projeto para 2010.

No Twitter, rede de microblogs, o senador e ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo repercutiu com serenidade a desistência do colega de partido. "Aécio retira pré-candidatura à Presidência. Acredito que ele será Presidente da República em outro momento. PSDB seguirá unido em 2010."

Marconi Perillo, senador por Goiás, elogiou a postura de Aécio: "Aécio é um grande governador, tem um futuro promissor pela frente e é umas das maiores esperanças do Brasil. Seu gesto só o engrandece", afirmou.

Já o senador Alvaro Dias (PR), se limitou a apenas divulgar a notícia em seu blog. Já o governador de São Paulo, José Serra, que é viciado confesso em Twitter, não se manifestou.

Acompanhado do presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, do secretário-geral, deputado Rodrigo de Castro e do vice-governador, Antonio Anastasia, Aécio leu uma carta na tarde desta quinta-feira, 17, em que renunciou ao posto de pré-candidato da legenda à cabeça de chapa que disputará a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições gerais do ano que vem.

"Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar com meu esforço e minha lealdade para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira", disse o governador mineiro.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,desistencia-de-aecio-neves-movimenta-bastidores-do-psdb,483793,0.htm

Serra deixa evento sem comentar desistência de Aécio Neves

Cerimônia ocorreu praticamente no mesmo instante em que governador mineiro leu a carta de renúncia

Ana Conceição, da Agência Estado

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não quis comentar, a desistência da pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, à Presidência da República pelo PSDB em 2010. A desistência abre caminho para Serra ser o único postulante da legenda à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições gerais do ano que vem.

José Serra participou esta tarde da entrega dos prêmios do Programa Nota Fiscal Paulista, na secretaria estadual da Fazenda, na capital paulista. Demonstrando bom humor, o tucano fez um rápido discurso e saiu sem falar com a imprensa. A cerimônia ocorreu praticamente no mesmo instante em que Aécio Neves leu a carta de renúncia da pré-candidatura à Presidência da República em 2010, em Belo Horizonte. Aécio anunciou sua desistência em nome da unidade do partido nas eleições do ano que vem.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,serra-deixa-evento-sem-comentar-desistencia-de-aecio-neves,483781,0.htm

Aécio anuncia desistência de pré-candidatura

EDUARDO KATTAH - Agencia Estado

SÃO PAULO - O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, anunciou nesta tarde a desistência de sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PSDB.

Acompanhado do presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, do secretário-geral, deputado Rodrigo de Castro e do vice-governador Antonio Anastasia, Aécio leu uma carta que foi entregue ao senador Sérgio Guerra numa reunião realizada nesta manhã em Belo Horizonte.

"Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar com meu esforço e minha lealdade para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira".

Aécio havia estipulado o início de janeiro como prazo final do anuncio de sua candidatura ao Senado, mas acabou por antecipar a decisão de desistir da disputa interna que trava com o governador de São Paulo, José Serra.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,aecio-anuncia-desistencia-de-pre-candidatura,483765,0.htm

Aécio decide abrir mão de candidatura à Presidência em 2010

FERNANDO DE BARROS E SILVA
colunista da Folha de S.Paulo

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), decidiu abrir mão de sua pré-candidatura à Presidência da República em 2010. A decisão vai ser anunciada pelo tucano nas próximas horas.

Com a retirada do nome de Aécio, o caminho no PSDB fica aberto para a candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Os dois disputavam a indicação do partido.

Aécio decidiu antecipar uma decisão, que tomaria somente em janeiro, em nome da "convergência" partidária, para facilitar o caminho do PSDB em 2010.

O governador, que deve se lançar ao Senado no ano que vem, coloca como uma de suas prioridades eleger seu sucessor em Minas. O candidato deve ser o atual vice-governador do Estado, Antonio Anastasia.

Há uma imensa pressão na cúpula do PSDB para que Aécio venha ser o vice na chapa de Serra em 2010, mas o governador de Minas descarta, por enquanto, essa hipótese.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u667961.shtml

Serrista, novo líder do PSDB defende que partido escolha candidato só em março de 2010

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

O novo líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), defendeu nesta quinta-feira que o nome do partido para disputar a sucessão presidencial de 2010 seja escolhido em março. Segundo Almeida, as pesquisas de intenção de votos divulgadas nos últimos meses mostram que o PSDB não tem sido prejudicado na corrida eleitoral por não ter de definido se o presidenciável será o governador José Serra (São Paulo) ou o governador Aécio Neves (Minas Gerais).

Integrante do grupo tucano ligado a Serra, João Almeida disse que a antecipação na escolha do candidato é mais uma cobrança dos políticos do que do eleitor.

"[Definição do candidato] Essa questão tem que ser tratada em março. A eleição ainda não está na agenda da população. Essa discussão até agora é conversa de político. O eleitor vai passar a tratar da eleição no ano que vem. Por isso, entendo que não há razão para pressa", disse.

Por unanimidade, João Almeida foi eleito líder ontem, depois que deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) decidiu retirar sua candidatura ao cargo. No ano passado, a disputa por líder provocou desgastes na bancada.

Parte dos deputados tucanos, chegou a acusar os defensores de José Aníbal (SP) --que deixa o posto agora-- de golpe. Na avaliação de alguns tucanos, a escolha de João Almeida reforça a influência de Serra na bancada tucana na Câmara e favorece o governador paulista na disputa.

O novo líder já assumiu um discurso conciliador e negou que tenha preferência por Serra ou por Aécio na disputa eleitoral. "O processo de escolha do candidato pelo PSDB tem se mostrado muito eficiente. As pesquisas mostram isso porque Serra tem se consolidado, mesmo sem se colocar como candidato oficialmente, enquanto a ministra Dilma Rousseff [pré-candidato do PT] registra um crescimento, mas que não é expressivo", afirmou.

Segundo João Almeida, a indefinição do presidenciável evita prejuízos para a imagem de Aécio e Serra. "Quando você oficializa a sua candidatura, surgem as demandas. E ocupando o comando de um Estado nem sempre você consegue atender e pode ser questionada pela Justiça Eleitoral. É o que ocorre com a ministra Dilma que está em uma exposição desnecessária até inaugurando placas", disse.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u667924.shtml

Justiça reabre processo por abuso de poder contra Aécio

Reuters

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) decidiu reabrir processo por abuso de poder econômico, político e de autoridade contra o governador do Estado, Aécio Neves, que tenta lançar candidatura à Presidência da República em 2010 pelo PSDB.

Também são acusados na ação o ex-prefeito da capital, Fernando Pimentel (PT), o atual chefe do Executivo municipal, Marcio Lacerda (PSB), e seu vice, Roberto Carvalho (PT).

Em decisão unânime tomada na terça-feira e divulgada nesta quinta, o tribunal anulou sentença do então juiz Roberto Messano, que extinguiu, sem análise do mérito, ação proposta pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) em setembro de 2008.

O juiz havia afirmado que as acusações não estavam definidas e que os promotores responsáveis pela denúncia, "a par de fazerem imputações quase que genéricas, em evidente engano, sustentam como causa de pedir aquilo que constaria de reportagem jornalística e ou documentos".

Com a decisão do TRE de acompanhar o voto da juíza relatora Mariza Porto e anular a sentença de Messano, o processo volta a tramitar em primeira instância. A ação pode resultar na impugnação dos mandatos de Aécio, Lacerda e Carvalho - Pimentel não ocupa cargo eletivo no momento - e na inelegibilidade dos quatro.

Resposta
Segundo nota da assessoria de imprensa do Governo de Minas a decisão do TRE configura apenas adoção de novos procedimentos formais, não havendo qualquer relação com o mérito da ação ou mesmo qualquer manifestação sobre o mérito da causa. "O TRE de Minas Gerais tornou sem efeito a decisão que determinara o arquivamento sumário de duas ações. Entendeu o TRE que o arquivamento não pode ser feito após o início do processo e apresentação de defesa, razão pela qual nova sentença deve ser proferida, após a produção da prova requerida exatamente pela defesa (perícia), com a apreciação do mérito da causa", diz a nota.

A assessoria informou, assim, que o processo voltou a tramitar para que possa ser proferida uma nova sentença, não tendo havido qualquer avaliação ou antecipação sobre o mérito do processo em questão.

A nota diz ainda que "a defesa reitera o entendimento de que as acusações são manifestamente infundadas, sendo relevante o registro de que irá interpor recurso para restabelecer o indeferimento sumário das ações, a exemplo do que fez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na ação proposta em face do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, então candidato à reeleição".

A ação
Na ação proposta em setembro, o MPE afirma que, durante a campanha eleitoral de 2008, foram veiculadas propagandas citando explicitamente o apoio de Aécio e Pimentel à candidatura de Lacerda à prefeitura e que o governador anunciou investimentos no Estado durante o lançamento oficial do programa de governo do atual prefeito, o que caracterizaria abuso de poder econômico.

"O anúncio do governador, de investimento no valor de R$ 1,5 bilhão em obras e programas, nos próximos dois anos, em discurso proferido diante dos demais investigados Fernando Pimentel, Roberto Carvalho e Marcio Lacerda, causa no eleitor uma expectativa altamente favorável ao candidato por ele apoiado (Lacerda)", afirmou o MPE na denúncia.

Apesar do apoio do governador, o partido de Aécio, o PSDB, não fazia parte da coligação em torno da candidatura de Lacerda, formada, entre outros, pelo PSB e PT.

"Como se vê, o político Aécio Neves da Cunha não se limitou a dar mero apoio pessoal, mas usou e abusou de seu poder como governador para prometer, em favor do candidato Marcio Lacerda, a execução de obras idealizadas pela proposta deste", diz ainda a denúncia.

A denúncia é assinada pelos promotores eleitorais Lílian Marotta, Aléssio Guimarães, Sérgio Eduardo Barbosa de Campos e Magali Albanesi Amaral.

As assessorias de Aécio e Lacerda não estavam disponíveis para responder imediatamente à reportagem e Pimentel não retornou a ligação.

http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE5BG0HG20091217

Meirelles reafirma que é cedo para definir seu futuro político

Kelly Oliveira - Agência Brasil

Brasília - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje (17) que não tem pretensão de candidatar-se ao cargo de vice-presidente da República, na chapa da ministra Dilma Rousseff.

“O debate ainda é um pouco prematuro. Será uma decisão tomada pelo PMDB. Não tenho pretensão a este cargo. Estou totalmente focado no Banco Central. Não estou participando de nenhuma discussão relacionada a este assunto”, disse em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro.

Meirelles acrescentou que tem até abril para tomar decisão sobre seu futuro político. Ele voltou a afirmar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe pediu de que fique no BC até o fim governo.

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/12/17/materia.2009-12-17.7720512620/view

Meirelles diz que não aspira à vice; PMDB também não o quer lá

NATUZA NERY - REUTERS

BRASÍLIA - A depender da declaração dada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nesta quinta-feira, ele não estaria hoje na lista tríplice pedida ao PMDB pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a indicação do vice na chapa da ministra Dilma Rousseff.

"Eu não tenho pretensões a cargos dessa ordem, a cargos de âmbito nacional", disse ele no programa de rádio Bom Dia, Ministro.

Meirelles é "cristão-novo" no partido. Ingressou no PMDB em setembro para ter legenda nas eleições de 2010. É cotado a quase tudo: governo de Goiás, Senado Federal e vice-presidente ao lado da ministra. A princípio, Lula o quer à frente do BC até dezembro, o que o deixaria fora da disputa eleitoral.

A vaga de vice é o caminho mais difícil. O presidente da República até que gostaria de vê-lo no posto em detrimento do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), principal cotado à vaga, mas Meirelles não tem o apoio dentro do PMDB.

A ideia da lista tríplice, por outro lado, acabou elevando seu passe e desvalorizou o de Temer, influente na legenda e, portanto, fundamental ao desfecho da aliança. A matemática, no entanto, pesa contra o chefe da autoridade monetária: ele não teria votos na convenção do PMDB que decidirá o destino do partido. Ele sequer tem direito a voto, pois não preenche ainda os requisitos a essa finalidade.

Por isso a declaração do titular do BC não pode ser lida de forma isolada. Ela vem justamente num momento em que Temer --licenciado do comando da legenda--precisa reunir todo o apoio que puder para se tornar viável.

O PMDB sequer trata Meirelles como possibilidade. Quando trata, é para reforçar que ele, chamado de "cristão novo" nas rodas peemedebistas, não tem chance alguma de ser indicado à vaga.

Apesar disso, seus colegas reconhecem seu esforço em adquirir um pouco mais de vida partidária.

"Ele está tentando se aproximar", disse o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), anfitrião de um jantar há dois dias em que Meirelles foi um dos poucos convidados.

A declaração de Meirelles desta manhã foi vista por Temer como um esforço de não estimular a polêmica da lista tríplice e sobretudo de seu nome fazer parte dele, disse uma fonte do partido.

O comentário, porém, argumentou a fonte, não é taxativo pois o desinteresse mostrado pode não refletir o desejo do presidente Lula.


http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE5BG0GO20091217

TSE define regras para uso da internet nas eleições 2010

MARIÂNGELA GALLUCCI - Agencia Estado

BRASÍLIA - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) baixou ontem as regras para uso da internet pelos candidatos, na primeira eleição em que a rede mundial de computadores poderá ser utilizada de forma claramente regulamentada. De acordo com uma resolução aprovada na noite de ontem, a propaganda eleitoral na web será permitida após 5 de julho. Essa propaganda poderá ser feita no site dos candidatos, dos partidos ou das coligações. Os endereços eletrônicos deverão ser comunicados à Justiça Eleitoral.

A resolução do TSE também estabelece que poderão ser enviadas mensagens eletrônicas para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação, por meio de blogs, redes sociais, sites de mensagens instantâneas e assemelhados. No entanto, está proibida a veiculação de propaganda eleitoral paga e em sites de pessoas jurídicas e órgão e entidades públicos.

A corte também estabeleceu que as mensagens eletrônicas enviadas por candidato, partido ou coligação, por qualquer meio, deverão dispor de um mecanismo que permita seu descadastramento pelo destinatário, que deve ser providenciado num prazo de 48 horas. A propaganda eleitoral deverá começar a ser transmitida em 6 de julho. Os candidatos poderão fazer uma propaganda intrapartidária nos 15 dias anteriores à indicação pelo partido político. Eles poderão colocar cartazes e faixas nas proximidades dos locais onde ocorrerão as convenções.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,tse-define-regras-para-uso-da-internet-nas-eleicoes-2010,483603,0.htm

Meirelles nega que pretenda ser vice em chapa de Dilma

CÉLIA FROUFE - Agencia Estado

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, negou hoje que tenha aspiração em concorrer ao cargo de vice-presidente da República, ao lado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à presidência da República em 2010. "Eu não tenho nenhuma pretensão a este cargo", disse ele, durante entrevista a emissoras de rádio coordenada pela NBR, em Brasília.

Meirelles voltou a afirmar que, até abril do próximo ano, não pensará em mais nada que não seja o BC. "Não tenho pretensão a cargos de âmbito nacional. Meu foco, no momento, é o Banco Central", disse. Ele relatou também que há um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que fique à frente da autoridade monetária até o final do ano.

"Vou levar isso em consideração. Nada pode me distrair", afirmou ele, acrescentando que seu trabalho é o de continuar a fazer com que a economia brasileira saia da crise financeira. Indagado por um jornalista se já há essa discussão dentro do PMDB, partido ao qual se filiou este ano, Meirelles disse que o debate ainda é "um pouco prematuro". "Será uma decisão tomada pelo PMDB no momento adequado."

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,meirelles-nega-que-pretenda-ser-vice-em-chapa-de-dilma,483577,0.htm

PT e PMDB tentam isolar ataques de Ciro Gomes

da Folha de S.Paulo, em SP e Brasília

O presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, ironizou o pré-candidato do PSB a presidente, Ciro Gomes, que atacou a aliança entre PT e PMDB e disse estar "em crescente desacordo com o governo".

"O Ciro está tentando se diferenciar. Só não entendo por que o PMDB nacional é ruim, mas o do Ceará, que apoia o irmão de Ciro [o governador Cid Gomes], é bom", disse.

No PMDB, os ataques de Ciro foram interpretados como uma demonstração de que o ex-ministro e deputado não desistiu de disputar a Presidência.

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), "a declaração de Ciro é a de um candidato que quer dividir".

Em entrevista à Folha, Ciro disse que a coalizão PT-PMDB tem feito mal ao país e acusou o grupo político ligado ao peemedebista Michel Temer, presidente da Câmara, de ser responsável pela paralisia do Congresso.

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticado por Ciro, reagiu: "Ele é carreirista, oportunista e gazeteiro". Temer não falou sobre o assunto.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u667775.shtml

Isolado, Rodrigo Maia se reaproxima de Serra

CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

Entusiasta da candidatura do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), à Presidência, o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), ensaia uma reaproximação com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), após a onda de escândalos no governo Arruda.

Em recentes conversas, Maia manifestou também intenção de restabelecer o diálogo com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).

Amparado pelo governador José Roberto Arruda (DF) e pelos líderes na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), e no Senado, José Agripino (RN), Maia travou ao longo do ano disputa com Kassab pelo comando do partido.

A crise no DF desestabilizou, no entanto, a sua tropa. Ao propor a expulsão de Arruda, Caiado e Agripino expuseram Maia, que pregava o direito de defesa ao governador. "Não podíamos tergiversar", justificou Caiado.

Sem o apoio dos líderes, Maia dá sinais de reaproximação com a chamada ala serrista. Anteontem, por exemplo, convocou para o dia 2 de fevereiro a eleição do sucessor de Caiado.

Filho do ex-senador Jorge Bornhausen, o deputado Paulo Bornhausen (SC) concorrerá ao cargo contra Abelardo Lupion (PR). Há também a expectativa que o senador Heráclito Fortes (PI) assuma a liderança no Senado.

Demóstenes Torres (GO) também cobiça cargo. "Mas não vou entrar em disputa", disse Demóstenes.

A mudança alteraria a correlação de forças no DEM. Além da crise no DF, os sinais de que Aécio anunciará a decisão de concorrer ao Senado pesam. Com a candidatura, o DEM ficaria sem espaço nobre na chapa do PSDB.

Ex-prefeito do Rio, César Maia disse que vai procurar o "candidato a presidente que o PSDB informar". Mas ressalta: "Ainda não nos informou".

Apesar do aparente fortalecimento da ala serrista, a crise reduz as opções de vice. "Não há vencedores numa crise", avalia Paulo Bornhausen. "Mas o DEM chegará unido à eleição. Se não houvesse motivo, há o instinto de sobrevivência."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u667768.shtml

16 de dez. de 2009

PMDB abre negociação com petistas e tucanos em Minas

O TEMPO

Ministro Hélio Costa mantém diálogo com Aécio Neves e com Patrus Ananias
Rafael Gomes

Após vencer as eleições para a presidência do PMDB em Minas, o deputado federal Antônio Andrade confirmou que o partido vai negociar tanto com o PT como com o PSDB a formação de uma chapa para a disputa do governo do Estado em Minas. No entanto, ele insiste na tese de uma candidatura própria peemedebista, liderada pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, apesar dos outros dois partidos também terem pré-candidaturas já lançadas.

O presidente eleito do PMDB fez questão de deixar aberta a possibilidade tanto de acerto com os petistas quanto com os tucanos, mas revela que muitas conversas vão ocorrer antes da decisão. "O PMDB não tem pressa. Temos o candidato melhor colocado nas pesquisas e o quadro não deve mudar em curto prazo. Vamos conversar ainda, mas sempre pensando na candidatura própria", disse Andrade.

O deputado destacou que terá encontros com os presidentes eleitos do PT e PSDB - Reginaldo Lopes e Nárcio Rodrigues, respectivamente - em Brasília, já que os dois, como ele, são parlamentares da Câmara. Ontem mesmo ele conversou rapidamente com Nárcio, durante uma sessão da Comissão de Orçamento, e disse que deve se encontrar com Reginaldo Lopes ainda nesta semana. "Estamos com portas abertas para todos. Até para aqueles que poderão ser nossos adversários", completou.

Se o presidente estadual mostra confiança na candidatura do PMDB, nos bastidores, as análises são que o caminho do ministro Hélio Costa ainda é uma incógnita. Com a vitória de Reginaldo Lopes na presidência do PT e o fortalecimento da pré-candidatura do ex-prefeito Fernando Pimentel, uma aliança com os petistas ficou mais difícil com os dois lados pretendendo cabeça de chapa. O acordo seria mais provável se o candidato petista fosse o ministro Patrus Ananias, com quem Costa tem maior diálogo.

Informações de bastidores mostram ainda que Hélio Costa mantém também uma negociação com o governador Aécio Neves. Mas para um acerto com os tucanos, o ministro teria que recuar e aceitar disputar novamente o Senado, ao lado de Aécio, ou uma vaga de vice de Antônio Augusto Anastasia, pré-candidato ao governo. Essa alternativa estaria sendo avaliada como uma ação de longo prazo. Como Anastasia será o governador em outubro de 2010, disputará uma reeleição e, caso vença, não poderia se candidatar ao cargo em 2014.

Aécio deve anunciar futuro político no início de janeiro
Depois de admitir o favoritismo do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na disputa pelo direito de ser candidato tucano à Presidência da República e negar que já tenha decidido a disputar o Senado em 2010, o governado de Minas, Aécio Neves, preferiu não aparecer publicamente ontem. Ele ficou durante todo o dia despachando do Palácio das Mangabeiras, residência oficial, de onde também fez contatos para articulações políticas.
Segundo informações de bastidores, Aécio deve anunciar a sua decisão de qual cargo vai disputar em 2010 por volta do dia 11 de janeiro. Mesmo que a decisão seja tomada antes da virada do ano, o governador deve comunicar ao partido e aliados próximos antes de declarar publicamente a sua opção, que poderá ocorrer em evento partidário. (RG)

Alerta
Aliança. A aproximação do PMDB com o PSDB preocupa outros aliados dos tucanos no Estado, como o DEM e o PP. As duas siglas querem a vaga de vice na chapa de Anastasia, além de uma na composição para o Senado.

http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=129305

Dilma causa 'estranhamento' ao liderar negociações e afastar Minc, diz Marina Silva

O GLOBO

RIO - A senadora Marina Silva (PV), ex-ministra do Meio Ambiente, afirmou nesta terça-feira, em entrevista à rádio CBN, que há um "estranhamento" em Copenhague com a chefia da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na delegação brasileira. Marina voltou a defender a participação do Brasil no fundo climático, e afirmou que repercutiu "muito negativamente" a recusa de Dilma em contribuir com US$ 1 bilhão para os países pobres.

- Está causando aqui em Copenhague um certo estranhamento o isolamento do ministro Carlos Minc. Quando eu era ministra do Meio Ambiente, assumíamos todos os processos negociais em todas as COPs que participamos. Mesmo quando vim com o ministro Celso Amorim, ele era muito respeitoso em relação a minha titularidade. Obviamente que é a primeira vez que a ministra (Dilma Rousseff) participa de uma negociação com caráter de meio ambiente dessa magnitude, e vão tendo algumas questões que de fato estão repercutindo muito negativamente, inclusive essa de dizer que não vai ajudar os países pobres. Faz uma crítica de que 1 bilhão (de dólares) é pouco, mas diz que não vai botar nada.

http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2009/12/15/dilma-causa-estranhamento-ao-liderar-negociacoes-afastar-minc-diz-marina-silva-915217957.asp

"Custo Dilma" exigiu aumento de gastos, diz Biasoto

Valor Econômico - Sergio Lamucci e João Villaverde, de São Paulo

A forte aceleração dos gastos correntes do governo federal se deve ao "custo Dilma", diz o diretor-executivo da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) de São Paulo, Geraldo Biasoto Jr., em referência, claro, à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O governo tem de carregar uma candidata fraca. Tudo que está acontecendo hoje não aconteceu no resto do governo Lula", avalia Biasoto, para quem a expansão fiscal mais forte começou a partir do fim de 2007.

Economista próximo ao governador José Serra (PSDB), com quem trabalhou no Senado, no Ministério da Saúde, na prefeitura de São Paulo e agora no governo paulista, e professor licenciado da Unicamp, Biasoto diz que o aumento de despesas correntes (pessoal, aposentadoria, custeio da máquina, programas como o Bolsa Família) tira espaço para a elevação do investimento público, fundamental para que o país possa crescer a taxa elevadas, sem esbarrar em gargalos de infraestrutura. "Essa carga de gasto corrente impede o aumento do investimento", afirma Biasoto. Para ele, não é saudável que uma economia tão débil do ponto de vista da infraestrutura como a brasileira cresça a taxas expressivas.

"É preciso preparar o país para crescer", diz Biasoto, para quem será inevitável promover em 2011, primeiro ano do próximo governo, um ajuste na atual política fiscal expansionista. O problema é que a tarefa terá um ônus maior, dada a inércia provocada pela contratação de despesas correntes tão elevadas.

Biasoto vê a possibilidade de o país "se plantar como uma economia madura e um polo de atração de investimentos" na América Latina, "um local para onde os investimentos de grandes empresas internacionais podem vir". O risco para a concretização desse cenário, adverte, é a valorização do câmbio e a sua tendência a continuar apreciado, o que facilita importações e desestimula exportações. Biasoto também se preocupa com a trajetória do déficit em conta corrente, que alguns economistas projetam acima de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 - neste ano, deve fechar em 1,3% do PIB. A seguir, os principais trechos da entrevista de Biasoto.

Valor: Um crescimento acima de de 6% em 2010, como preveem alguns analistas, é possível?
Geraldo Biasoto Jr.: É possível. No último ano de mandato, é possível verificar que todos os três níveis de governo ampliam gastos públicos, todo mundo espera para dar reajuste de pessoal, para acelerar obras, sempre há um elemento de ciclo político. Por outro lado, estamos hoje com uma espécie de política anticíclica continuada. O crédito se expandiu e continuou expandido. A taxa de juros caiu e hoje, em termos históricos, é baixa. As mesmas medidas de IPI ficaram. Mesmo tendo um pouco de dúvida quanto ao cenário externo, temos um viés de ciclo político e de elementos internos que indicam um crescimento que poderia ser até maior que 6%.

Valor: O Brasil está preparado para crescer a essa taxa?
Biasoto: Nós temos de preparar a economia antes de crescer. São visíveis os problemas. Não conseguimos andar em shopping centers, nas ruas, está tudo parado. Nos aeroportos, está tudo parado também. A economia brasileira ficou muito tempo crescendo de maneira manca, distorcida. Alguns setores cresceram bastante e outros setores ficaram completamente parados. Há uma escassez do crescimento potencial que não é tão dramática do ponto de vista da indústria privada, mas é dramático do ponto de vista dos serviços públicos em geral. Esses você esgarça muito e aí o gargalo é pesadíssimo. Se nós quisermos crescer com consistência, nós temos que preparar o crescimento. O investimento público é fundamental porque há muitas áreas em que ele é crucial.

Valor: Como o sr. avalia a política fiscal do governo na crise? Ela foi anticíclica?
Biasoto: O governo já vinha contratando gastos. A crise potencializou esse movimento. Em 2008, o superávit primário do governo central foi de R$ 71 bilhões. No ano que vem, esse número deve ficar em R$ 34 bilhões. E em 2012, seguindo essa tendência, teremos um déficit de R$ 7,8 bilhões. [de janeiro a outubro deste ano, o superávit primário do governo central ficou em R$ 27,6 bilhões].

Valor: Mesmo com a recuperação da receita que deve ocorrer em 2010?
Biasoto: Talvez com o crescimento mais forte esses números possam ser um pouco melhores, mas a tendência é essa, quer dizer, caminhamos para um déficit primário. Estamos fritando o superávit primário, mantendo um nível de investimento público baixo, ou seja, considerando a velocidade atual do PAC - que é lenta. Se o PAC deslanchar, o derretimento do primário será mais rápido.

Valor: Então está contratado um ajuste fiscal forte em 2011?
Biasoto: Vai ter de fazer. O mercado está sendo leniente em não discutir essa questão. Esse negócio é o custo Dilma. O governo tem de carregar uma candidata fraca, porque tudo que está acontecendo hoje não aconteceu no resto do governo Lula. Essa expansão fiscal começou no final de 2007 [primeiro ano do segundo governo Lula]. Antes isso não estava acontecendo. É um custo do candidato. O ônus de fazer um ajuste fiscal agora será muito mais alto do que era antes.

Valor: O sr. está preocupado com os movimentos "parafiscais", de capitalização do BNDES e da Petrobras, que aumentam a dívida bruta do governo?
Biasoto: Isso é delicado. Havia uma armação fiscal prevendo que o Tesouro não deveria financiar os órgãos de crédito do governo. Mas não é o que tem ocorrido. O Tesouro está financiando o BNDES, a Caixa etc. Não acho o crédito público ruim, mas isso está abalando uma coisa muito crucial dentro do sistema. Esse crédito do BNDES é uma maluquice.

Valor: Qual é a consequência para a economia dessa política fiscal?
Biasoto: O ruim para o Brasil é o fato de que, para crescermos de modo sustentável, precisamos muito de investimentos públicos. Há uma equação de aplicação e rentabilidade que, em muitos casos, apenas o setor público pode agir. Você assumir a concessão da Bandeirantes é tranquilo, fazer outra pista na Imigrantes também. Mas há investimento que não adianta. O Estado pode correr risco que o setor privado não consegue. Essa política fiscal está consolidando um enorme gasto corrente e, na hora que precisar fazer ajuste, será complicado. Antigamente era mais fácil, porque a inflação ajudava. Hoje, para achatar gastos correntes é difícil. Quer dizer, estamos impedindo a chance de aumentar o investimento com essa carga de gasto corrente.

Valor: Além da questão fiscal, algum outro desequilíbrio na economia o preocupa?
Biasoto: Temos um pepino seríssimo que é o seguinte: o pessoal do mercado diz que o déficit em transações correntes sobe de 1,3% para quase 3% do PIB no ano que vem. Muito provavelmente será facilmente financiável porque o mercado acredita no Brasil. É muito tranquilo o investidor estrangeiro vir para o Brasil sabendo que a taxa de câmbio está se valorizando. Você ganha com juros muito mais altos que no mercado internacional, além do câmbio valorizado. Agora, na hora em que o déficit em transações correntes dobra, o investidor pensa: "será que não vai haver uma descontinuidade na trajetória do câmbio?" O cupom cambial [o juro em dólar] muda imediatamente. Há muito comportamento de manada dentro do mercado, e isso é legítimo. As pessoas estão administrando fundos, então, se alguém vai contra o comportamento da maioria, vai perder dinheiro. Ele tem que ir junto, tomar a direção do mercado.


Valor: Mas o investimento estrangeiro direto não tem sido mais relevante do que a entrada de capital para a renda fixa?
Biasoto: Se olharmos o investimento direto por dentro, veremos que há muito serviço financeiro, que se confunde com elementos de investimento em carteira. É um pouco melhor que antes, porque o investimento em portfólio prevalecia. Isso reduz a vulnerabilidade em relação ao passado. Mas mesmo o investimento estrangeiro direto é muito financeiro. Parece que é trazer dinheiro para comprar máquina, mas não é verdade. Muitas vezes ele traz dinheiro para fazer "take over" de uma empresa, para constituir capital e alavancar suas operações, para melhorar posição na oferta de leasing. Mesmo o investimento direto é muito mais financeiro e aproveita o câmbio valorizado.


Valor: Os investidores estrangeiros estão muito otimistas em relação ao Brasil. Há motivos para tanto otimismo?
Biasoto: Acho que nós temos muitas condições internacionais de nos plantar como uma economia madura e um polo de atração de investimentos. Hoje a gente pode ser, para a América Latina como um todo, um local para onde os investimentos de grandes empresas internacionais podem vir. A gente tem tudo para isso.

Valor: Mas isso já não está ocorrendo?
Biasoto: Está ocorrendo em parte, mas o pepino é o fato da taxa de câmbio estar muito valorizada e com tendência de continuar valorizada.

Valor: O que deve ser feito para combater essa valorização?
Biasoto: Na verdade, o mercado é mal articulado. Há uma tendência de valorização da moeda. Na hora em que você deixa os bancos trabalhando com limites super-extensos, permitindo que eles fiquem em posições que eles querem, comprados ou vendidos, em que há um mercado imenso de derivativos no exterior, que possibilita que os bancos façam a contraface disso aqui dentro, é lógico que vai ter tendência à valorização. O pior é ficar acumulando reservas com uma política cambial completamente passiva. Lembra qual era a crítica ao overnight? Era que havia uma zeragem automática, então o cara passava o dia inteiro especulando e chegava no final do dia ele ainda tinha aquela taxinha, então tudo bem, ele não perdia. O que acontece hoje? O sujeito pode fazer o que quiser durante o dia porque ao final o Banco Central vai lá e compra tudo que sobrou no mercado, para tentar manter a taxa de câmbio sem despencar.

Valor: Os juros vão subir em 2010, como prevê a maior parte dos analistas?
Biasoto: Acho que sim, e até por isso o crescimento não será de 6%. O Banco Central deverá aumentar as taxas de juros logo em março, por um simples cálculo econômico e político. É plenamente defensável que ele olhe o cenário eleitoral e antecipe uma elevação. Se elevar os juros perto da eleição, vai dar margem para uma enorme manipulação política. Nesse momento, estamos com crescimento forte, com expansão fiscal muito expressiva e crédito aumentando. É muito provável que o BC estanque essa aceleração antes que se descontrole. Não acho bom uma economia tão débil, do ponto de vista da infraestrutura, crescer tão rápido como estamos crescendo. Podemos crescer forte num ano, mas em seguida começaremos a bater nos gargalos. Além disso, se existirem movimentos, e eu acho que vai haver, de excesso de déficit em conta corrente e algum perigo nos fluxos de capitais, o Banco Central vai elevar ainda mais as taxas de juros. O que vai acontecer é que o governo, por meio do Banco Central, vai usar a taxa de juros como forma de controlar o fluxo de capitais.

Valor: Mas o BC não se preocupa apenas com a meta de inflação?
Biasoto: De jeito nenhum. A inflação, do ponto de vista de quem decide a taxa, é o segundo elemento. O primeiro elemento é a taxa de câmbio. Ele diz isso porque é o discurso. A política econômica é um jogo de taxa de câmbio e taxa de juros.

Valor: Não é o tripé regime de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal?
Biasoto: O câmbio é a variável fundamental para o controle da inflação. Como é que eles conseguiram controlar a inflação durante todo o período Palocci [ministro da Fazenda entre 2003 e março de 2006]? Câmbio em trajetória de valorização, IGPs caindo, porque a outra parte da meta não é controlável em curto espaço de tempo. É lógico que há momentos em que eu tenho que trabalhar a elevação de juros para controlar o excesso de demanda. Mas o dado macroeconômico mais crucial é a relação entre o preço da moeda nacional, que é o juro, e a taxa de câmbio. O estrutural é isso. O sentido das metas é regime de controle da demanda interna e das expectativas.

Valor: Como se muda esse cenário?
Biasoto: Primeiro, tem que atuar no mercado. Em vez de atuar só no final do dia, o BC tem de trabalhar no mercado, fazendo compras e vendas, tem que reduzir a condição dos bancos de fazer operações. Tem que limitar, se não nunca vai dar certo.

Valor: Qual é o problema dessa atitude previsível do BC?
Biasoto: Não é previsível, é passiva. Ela ajuda a valorizar o câmbio. O mercado sabe direitinho o que o BC vai fazer, qual vai ser a taxa de câmbio. Não há problema, ele pode especular, vender e comprar e no fim do dia vai conseguir no mínimo ficar com a operaçãozinha casada.

Valor: O que o sr. acha da ideia de que uma política fiscal mais apertada ajuda a ter um câmbio naturalmente mais desvalorizado?
Biasoto: Não é verdade. O nosso problema é que nós temos uma economia de fato superaberta e que os fluxos de capital são "n" vezes maiores aos fluxos reais. Não são apenas os fluxos efetivos, mas os fluxos potenciais, como os de derivativos.

Valor: Qual é a condição para baixar os juros no Brasil para níveis nunca experimentados?
Biasoto: A condição é derivada do manejo dos fluxos financeiros pelos bancos. No fundo, da forma como está, isso nunca vai acontecer. Os bancos estão todos articulados para fazerem a administração de carteiras contando com esse sistema. Basta olhar o tamanho das taxas de administração dos fundos de investimentos dos bancos. É escandalosa. É possível reduzir a taxa de juros? Sim, mas você precisa de um nível de controle maior sobre a gestão de liquidez dos bancos e sobre a gestão de entrada e saída dos fluxos financeiros da qual os bancos participam pesadamente. Com os dois você talvez tivesse espaço para reduzir a Selic.

Valor: Qual são os empecilhos para reduzir a Selic abaixo dos 8,75% atuais?
Biasoto: A remuneração da poupança é o grande pepino. Aí você baleia a forma de gestão dos bancos. Se você tirar as taxas de administração dos bancos, você reduz o lucro deles pela metade. E o fato de você baixar para 7,75%, por exemplo, levaria muito dinheiro para a poupança.