19 de dez. de 2009

Serra corre atrás de Aécio

Aécio Neves inverteu o jogo: Serra tinha o controle do 'timing' e da estratégia do PSDB na disputa à Presidência da República, com Aécio prontinho para sair da reserva e entrar em campo. Agora, Aécio comunica publicamente que está fora, deixa de ser refém dos interesses de Serra e transforma o próprio Serra, de alguma forma, em seu refém.

Ao tirar a camisa de candidato, Aécio deixou o PSDB e principalmente o próprio Serra sem alternativa: até ontem, o governador de São Paulo podia ou não ser candidato, ao sabor das pesquisas, do crescimento ou não de Dilma Rousseff; a partir de ontem, tem de ser candidato, querendo ou não.

Por ironia, quem definiu o "timing" da oposição e do próprio Serra foi Aécio, que vai passar uns tempos recolhido a Minas, aguardando uma procissão de pedintes do PSDB, do DEM e do PPS para que aceite ser vice de Serra. Enquanto isso, Serra vai ter de fazer o que não queria de jeito nenhum agora: parecer, e não apenas ser, candidato.

Isso significa que vai ser compelido a ficar cara a cara com Lula e sua alta popularidade, a entrar antes do tempo no jogo plebiscitário Lula X FHC e ao mesmo tempo coordenar a discussão sobre quem, afinal, será o vice na sua chapa.

Dez entre dez oposicionistas sabem que a união São Paulo-Minas seria fortíssima em 2010, como, de resto, em qualquer eleição nacional, de qualquer tempo. Ainda mais se os dois governadores, como são Serra e Aécio, têm alta aprovação popular. Mas falta combinar com o adversário: o próprio Aécio.

Com ele na chapa, a oposição respiraria aliviada e o Planalto estremeceria. Sem ele, vai ser uma busca infernal. Outro mineiro? O ex-presidente Itamar Franco, por exemplo?

Aécio está com a faca e o queijo na mão. Serra considerava conveniente tê-lo na disputa à Presidência, para adiar o jogo, dividir os holofotes e críticas e esperar para ver. Logo vai descobrir o quanto é fundamental tê-lo de fato, de direito e de coração na campanha tucana. Se é que já não está careca de saber.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u668504.shtml

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