15 de dez. de 2009

PMDB pressiona

Correio Braziliense - Izabelle Torres

Defensores da aliança cobram de Lula declaração em favor de Temer para vice

Na ressaca das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o PMDB deveria indicar três nomes para que a ministra Dilma Rousseff escolha um para ocupar a vaga de candidato a vice, a legenda decidiu movimentar peças no jogo que até então se mantinha apenas nos bastidores. Os defensores da aliança do partido com o PT resolveram se antecipar às articulações e anunciaram que o nome de Michel Temer (PMDB-SP) será o indicado na convenção. “A mesma chance de Temer não ser o vice nessa aliança é a da Dilma não ser a candidata dos petistas. O Temer está para nós como a Dilma está para eles. Sendo assim, não daremos opção. Claro que essa decisão terá de ser confirmada na convenção”, anunciou o líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Para o líder, apesar do entendimento da cúpula partidária de que o momento é adequado para a divulgação do nome preferido à vaga de vice, a decisão final sobre a aliança ainda está pendente, já que os cenários nos estados ainda terão de ser avaliados. “A ideia é respeitar as realidades regionais antes de decidir.” A nova posição de Alves soa também como um recado, já que antes da polêmica declaração de Lula o grupo que apoia o casamento entre PT e PMDB para 2010 estava disposto a fazer um discurso mais duro sobre os cenários estaduais. Além disso, apesar de os governistas alardearem que o problema com os peemedebistas foi resolvido, a cúpula da legenda ainda aguarda um pedido formal de desculpas do presidente Lula. Acreditam que os recados de ministros e parlamentares dados até o momento não foram suficientes para curar as feridas e o desconforto de Michel Temer.

Apesar da estratégia de Alves e da tese da ala governista do PMDB de que antecipar o nome de Temer como favorito serve para mostrar ao Planalto que a legenda está disposta a jogar duro para impor seu candidato, o próprio presidente da Câmara optou pela cautela. Ontem, disse que ainda é cedo para decisões e que ainda não é o candidato a vice da ministra Dilma em 2010. “Está muito cedo para definir politicamente quem será presidente ou vice. Essas definições vão começar a ser esboçadas entre março e maio de 2010. A escolha do vice depende de uma circunstância política. O PT fala, o PMDB fala, mas eu nunca disse que seria candidato a vice”, garantiu.

Tucanos

Com a legenda dividida sobre qual posição deve adotar na eleição de 2010, também ganhou força no jogo o grupo que defende a aliança com o PSDB. A ala a favor da união entre peemedebistas e tucanos encontrou na reeleição fácil de Orestes Quércia para a presidência do PMDB de São Paulo um argumento a mais em defesa do abandono do barco petista na próxima eleição. “Quércia venceu com 88% dos votos e é um defensor fiel da aliança com José Serra. Se soma a isso o fato de que até quem defende a aliança com a Dilma está insatisfeito com as últimas declarações do presidente Lula, que tentou interferir na escolha do nome que vamos lançar. O resultado é que a tese sobre a nossa aliança com o PSDB se fortalece. Não há dúvidas disso”, comentou o deputado Mauro Lopes (MG).
A mesma chance de o Temer não ser o vice nessa aliança é a da Dilma não ser a candidata dos petistas. O Temer está para nós como a Dilma está para eles

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