18 de dez. de 2009

Serra tentou empurrar decisão de Aécio para fevereiro

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), tentou adiar a decisão do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), na conversa que tiveram, por telefone. Serra queria empurrar a decisão para fevereiro, apurou a Folha com aliados do governador mineiro.

Com a saída de Aécio do cenário nacional, Serra agora está mais exposto. É isso o que ele quis evitar ao tentar manter o mineiro pré-candidato a presidente ao menos mais dois meses. O paulista vinha insistindo que só a partir de março trataria dessa questão eleitoral.

A decisão de Aécio, porém, já estava tomada e ele agora passa a ser candidato ao Senado. Nem mesmo as pressões para que o mineiro seja vice de Serra estão sendo consideradas. Ninguém no PSDB de Minas trabalha com a possibilidade de haver a chapa "puro sangue", como vem sendo tratada.

Questionado sobre essa possibilidade, o presidente do PSDB-MG, deputado federal Narcio Rodrigues, disse à reportagem: "O lugar que permite ao Aécio exercitar a sua liderança nacional é o Senado".

Em outras palavras, se aceitasse ser vice de Serra, Aécio ficaria amarrado politicamente, no entendimento do seu grupo. Narcio disse que a própria decisão de Aécio de anunciar a sua saída do processo interno de escolha do PSDB mostra essa independência.

"Foi uma visão estratégica. Se o Aécio tivesse que ser candidato, teria que ter tempo para construir aliança. Tentamos mostrar que ele é o perfil que mais aglutina, mas isso não sensibilizou o partido. Ele não vai ficar a reboque de uma indecisão partidária, de uma postura do Serra", afirmou.

Narcio disse que os tucanos mineiros consideram correta a posição de Serra --que, por ter "alta visibilidade" no cenário nacional, não precisa decidir nada agora, ao contrário.

Secretário-geral do partido, o deputado estadual Lafayete Andrada disse que a decisão precisava ser tomada pela necessidade de uma construção político-eleitoral em Minas. "Essa decisão tem o sentido da unidade, mas nós [de Minas] ficamos livres para acertar as coisas por aqui", disse.

O deputado federal Ciro Gomes (PSB) e o ministro Carlos Lupi (PDT) estão entre os políticos de fora do ninho tucano a quem Aécio comunicou antecipadamente a sua decisão. Lupi foi informado pessoalmente, pois estava em Belo Horizonte.

Antes de Aécio fazer seu pronunciamento, o ministro havia dito que, se o mineiro fosse candidato do PSDB, o PDT poderia rever sua posição e apoiá-lo. Com Serra, disse Lupi, o PDT vai apoiar a virtual candidatura de Dilma Rousseff (PT).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u668267.shtml

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