14 de dez. de 2009

PMDB cobra declaração de Lula para desfazer mal-estar sobre escolha de vice

da Folha Online - GABRIELA GUERREIRO

O PMDB cobra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma manifestação pessoal para desfazer o mal-estar provocado pela sua declaração, feita na semana passada, de que os peemedebistas têm que indicar uma lista tríplice para que o PT escolha quem deve ser o candidato a vice da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em 2010.

Apesar de Dilma, do presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e de outros petistas terem entrado em campo para minimizar o mal-estar, a cúpula peemedebista continua à espera de uma declaração de Lula sobre o caso.

O PMDB cobra que Lula telefone para o presidente licenciado da legenda, Michel Temer (SP), para se explicar sobre as suas declarações --o que não ocorreu até agora. O presidente designou emissários para apagar o incêndio junto ao PMDB, mas integrantes do partido não se mostraram satisfeitos com o gesto de aliados de Lula.

"Falta uma palavra do presidente Lula ao Temer. Para encerrar esse episódio, é o que fica faltando. A Dilma é a Dilma, o Berzoini é o Berzoini, mas o Lula é o Lula. A relação dele com o Michel [Temer] é tão boa, falta essa palavra", disse à Folha Online o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Além de Dilma e Berzoini, Temer foi procurado pelo líder do PT na Câmara, Candido Vacarezza (PT-SP), e pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O presidente, no entanto, ainda não se manifestou sobre o caso.

A cúpula peemedebista ficou irritada com o que chama de "exploração política" do episódio por adversários políticos da legenda. "Essa exploração só vai cessar quando o presidente tiver essa conversa respeitosa com o presidente Temer", afirmou Alves.

O líder disse que o PMDB "sequer considerou" a proposta de lista tríplice de Lula, por isso não será examinada pelo partido --que fez duras críticas à interferência do presidente na legenda aliada.

Na sexta-feira, durante visita ao Maranhão, Lula disse que o PMDB "tem todo o direito de exigir a vice" numa chapa liderada por Dilma, mas sugeriu que o partido, em março, prepare uma lista tríplice e apresente à ministra da Casa Civil para que ela escolha um nome.

Na opinião do presidente, Dilma deve ter autonomia para escolher o vice-presidente em sua chapa porque precisa ter afinidade com o seu futuro companheiro de trabalho --caso eleita.

Irritada, a cúpula do PMDB divulgou nota na qual não descarta lançar candidato próprio ao Palácio do Planalto no ano que vem e classifica a declaração de Lula de "intromissão de terceiros" no partido. "O PMDB, maior partido do Brasil, não vê como devida a intromissão de terceiros, por mais respeitáveis que sejam, em assuntos de sua exclusiva competência interna", afirmou a nota.

Panos quentes

Padilha, que conversou com Temer, minimizou hoje o mal-estar ao afirmar que a aliança PT-PMDB em 2010 será mantida. "Os ânimos já estão se acalmando. Temos uma relação com o PMDB que é muito forte no nosso governo. A postura do presidente Michel Temer na Câmara reafirma isso. Tem um compromisso grande do PMDB com as questões centrais do nosso governo."

Na opinião de Padilha, a dura reação de Temer às palavras de Lula são consequência das especulações de que a Polícia Federal teria informações sobre o seu suposto envolvimento nas irregularidades do mensalão do DEM no Distrito Federal.

"Eu senti que o maior desconforto do presidente Michel Temer não tinha a ver com declarações e sim com insinuações que poderiam estar existindo sobre informações da Polícia Federal, que já foram negadas pela PF e pelo Ministério da Justiça", afirmou.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u666336.shtml

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