17 de dez. de 2009

Meirelles diz que não aspira à vice; PMDB também não o quer lá

NATUZA NERY - REUTERS

BRASÍLIA - A depender da declaração dada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nesta quinta-feira, ele não estaria hoje na lista tríplice pedida ao PMDB pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a indicação do vice na chapa da ministra Dilma Rousseff.

"Eu não tenho pretensões a cargos dessa ordem, a cargos de âmbito nacional", disse ele no programa de rádio Bom Dia, Ministro.

Meirelles é "cristão-novo" no partido. Ingressou no PMDB em setembro para ter legenda nas eleições de 2010. É cotado a quase tudo: governo de Goiás, Senado Federal e vice-presidente ao lado da ministra. A princípio, Lula o quer à frente do BC até dezembro, o que o deixaria fora da disputa eleitoral.

A vaga de vice é o caminho mais difícil. O presidente da República até que gostaria de vê-lo no posto em detrimento do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), principal cotado à vaga, mas Meirelles não tem o apoio dentro do PMDB.

A ideia da lista tríplice, por outro lado, acabou elevando seu passe e desvalorizou o de Temer, influente na legenda e, portanto, fundamental ao desfecho da aliança. A matemática, no entanto, pesa contra o chefe da autoridade monetária: ele não teria votos na convenção do PMDB que decidirá o destino do partido. Ele sequer tem direito a voto, pois não preenche ainda os requisitos a essa finalidade.

Por isso a declaração do titular do BC não pode ser lida de forma isolada. Ela vem justamente num momento em que Temer --licenciado do comando da legenda--precisa reunir todo o apoio que puder para se tornar viável.

O PMDB sequer trata Meirelles como possibilidade. Quando trata, é para reforçar que ele, chamado de "cristão novo" nas rodas peemedebistas, não tem chance alguma de ser indicado à vaga.

Apesar disso, seus colegas reconhecem seu esforço em adquirir um pouco mais de vida partidária.

"Ele está tentando se aproximar", disse o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), anfitrião de um jantar há dois dias em que Meirelles foi um dos poucos convidados.

A declaração de Meirelles desta manhã foi vista por Temer como um esforço de não estimular a polêmica da lista tríplice e sobretudo de seu nome fazer parte dele, disse uma fonte do partido.

O comentário, porém, argumentou a fonte, não é taxativo pois o desinteresse mostrado pode não refletir o desejo do presidente Lula.


http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE5BG0GO20091217

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