Rodrigo de Almeida, iG Rio de Janeiro
RIO DE JANEIRO - Depois de nos últimos dias ter emitido sinais de que recuaria do projeto presidencial, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), negou nesta segunda-feira, no Rio, ter desistido da disputa para concorrer ao Senado. Ele voltou a cobrar pressa na decisão dos tucanos, divididos entre ele e o governador de São Paulo, José Serra, para ser o candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Janeiro é o momento ideal para o PSDB tomar sua decisão. Se demorar, os ativos que eu poderia agregar à nossa candidatura já terão buscado outras alianças”, disse Aécio. Segundo o governador, o escândalo envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM) – acusado de comandar um esquema de cobrança de propina e pagamento de mesada a políticos aliados – reforçou a necessidade de ampliar o leque de aliados. “O episódio não afetou a aliança do PSDB com o DEM e o PPS, mas deveríamos sair da comodidade e buscar aliados do governo Lula que não estarão necessariamente com o PT”, explicou.
Rejeitando a possibilidade de uma chapa “puro-sangue” do PSDB, Aécio citou, como outros possíveis aliados, o PSB do também pré-candidato à Presidência Ciro Gomes, o PDT e o PP. “Se passarmos de janeiro, essas forças já terão tomado outros rumos”, disse o governador mineiro, em entrevista após um almoço com cerca de 300 empresários fluminenses na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Ele e o empresário Robson Braga, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), foram homenageados pela Firjan.
Apesar de descartar nesta terça a desistência da disputa presidencial, Aécio vinha dando sinais de recuo. Tem elogiado Serra em entrevistas e já teria dito ao presidente do PSDB, senador Sergio Guerra, que vai concorrer ao Senado. No Rio, porém, o governador mineiro negou qualquer conversa com Guerra. “Há muita especulação”, criticou. “As coisas não mudaram. Se o PSDB quiser, serei o candidato a presidente, por achar que tenho maiores condições de agregar outras forças políticas”.
“PSDB não tem medo de comparação”
Aécio falou como candidato aos empresários do Rio. Ironizou os paulistas ao mostrar dificuldade com o microfone – “parece coisa de paulista”, brincou –, destacou a proximidade entre Minas e Rio e apresentou o que, segundo ele, deverá ser a nova agenda do País a partir de 2011. “Precisamos fugir da armadilha de uma eleição plebiscitária, buscando saber quem foi melhor: Fernando Henrique Cardoso ou Lula. O que vamos discutir é: o que ficou por fazer”, sublinhou. Questionado pelo iG, disse que o PSDB “não tem medo da comparação, apenas é uma falsa discussão que não nos levará a lugar algum”. Para ele, “o Brasil não foi descoberto em 2003” e que o País viveu um “período virtuoso graças à continuidade dos governos Itamar, Fernando Henrique e Lula”.
O governador mineiro disse ainda que o PT “entrou num terreno perigoso” na propaganda eleitoral gratuita, ao fazer um discurso que, segundo ele, divide o País. “Eles tentam mostrar o País dividido entre aqueles que estão contra e a favor dos mais pobres. Quem é adversário é defensor das elites e dos privilégios. Isso é falso”.
Embora tenha voltado a elogiar os avanços sociais obtidos no governo Lula, o pré-candidato tucano criticou o presidente. “O governo perdeu um período precioso nos seis anos anteriores à crise econômica internacional”, disse. “Faltou vontade política para realizar reformas importantes”, ecoando os discursos do presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, e da Fiemg, Robson Braga, que cobraram uma agenda de reformas para 2011: previdenciária, trabalhista, fiscal e política, além da desburocratização do Estado. “Precisamos trabalhar para ter uma gestão pública eficiente e de qualidade”, disse Aécio, citando o que considera ser a principal bandeira de sua administração à frente do governo mineiro.
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2009/12/14/aecio+nega+desistencia+pede+pressa+ao+psdb+e+cobra+ampliacao+de+aliancas+9233488.html
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