15 de dez. de 2009

Temer minimiza mal estar com Lula e diz que PMDB decidirá com autonomia vice de Dilma

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Depois do mal estar entre PT e PMDB, provocado pela declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que caberá à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) escolher o nome do peemedebista que vai integrar sua chapa à Presidência da República em 2010, o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), minimizou o episódio nesta terça-feira.

Temer disse que o assunto não tem mais "sequência", uma vez que o PMDB já deixou claro que tem autonomia para escolher o indicado numa eventual chapa com Dilma. "O que houve foi uma posição do PMDB em relação à fala do presidente. A posição do PMDB foi declarada, estamos por aí. Não há mais sequência nesse assunto", disse Temer.

A cúpula do partido cobrava uma declaração pública de Lula para dar fim ao mal estar. Ontem à noite, o presidente ficou ao lado de Temer durante a abertura da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação).

Em clima de harmonia, os dois caminharam lado a lado e tiveram uma rápida conversa --que, segundo interlocutores de Temer, não incluiu o episódio.

Temer disse que, se o PMDB efetivamente firmar aliança com o PT, o partido vai decidir com autonomia qual será o vice na chapa de Dilma. "Sempre tenho dito que, se houver aliança, vamos examinar com muita calma qual o melhor nome para a vice. Disse isso, inclusive, ao presidente. Vice não é candidato, é circunstância política. No momento exato vamos verificar o melhor nome, se houver aliança", afirmou.

Temer é cotado, dentro do PMDB, como o nome mais forte para ser indicado à vice-presidência na chapa de Dilma. Os peemedebistas, no entanto, ameaçaram romper com a aliança depois que Lula disse que o partido deveria indicar uma lista tríplice para que Dilma escolha quem deve ser o seu vice.

A cúpula do PMDB chegou a divulgar nota na qual anunciou que não descarta lançar candidato próprio ao Palácio do Planalto no ano que vem e classifica a declaração de Lula de "intromissão de terceiros" no partido.

"O PMDB, maior partido do Brasil, não vê como devida a intromissão de terceiros, por mais respeitáveis que sejam, em assuntos de sua exclusiva competência interna", diz a nota.

Peemedebistas também cobraram que Lula telefone para Temer para se explicar sobre as suas declarações --o que não ocorreu até agora. O presidente designou emissários para apagar o incêndio junto ao PMDB, mas integrantes do partido não se mostraram satisfeitos com o gesto de aliados de Lula.

"Falta uma palavra do presidente Lula ao Temer. Para encerrar esse episódio, é o que fica faltando. A Dilma é a Dilma, o Berzoini é o Berzoini, mas o Lula é o Lula. A relação dele com o Michel [Temer] é tão boa, falta essa palavra", disse à Folha Online o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Além de Dilma e Berzoini, Temer foi procurado pelo líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (PT-SP), e pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O presidente, no entanto, ainda não se manifestou sobre o caso.

A cúpula peemedebista ficou irritada com o que chamou de "exploração política" do episódio por adversários políticos da legenda. "Essa exploração só vai cessar quando o presidente tiver essa conversa respeitosa com o presidente Temer", afirmou Alves.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u666703.shtml

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