14 de dez. de 2009

PMDB unifica discurso de defesa a Temer

Valor Econômico - Ana Paula Grabois

Apesar das inúmeras divergências internas em relação aos rumos que deve tomar nas eleições de 2010, o PMDB mostrou-se unido ontem ao defender o presidente nacional licenciado da legenda e presidente da Câmara, Michel Temer. Durante a convenção estadual do partido em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, que foi reeleito com 597 votos e manteve sua hegemonia na direção estadual do PMDB, disse que prestava solidariedade a Temer contra as acusações de um suposto envolvimento em esquema de propina descoberta pela Polícia Federal.

Ao contrário de Temer, um aliado do governo Lula e defensor de uma aliança com o PT no primeiro turno das eleições do ano que vem, Quércia fechou acordo com o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB. No acordo, Serra apoiaria Quércia para o Senado em 2010 em troca do apoio do PMDB no Estado. Temer defende que um nome do PMDB seja o vice da candidata do governo para presidente, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ele é um dos cotados para a vaga.

O evento de ontem, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, também contou com o governador do Paraná, Roberto Requião, que tenta promover sua pré-candidatura a presidente da República pelo PMDB em 2010. A decisão sobre a candidatura só ocorrerá em junho, na convenção nacional da legenda. O governador do Paraná fez uma defesa firme de Temer. "As acusações são absolutamente ridículas e impossíveis tendo em vista a sua história de vida e merecem um grito de protesto", afirmou Requião.

Temer agradeceu a solidariedade dos dois e de "todo o PMDB de São Paulo". Disse já ter tomado providências na Justiça contra as denúncias de participação no esquema. "Não é agora, depois de mais de 35 anos de vida profissional e universitária e de 30 anos de vida pública, que vou permitir que um estelionatário já condenado pela Justiça de São Paulo monte um vídeo para tentar acusações contra o presidente nacional do PMDB", afirmou Temer, para quem as denúncias têm relação com o fato dele ser um dos nomes cotados para vice na chapa de Dilma. "Toda vez que você pode ocupar um cargo qualquer, começa o tiroteio", afirmou.

Sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o PMDB deveria elaborar uma lista de três nomes para que a ministra Dilma possa escolher o vice de sua chapa, Temer foi econômico nas palavras e poupou críticas a Lula. "O PMDB é soberano para fazer o que quiser. Na verdade, o adequado é que o PMDB indique o candidato, que não precisa ser necessariamente eu", disse Temer. Requião foi irônico com a proposta de Lula. "Tríplice eu já nem quero porque eles podem colocar gente do BC. Proponho uma lista sêxtupla para que possamos colocar um vice do PT na chapa do PMDB", disse. Crítico da política econômica, mas admirador das políticas sociais do governo Lula, Requião disse que uma eventual aliança no segundo turno, caso seja confirmado candidato, será feita por critérios programáticos, sem descartar o PT ou o PSDB.

O deputado federal e ex-prefeito de Osasco Francisco Rossi teve 73 votos. Rossi decidiu concorrer há apenas duas semanas, na tentativa de tirar do poder o grupo de Quércia do PMDB e de furar o acordo regional com Serra. Sua candidatura teria o apoio de Michel Temer, mas o presidente do PMDB negou qualquer tipo de participação. Cerca de 670 delegados, de um total de 750, votaram ontem.

http://www.valoronline.com.br/?impresso/politica/99/6000048/pmdb-unifica-discurso-de-defesa-a-temer

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