27 de nov. de 2009

Em visita ao Ceará, Serra tenta se vender como um 'político do Brasil'

O GLOBO - Isabela Martin

FORTALEZA - Em visita à região onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem índice de aprovação superior a 80%, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) tentou desfazer ontem a imagem de antinordestino, que é forte entre os cearenses, e se vendeu como um "político do Brasil". Convidado a falar sobre Cenários do Brasil pelo Centro Industrial do Ceará (CIC), Serra usou grande parte do seu discurso para citar ações executivas que teve como ministro do Planejamento ou como deputado constituinte que ajudaram o Nordeste ou especificamente o Ceará.

- Dizem que sou um político de São Paulo. Sou um político nacional. Sempre me guiei por uma visão nacional. Certo ou errado - disse para a plateia formada principalmente por empresários na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). - Sou um político do Brasil, disse mais tarde em entrevista à TV Jangadeiro, de propriedade do senador tucano Tasso Jereissati (CE).

A pecha de antinordestino ganhou peso a partir de 2002 quando o então governador Tasso Jereissati (PSDB) endossou a candidatura do cearense Ciro Gomes (na época do PPS). Sem o apoio firme do próprio partido, Serra teve um desempenho pífio no estado (8,53% dos votos válidos, contra 44,49% de Ciro e 39,36% de Lula).

Mesmo evitando falar como pré-candidato do PSDB, Serra disse que hoje sabe se relacionar mais com as pessoas do que em 2002, quando perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva a Presidência da República.

- Aprendi a ficar mais perto das pessoas. (Antes de 2002) Só tinha sido secretário de governo nomeado por governador ou Presidente da República. Depois fui eleito prefeito e governador. Você aprende a se relacionar mais, a ficar mais próximo, disse na entrevista à emissora de TV, gravada após o evento.

Segundo Serra, a experiência de ministro e a função executiva de governador contribuíram porque é preciso dar atenção a todas as áreas.

Presenteado pelo presidente do CIC, Robinson Passos de Castro e Silva, vice-presidente do Ceará, com uma camisa do time que acaba de subir para a primeira divisão do Brasileiro, ficou clara a tentativa do governador de São Paulo de se aproximar dos nordestinos.

Na palestra, Serra disse que o Fundo Constitucional do Nordeste foi uma iniciativa sua como constituinte. Sobre o Ceará, citou quatro obras estruturantes para as quais teria assegurado recursos quando foi Ministro do Planejamento no governo de Fernando Henrique, como o Porto do Pecém, e o Aeroporto.

- Por alguma razão se tenta espalhar que Serra não gosta do Nordeste e do Ceará - disse Jereissati após a exposição do tucano para em seguida criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Eu não conheço uma obra, em oito anos, estruturante ou semi-estruturante, pronta no Ceará.

Depois de criticar várias vezes a antecipação do calendário eleitoral, Serra elogiou o governador de Minas, Aécio Neves - que disputa com ele a indicação do PSDB. Ele disse que é um nome importante para ser considerado para presidente da República.

- É uma das possibilidades para presidente, sem dúvida nenhuma.

À tarde, ao lado de Jereissati, Serra visitou a Basílica de Canindé, um importante centro de romaria, localizado na cidade distante 102 quilômetros de Fortaleza. Depois participou de um evento do PSDB.

O evento foi prestigiado pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Mas Serra negou a conotação eleitoral da sua agenda. Segundo ele, seu ritmo de viagens não está diferente. O que mudou, segundo ele, é a leitura dos fatos por conta a aproximação do ano eleitoral.

Ele tentou minimizar o resultado da última pesquisa da CNT/Sensus, em que a diferença entre ele e a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, está menor. Serra disse que não viu queda. Atribuiu as oscilações a "metodologias distintas". Sem citar nomes, não demonstrou preocupação com o bom desempenho de Dilma. Segundo ele, ela pode não ganhar as eleições, mas não vai ficar lá em baixo nas pesquisas. Ele também previu uma eleição apertada.

- A eleição do ano que vem não vai ter resultado de 4 a 0 ou 6 a 0. Vai ser apertado como foi com Lula (em 2002). Se fosse uma contagem de futebol, seria mais ou menos 3 a 2.

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/11/27/em-visita-ao-ceara-serra-tenta-se-vender-como-um-politico-do-brasil-914962202.asp

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