MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
O novo presidente do PT, José Eduardo Dutra (SE), afirmou nesta quarta-feira que "sem sapato alto" o partido tem condições de vencer a sucessão presidencial de 2010. Dutra revelou que a principal arma do PT para a disputa eleitoral será "chamar a população" para comparar os oito anos do governo Lula com os oito anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dutra reconheceu que a disputa eleitoral --a primeira sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos 20 anos-- será difícil, mas provou o PSDB afirmou que o PT é "indiferente" em concorrer com o governador de São Paulo, José Serra, ou com o governador mineiro Aécio Neves.
"Temos condições de ganhar sem salto alto. Vai ser difícil a disputa qualquer que seja o adversário. Não cabe à nós fazer análise de quem é mais difícil. O PSDB é que tem que escolher seu candidato. Não temos preferência. Não vamos escolher o adversário", disse o novo presidente do PT.
O ex-senador, que será responsável pelas articulações da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), disse que a comparação entre os dois governos é um caminho natural, mas que o PT ainda vai continuar com um projeto de esperança.
"Agora nós vamos apresentar um projeto vitorioso para o Brasil. A população vai comparar dois projetos que ela conhece: o projeto da oposição, materializado nos 8 anos do governo FHC, e o nosso, materializado nos oito anos do governo Lula", afirmou.
Alianças
Dutra afirmou que vai trabalhar para costurar o apoio dos 14 partidos que atualmente formam a base do governo Lula no Congresso para a virtual candidatura de Dilma. O futuro presidente do PT, que só assume em fevereiro, disse que prefere uma única candidatura da base na disputa ao Palácio do Planalto.
"Estamos trabalhando no sentido de garantir para o palanque da nossa candidata ano que vem a mesma base de apoio que hoje tem o presidente Lula, trabalhamos nesta direção", disse.
Para Dutra, no entanto, os partidos, como o PSB que trabalham a candidatura do deputado Ciro Gomes (CE), têm autonomia para decidir seu futuro em 2010. "É lógico que a decisão de aliança depende dos partidos, eles tem autonomia para decidir. Alguns, como é o caso de Ciro Gomes, têm uma tese que respeito, mas que é diferente da nossa: de que seria melhor lançar mais de um candidato dentro da base", afirmou.
Dutra defendeu a permanência de Dilma na Casa Civil até o fim do prazo desincompatibilização, em abril.
Dentro do PT, as lideranças estão divididas sobre a saída de Dilma do governo, alguns defendem que ela se dedique a campanha já em janeiro. O dirigente reconheceu que é importante ter vitrine.
"A exposição garante que a população tenha conhecimento daquela pessoa. Se for analisar neste momento, Dilma tem um menor reconhecimento do que o Serra, mas nesse momento não é questão de escolher mais um mês ou não, mas ver o melhor par ao projeto", disse.
FHC
A estratégia de comparar Lula com FHC ganhou fôlego nesta semana depois da divulgação da última pesquisa CNT/Sensus.
De acordo com a pesquisa, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), continua liderança a corrida eleitoral, com 31,8% das intenções de voto. Mas, na comparação com dados do ano passado, Serra perdeu 15 pontos de intenção de voto.
Para a CNT/Sensus, o recuo na intenção de voto em Serra reflete a forte rejeição ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Segundo o presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio Andrade, Serra caiu em média 15 pontos percentuais desde o ano passado --quando a pesquisa chegou a registrar índices acima de 40% de apoio ao tucano na disputa com os demais candidatos.
"Há queda acentuada do Serra se comparada com listas passadas. Há um ano, ele aparecia com percentuais que variavam de 45% a 49%. Houve uma queda de cerca de 15 pontos percentuais em um ano. O Serra caiu em função do apoio do Fernando Henrique, que coloca o governador como candidato principal do PSDB. Está clara a rejeição ao ex-presidente", disse Andrade.
Segundo a pesquisa, FHC teve a rejeição de 49,3% dos eleitores ouvidos pela CNT/Sensus em novembro --que não votariam em candidatos apoiados pelo tucano. Somente 17,2% dos entrevistados responderam que votariam em nomes apoiados pelo ex-presidente tucano.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u657456.shtml
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