Correio Braziliense - Ullisses Campbell
No discurso mais longo feito desde que foi lançada como pré-candidata à Presidência da República, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, falou ontem por cerca de 40 minutos sobre projetos para 2010 e atacou a oposição. O palco foi o encontro nacional de prefeitos do PT, em Guarulhos (SP). Ao entrar no local do evento, Dilma foi aplaudida de pé e ovacionada pelos participantes com gritos de “olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma”, em alusão ao coro usado nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma minimizou o tom de campanha dizendo, em entrevista coletiva, que o encontro tratava de assuntos políticos, mas voltou a atacar a oposição. “Eles acham que são astutos ao querer dividir a base aliada. Mas, na verdade, são patéticos e desconexos”, ressaltou. Na sexta-feira à noite, a ministra-candidata já havia repetido esse discurso no encontro nacional do PCdoB, também em São Paulo.
Ao falar abertamente sobre eleição, Dilma disse que, em 2010, haverá um confronto entre o PSDB e o PT. “O que se joga no ano que vem é o confronto de dois ‘Brasis’, um que terminou em 2002 e o que o termina em 2010. Decididamente, aqueles que vão fazer o Brasil avançar não serão os que imobilizaram o país no modelo neoliberal por tantos anos”, discursou a ministra.
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, classificou o ato de ontem como “pré-campanha”. “A articulação política já começou, senhor ‘Fracassando’ Henrique Cardoso”, satirizou. A direção nacional do PT orientou os prefeitos a não chamarem Dilma de senhora. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi o primeiro a esquecer a recomendação. “Senhora é a sua vovozinha”, rebateu Dilma. A partir de agora, a ministra-candidata quer ser chamada de “companheira”.
Embora Dilma frise que não está fazendo campanha, os militantes do PT aproveitaram para distribuir no encontro em que a ministra foi a estrela um livreto intitulado Arrocho, descaso e má gestão. A capa tem as cores do PDSB e uma ilustração em que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aparece com olhos vermelhos. No mesmo livro, outra figura mostra o tucano com uma palmatória na mão e cinco funcionários da Educação machucados, como se tivessem levado uma surra de Serra. “Aprenderam a lição?”, questiona o personagem que representa o governador.
Maracujina
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, defende que Dilma deixe a Casa Civil o quanto antes para se dedicar integralmente ao projeto de 2010 e sugeriu aos tucanos que tomem maracujina para se manterem calmos. “Eles andam muito nervosos. Devem ter motivos para ter medo. Posso dizer que as coisas vão piorar porque vamos eleger Dilma no ano que vem”, ressaltou o senador.
Mercadante prevê que o grande salto na campanha de Dilma vai ocorrer quando Lula começar a fazer comícios para se despedir da população. “Nesse momento, haverá muita emoção, porque o povo sentirá um vazio muito grande. E o povo vai perceber que, para preencher esse vazio, só mesmo a Dilma”,
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/11/08/politica,i=153474/SENHORA+NEM+PENSAR+AGORA+E+COMPANHEIRA.shtml
8 de nov. de 2009
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