FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em São José dos Campos
O possível apoio do PSOL à candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência da República pode inviabilizar a reedição, nas eleições do ano que vem, daquela que ficou conhecida como "frente de esquerda" --aliança entre PSOL, PSTU e PCB que, em 2006, deu sustentação à candidatura da ex-senadora Heloísa Helena.
Principal parceiro eleitoral do PSOL, o PSTU anunciou que um acerto com Marina Silva está fora de cogitação. De acordo com o presidente nacional e pré-candidato do partido à Presidência, José Maria de Almeida, o PSTU vai ter candidato próprio caso o PSOL decida pela composição com o PV.
"Não tem nenhuma possibilidade de o PSTU avançar em um acordo dessa natureza. Nós estamos lançando neste mês uma pré-candidatura à Presidência da República, ainda para defender a possibilidade de uma frente de esquerda. Mas, caso não aja essa possibilidade, o PSTU terá uma candidatura própria no ano que vem."
De acordo com Almeida, a candidatura de Marina Silva representaria a continuidade do projeto político do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual o PSTU se opõe.
"A Marina segue essencialmente o campo do governo Lula. Nem sequer na questão ambiental podemos dizer que ela representa uma diferença fundamental ao que foi o governo Lula. A esquerda socialista tem que se apresentar de maneira independente", disse Almeida.
O deputado federal Chico Alencar (RJ), vice-líder do PSOL na Câmara, confirmou ontem que o partido tem interesse em discutir uma aliança com Marina e o PV. Segundo ele, o sinal verde para as primeiras conversar formais deve ser dado amanhã, em uma reunião da executiva nacional.
"O PSOL está aberto a debater. É o momento de abrir as janelas, o que não significa escancarar portas de maneira a descaracterizar o partido."
Com a provável candidatura de Heloísa Helena, principal nome do partido, ao senado por Alagoas (a ex-senadora já disse que não quer disputar a Presidência), a reedição da "frente de esquerda" e o apoio a Marina são os dois caminhos no horizonte do PSOL, disse Alencar.
Segundo ele, o partido tem interesse em ter PSTU e PCB ao seu lado em 2010. Mas apontou que a candidatura de Marina Silva conta hoje com grande simpatia dentro do PSOL.
"A Marina pode representar uma cunha nessa polarização [entre PT e PSDB] e enfraquecer tanto o continuísmo do lulismo galopante quanto o regressismo tucano. E isso deve ser levado em consideração em uma eleição", afirmou Alencar.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u650569.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário