Veja Online - Por Luiz De França
Submeter-se à cirurgia plástica para parecer mais jovem, trocar o vestuário para ficar menos sisudo, falar de forma mais clara, ser mais simpático. Esses são alguns dos recursos que podem ser utilizados para seduzir alguém - e esse alguém pode ser o eleitor. Os candidatos a sedutor, é claro, são os políticos. A menos de um ano da eleição, os principais pré-candidatos à Presidência já lançam mão das artimanhas - ou ao menos deveriam, segundo os marqueteiros.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, saiu na frente. Fez plástica, trocou o guarda-roupa, está se esforçando para falar de maneira menos técnica, mais coloquial, e tem lutado para derreter a imagem de durona. Contudo, alterar demais a imagem para atrair votos pode ser uma estratégia arriscada.
"Sou contra impor a qualquer candidato um perfil que ele não tem, pois pode parecer falso. Toda fez que isso acontece, não dá certo", afirma Fernando Barros, diretor da agência de propaganda Propeg. "O marketing político não ganha eleição, só ajuda. Se for mal feito, até prejudica", diz Gaudêncio Torquato, diretor da GT Marketing e Comunicação. Às duas impressões, o publicitário Nelson Biondi, da Nova Estratégia, acrescenta: "Não adianta inventar muito porque, em geral, o eleitor já tem uma imagem do candidato formatada na cabeça".
Onça e tucanos - Apesar das advertências, é de se esperar que todos os candidatos ao Palácio do Planalto adotem algum artifício para se vender melhor como opção ao comando do país. Então, levará a melhor aquele que calcular com mais precisão o tênue limite entre e bom gosto e o exagero. "Essa história de querer montar a Dilma como uma fada, não vai colar. Deixa ela ser onça mesmo, até porque o cargo ao qual ela possivelmente se candidatará requer alguém de pulso firme", diz Barros.
Na visão do publicitário, o governador de São Paulo, José Serra, passou a encarnar uma imagem mais sedutora ao cuidar mais da gravata e do terno - algumas vezes desalinhados. Outro tucano, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pode precisar de menos retoques do que os demais. "Ele leva vantagem por ser galante, sedutor, ter boa aparência e ser mais sorridente."
Mas isso não é garantia de aceitação nacional. Na opinião de Torquato, o paulista e o mineiro sofrem do mesmo mal: "Ambos apresentam um discurso muito regionalista. Precisam falar mais de problemas do país como um todo", diz. Apesar das necessárias mudanças, os dois deveriam evitar uma descaracterização total - a exemplo de Dilma. "Um Aécio sério demais soaria falso, porque ele é normalmente alegre, assim como um Serra fazendo graça constantemente não pareceria o próprio", compara.
Violência e paixão - Outros presidenciáveis que poderiam lucrar com o intercâmbio moderado de qualidades são o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) e a senadora Marina da Silva (PV-AM). "Ciro precisa de um calmante para arrefecer seu temperamento respondão, enquanto a Marina deveria tomar um energético para animar, pois transmite a impressão de fragilidade frente a um cargo de tanta responsabilidade como a Presidência", avalia Biondi.
A imagem do atual ocupante do Palácio do Planalto também passou por mudanças estéticas e comportamentais antes de chegar ao posto. Luiz Inácio Lula da Silva encarou um tratamento de alinhamento dos dentes e, após três derrotas nas urnas, aprendeu a domar seu temperamento explosivo e até trocou de casaca, abandonando o estilo descontraído em favor de um clássico assinado pelo estilista Ricardo Almeida. No caso de Lula, a nova imagem seduziu o eleitor. Resta saber quem terá a mesma competência no ano que vem.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/duvida-presidenciaveis-recauchutar-ou-nao-imagem-510543.shtml
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