9 de nov. de 2009

Aécio afirma ser alternativa agregadora à sucessão de Lula

Em evento em SP, pré-candidato elogia Serra, mas reitera que poderá ter o apoio de partidos da base aliada

André Mascarenhas, do estadao.com.br, e Ricardo Leopoldo, da Agência Estado

SÃO PAULO - Com um forte discurso eleitoral, o governador de Minas Gerais e pré-candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, apresentou-se nesta segunda-feira, 9, como uma alternativa agregadora à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e reafirmou que não será candidato à vice-presidência em 2010. A posição do tucano contraria projeto de caciques da sigla que defendem o lançamento do nome do mineiro, ao lado do nome do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), em uma chapa puro-sangue.

"Eu não tenho obsessão em disputar a presidência", disse o governador mineiro durante evento com empresários em um hotel de São Paulo, para em seguida elogiar o governador paulista. Caso seja "definido pelo partido como candidato à presidência", Aécio disse que irá se colocar à disposição para trabalhar pela candidatura do paulista.

Ainda assim, o mineiro não perdeu a oportunidade de colocar-se como um candidato capaz de trazer alguns dos partidos da base governista para o campo da oposição. "O que tenho dito de forma branda, clara e objetivamente, é que nós temos outras alternativas, um outro tipo de convergência. Uma convergência que consegue atualmente trazer desde já aliados hoje no governo, mas não necessariamente na candidatura apoiada pelo governo", disse Aécio, que usou seu discurso aos empresários para ressaltar suas conquistas à frente do Palácio da Liberdade e criticar a estratégia governista de transformar a eleição presidencial de 2010 em um plebiscito do governo Lula.

Aécio ressaltou que o PSDB deve evitar ao máximo a estratégia do governo de tornar a eleição de 2010 um pleito que compare os governos Lula e FHC, o que chamou de "armadilha plebiscitária". "Não é um jogo de vida ou morte", destacou o governador de Minas.

"O embate está lançado, e a oposição deve invertê-lo já, em resposta à armadilha da eleição plebiscitária", disse o tucano.

Para Aécio, o desafio do próximo presidente será no campo da gestão política, e não a econômica. O mineiro defende a necessidade de o próximo governo ser flexível no Legislativo a fim de evitar a "verticalização e o imobilismo".

Vice

Sobre a possibilidade de concorrer à vice, o governado foi taxativo. "Essa possibilidade não existe", assegurou. O político mineiro antecipou que conversou no domingo, 8, por telefone, com Serra e que combinaram nesta semana, ou na próxima, tratarem com maior profundidade sobre os planos do partido para a campanha presidencial de 2010.

Ele ressaltou ainda que está à disposição do PSDB até o final do ano, caso a direção da legenda defina que o seu nome é o mais indicado para concorrer ao pleito presidencial no ano que vem. O governador destacou, contudo, que se até o início de 2010 a agremiação não definir o nome tucano que concorrerá à sucessão no Palácio do Planalto, ele voltará a sua atuação política a Minas Gerais, onde deverá ser candidato ao Senado Federal.

"Eu respeito as razões do governador Serra, que está em seu primeiro mandato, e tem inúmeras realizações ainda em andamento e quer se preservar do embate. Isso é legítimo da parte dele. Como certamente haverá de ser considerado como legítima também a minha estratégia, a minha movimentação. Se eu não for candidato a presidente da República, a melhor forma de ajudar o nosso candidato é estar em Minas Gerais, não compondo a chapa", destacou.

Aécio também criticou a utilização dos mecanismos do Estado pelo governo do presidente Lula para eleger seu sucessor. "A oposição sabe que não vai enfrentar um partido nem um candidato. Mas sim, um partido que se acha dono do Estado", disse.

O tucano ponderou que o governo Lula tem acertos, especialmente os relativos à manutenção do tripé que balizou a política econômica do segundo mandato do governo FHC, composto por câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e rigor fiscal. "Também é preciso fazer mais", cobrou Aécio. Segundo ele, a gestão Lula teve condições inéditas favoráveis para viabilizar um crescimento econômico e uma maior geração de bem-estar à população, sobretudo porque a sua administração ocorreu em um período marcado por franca expansão do PIB mundial. Na palestra aos empresários, Aécio destacou que o Brasil registrou nos últimos anos um nível médio de expansão da economia inferior ao apurado por outras nações emergentes, inclusive algumas delas localizadas da América Latina.

O governador de Minas Gerais permanece em São Paulo, onde deve gravar, nesta tarde, um programa de TV e, à noite, participará de um jantar, promovido por João Dória Jr, com empresários na capital paulista.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,aecio-afirma-ser-alternativa-agregadora-a-sucessao-de-lula,463509,0.htm

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