12 de nov. de 2009

Oposição rebate Dilma e diz que não republicano é fugir do debate do apagão

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

A oposição reagiu nesta quinta-feira à declaração da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de classificar como algo "não republicano" a politização do apagão que atingiu o país há dois dias. Senadores do DEM e PSDB afirmaram que Dilma quer desvincular sua imagem à do apagão para evitar danos à sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2010.

"Quando ela tem argumentos e razão, ela corre para cima do assunto. Quando não tem argumentos, procura se esconder, e é ajudada pelo governo, que procura blindá-la", disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).

Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), Dilma adotou postura "não republicana" ao ter se mantido em silêncio sobre o apagão desde terça-feira. "Ela deve imaginar que republicano é o pensamento único. Ela tem um critério de republicanismo que não é o meu, do meu partido. Mas ela não pode impedir que eu e o meu partido falemos. Talvez republicano seja a omissão dela nesses dias todos", afirmou.

Na opinião do tucano, Dilma manteve-se em silêncio sobre o apagão para não arranhar sua candidatura no ano que vem, repassando as responsabilidades ao ministro Edison Lobão (Minas e Energia). "Ela deve sair de cena aconselhada pelo marqueteiro, e voltar à cena aconselhada também pelo marqueteiro. Essa é uma República perigosa", afirmou.

A oposição também reagiu ao fato de Dilma ter classificado de "barbeiragem" os racionamentos de energia, como ocorreu no país na gestão Fernando Henrique Cardoso. "Eu sou muito mais tentado a achar que houve barbeiragem agora do que raio. Esse sistema dito como sólido, e ela garantindo que não haveria apagão não aguenta um raio? Um barco no Amazonas tem para-raio", disse Virgílio.

Em entrevista nesta quinta-feira, Dilma disse que "blecautes podem ocorrer, mas racionamento é barbeiragem". Ao comentar as críticas da oposição ao apagão elétrico, Dilma disse que "não se pode politizar uma coisa tão séria para o país, não é republicano".

Investigações

Agripino disse que o partido promete realizar investigações técnicas para apurar as causas do apagão, paralelamente à apuração conduzida pelo governo e pelo Congresso. Na opinião do senador, a justificativa do governo federal de que fenômenos climáticos provocaram cortes de energia em 18 Estados do país não condiz com a realidade.

Com base em estudos técnicos do DEM, Agripino disse que pode ter sido desligado um sistema de segurança de energia formado por 91 usinas termelétricas que têm como função dar suporte ao sistema hidrelétrico nacional. O governo teria desligado o sistema de segurança, segundo Agripino, para comprar energia que sobrou em usinas hidrelétricas em algumas localidades brasileiras.

"Quando ocorreu a sobrecarga, o sistema que deveria estar conectado e foi desligado porque produziu energia mais cara, que o governo foi comprar mais barata, e desligou. O que houve foi má gestão do atual do governo. Os estudos técnicos demonstram isso. Má gestão do sistema em função do interesse comercial do setor estatal de energia elétrica de ter procurado ter energia mais barata, desligando um sistema que tem que estar conectado o tempo todo", afirmou.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u651716.shtml

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