13 de nov. de 2009

"Você vai ser presidente um dia", diz Dirceu a Aécio

VALDO CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília

"Minas não perdoará nunca o PSDB por lançar o Serra candidato a presidente." A frase foi dita pelo ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), um mineiro radicado em São Paulo, diretamente ao governador tucano Aécio Neves (MG).

Os dois se encontraram casualmente ontem no Aeroporto de Brasília, quando deixavam a capital depois de encontros políticos. Após ouvir a frase, Aécio se limitou a sorrir. O ex-ministro, em seguida, afirmou acreditar que esse sentimento mineiro levará o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a não ter muitos votos no segundo colégio eleitoral do país.

Tratando Serra como o candidato tucano a presidente em 2010, José Dirceu disse ainda que Aécio "seria um candidato mais difícil para nós" e que ele é "novo, pode esperar e um dia vai ser presidente". Ao cumprimentar Aécio, José Dirceu o chamou de "meu governador". O mineiro foi logo explicando à Folha, que presenciou a conversa. "Ele nasceu lá em Minas."

Convidado a se juntar à conversa, Dirceu disse que as últimas críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Lula "não ajudam nem o Serra nem o Aécio". O tucano mineiro, primeiro, fez questão de defender FHC. "Ele foi responsável por grandes avanços no país." Depois, admitiu que a comparação entre os governos FHC e Lula não será favorável aos tucanos. "Se formos ficar comparando números, não será bom para nós. Temos de escapar dessa armadilha. Por isso sou contra essa polarização", afirmou.

Um discurso que o governador mineiro tem usado para tentar viabilizar sua candidatura dentro do partido, na linha de que Serra teria mais dificuldades para fugir dessa comparação de administrações. José Dirceu disse a Aécio que, em sua avaliação, "será uma eleição dura, mas o cenário é favorável à nossa candidata", acrescentando como ponto favorável o PT "estar unido como nunca em torno da Dilma [Rousseff]", escolhida candidata petista por Lula.

A avaliação do ex-ministro da Casa Civil, que tem articulado nos bastidores alianças pelo país a favor de Dilma Rousseff, revela o que os petistas costumam falar reservadamente --que preferem o paulista ao mineiro como adversário em 2010 e que o ideal seria dividir os dois tucanos na eleição.

No giro em Brasília, Aécio Neves foi recebido pelo presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que reafirmou seu apoio ao governador de Minas para a corrida presidencial de 2010. Seguindo o tom de campanha, Maia afirmou que Aécio é mais conciliador do que Serra e é um melhor candidato para enfrentar Dilma na campanha ao Palácio do Planalto.

Colaborou MARIA CLARA CABRAL, da Folha de S.Paulo, em Brasília

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u651907.shtml

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