TATHIANA BARBAR
da Folha Online
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, possível candidato do PSDB à Presidência em 2010, criticou a estratégia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transformar a eleição presidencial de 2010 em um plebiscito.
"Tenho colocado meu nome à disposição do partido para uma construção diferente daquela que está sendo proposta hoje, que ajude a fugir da armadilha da eleição plebiscitária que nos tem sido colocada, atraindo até mesmo algumas forças que hoje estão próximas do governo, mas não necessariamente estarão no apoio de uma candidatura, por exemplo, do PT", disse ele durante almoço-debate promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo.
Aécio afirmou ainda que não tem "obsessão" em disputar a Presidência, mas descartou a hipótese de ser vice do governador de São Paulo, José Serra, caso o tucano seja o indicado pelo PSDB para a disputa à Presidência.
"Essa possibilidade não existe [de ser o vice]. Não preciso estar numa chapa para apoiar o candidato do PSDB, seja ele o Serra ou outro. Acho que num quadro partidário tão plural como o brasileiro, seria uma certa prepotência um partido achar que pode solitariamente compor uma chapa."
O mineiro disse que vai disputar o Senado por Minas se não for escolhido pelo partido o candidato à Presidência. "Até o final do ano estou à disposição do partido, a partir daí eu tenho uma enorme responsabilidade com Minas e estarei no meu Estado como candidato ao Senado, ajudando a dar a vitória ao meu candidato ao governo e ao nosso candidato à Presidência."
Segundo ele, o PSDB precisar buscar o equilíbrio. "Reconheço as razões do Serra, que governa o Estado ainda em seu primeiro mandato, tem inúmeras realizações em andamento e quer se preservar do embate, acho isso legítimo da parte dele, mas certamente dever ser considerada legítima a minha estratégia e movimentação."
Aécio disse ter conversado ontem com Serra ao telefone. "Marcamos uma conversa mais pessoal nos próximos dias, deve acontecer até a próxima semana. Respeito a posição do Serra, que gostaria que essa decisão fosse mais adiante, da mesma forma que ele respeita a minha em relação à decisão de querer que seja mais próxima."
Problemas
O tucano destacou os dois maiores problemas do próximo governo, que não sua opinião são o aumento dos gastos correntes de forma exagerada, que impedirá o avanço dos investimentos, principalmente em infraestrutura, e a atuação de movimentos sociais.
"Como disse aqui, quero deixar um alerta em relação a ONGs [organizações não-governamentais], sindicatos e a um conjunto de entidades que se aproximaram do Estado, que participam da gestão, algumas delas financiadas pelo Estado. É preciso que haja uma transição, que elas não nos vejam como inimigos, mas que podem ter com o Estado uma relação mais orgânica, mais republicana e mais transparente."
Aécio também defendeu a realização de reformas no país. "Eu e Serra não queremos apenas vencer as eleições, precisamos governar bem o país, construir um consenso para fazer as reformas que não foram realizada até aqui."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u649759.shtml
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