8 de nov. de 2009

PSDB reage a comparação feita por Lula sobre Hitler

da Folha de S.Paulo

O tom de críticas entre dois dos principais grupos que disputam o poder em 2010 parece ter se elevado. Tucanos reagiram a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que os comparou ao ditador nazista Adolf Hitler (1889-1945) durante discurso anteontem. Para os oposicionistas, a fala de Lula transpareceria sua "aversão ao contraditório".

O presidente fez a analogia ao comentar a estratégia tucana de treinar, a partir desta semana, cerca de 4.500 militantes no Nordeste. O alvo é afinar discurso e conseguir votos para a eleição de 2010. Os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) disputam a indicação do partido para concorrer à sucessão de Lula.

Para o petista, esta tentativa de convencimento dos eleitores seria análoga a estratégia de Hitler de arregimentar forças para destruir inimigos, como os judeus. O deputado José Aníbal (SP), líder do PSDB na Câmara, acha que "o presidente demonstra irritação porque colocou-se o dedo na ferida no autoritarismo dele, o quanto ele é avesso ao contraditório, à crítica, à fiscalização".

O deputado disse que Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) cometem "crime eleitoral" por viajar num avião do governo para, segundo ele, fazer ato eleitoral. "Ele [Lula] tem uma concepção fascista, mussoliniana do que deve ser o papel da imprensa", disse Aníbal.

O senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, disse que as declarações do presidente "não podem ser sinceras". "Estamos fazendo curso sobre democracia, não gostamos de Hitler nem de [o presidente da Venezuela, Hugo] Chávez. Não discutimos ditadores. Se o presidente tiver curiosidade, podemos mandar nossas apostilas para ele."

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), "nunca se viu na história do país um presidente falar tanta bobagem".

Em outra frente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez críticas a política ambiental do atual governo.

Ele disse que o Brasil poderia fazer mais do que só reduzir o desmatamento para auxiliar o esforço contra o aquecimento global. Disse também que gostaria de ver uma postura "mais afirmativa" do governo Lula nas negociações climáticas globais que acontecem em dezembro em Copenhague, e que temia o retorno de "uma visão de crescer a qualquer preço".

O tucano falou durante a Conferência de São Paulo, evento sobre governança mundial organizado pela CPFL Cultura, pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso e pelo Collegium International, grupo dirigido pelo ex-primeiro-ministro francês Michel Rocard.

O ex-presidente, Rocard e outros intelectuais e políticos usaram o encontro para divulgar a Carta de São Paulo, um manifesto pedindo a reformulação da ideia de soberania nacional para que seja possível enfrentar com sucesso desafios que são realmente mundiais.

"Ou nós mudamos o sistema decisório internacional, ou vamos ser atingidos por uma espécie de policatástrofe", disse.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u649311.shtml

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