UOL - 22/10/2009
O presidente nacional do PT, o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), defende que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) saia do seu cargo no final de fevereiro de 2010, quando o congresso do partido deve ratificar a candidatura dela à Presidência da República.
Em entrevista exclusiva ao colunista do UOL Notícias e da Folha de S. Paulo Fernando Rodrigues, o deputado defendeu a saída da ministra do governo para se dedicar à candidatura antes do limite para a desincompatibilização, em 3 de abril de 2010 -seis meses antes do pleito.
"Na minha opinião pessoal, assim que o Congresso ratificar, ela já deveria se desligar do cargo para tomar as providência necessárias", disse o deputado. "Não vejo muita diferença do ponto de vista do trabalho na Casa Civil, mas pode haver muita diferença para a campanha."
Na entrevista no estúdio do UOL Notícias em Brasília, o deputado comentou a aliança firmada na noite de terça-feira (20). Em reunião com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT firmou um pré-compromisso com o PMDB em torno da pré-candidatura de Dilma [leia íntegra do acordo ao final deste texto] e prometeu a vice-presidência na chapa aos peemedebistas.
Licença de Lula está em aberto A possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se desincompatibilizar do cargo para ajudar a campanha da ministra Dilma Rousseff ainda está em aberto.
"É muito cedo para discutir isso. Vai ser uma questão de tática eleitoral lá para o ano que vem. É importante tratar desse assunto em 2010", declarou o deputado. Berzoini afirmou que sem o apoio de Lula talvez o acordo com o PMDB não fosse possível.
"Se não fosse o apoio do presidente Lula, esse acordo seria muito mais difícil", disse.
Vice não precisa ter potencial eleitoral O fato do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), não ter grande potencial eleitoral não deve atrapalhar a possibilidade de o peemedebista ser o candidato a vice-presidente na chapa encabeçado por Dilma. Na última eleição ao cargo de deputado federal, em 2006, Temer obteve 99 mil votos e só se elegeu devido aos votos a outros candidatos do seu partido.
"Quem tem que ter voto de fato é o candidato à presidente", disse Berzoini. "O importante é que seja representado o PMDB de São Paulo e do Brasil."
Segundo Berzoini, a decisão de escolher o candidato à vice é do PMDB -e essa escolha ainda não está fechada em torno de Temer. O petista falou que está em aberto a possibilidade de um candidato mineiro ser usado caso haja uma candidatura "puro sangue" do PSDB -com os tucanos montando uma chapa com os governadores de Minas Gerais (Aécio Neves) e São Paulo (José Serra).
"Minas Gerais é um Estado importantíssimo. Isso pode ser tratado no momento apropriado. Como hoje o cenário ainda é nebuloso [?] não é momento de decidir isso," disse Berzoini.
PT pode não ter candidato nos maiores Estados O PT pode abdicar de candidatos a governador nos três maiores Estados do país, o chamado "triângulo das Bermudas" da política, formado por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A prioridade, segundo Berzoini, é construir uma aliança mais forte em torno de Dilma Rousseff.
"O PT tem um projeto prioritário que é continuar o projeto nacional. Se queremos uma aliança ampla, temos que trabalhar nos 27 Estados com a lógica que é possível tomar decisões sem que o PT tenha a cabeça da chapa," disse Berzoini.
O presidente nacional petista disse haver a alternativa de lançar Ciro Gomes (PSB-CE) ao governo do Estado de São Paulo. Ciro ainda não decidiu se será candidato em São Paulo ou se deve ser candidato à Presidência da República.
Em Minas Gerais, ao menos três candidatos da base do governo pretendem ser candidatos: o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT) e o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).
Berzoini defendeu a aliança no Estado. "PT e PMDB formam um grande palanque. Mas PT e PMDB separados podem resultar num palanque mais fraco e até numa derrota."
No Rio de Janeiro, ele deixou em aberto a possibilidade do PT ter a candidatura própria com o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias.
"Lindberg quer ser candidato. Nós vamos analisar no momento oportuno", disse. Atualmente, o PT ocupa cargos na administração do governador Sérgio Cabral (PMDB), que busca a reeleição.
Abaixo, a nota conjunta divulgada nesta quarta-feira (21) pelo PT e PMDB sobre as eleições presidenciais de 2010:
Nota à Imprensa
Representados por lideranças e dirigentes nacionais, PMDB e PT, após avaliar o satisfatório cumprimento dos eixos programáticos que fundamentaram a coalizão de governo em 2007, comunicam que, de comum acordo, estabelecem pré-compromisso com vistas à disputa da eleição à Presidência da República em 2010, baseados nas seguintes premissas:
1 - Construir aliança programática e eleitoral para o pleito presidencial;
2 - Os dois partidos comporão, necessariamente, a chapa de Presidente e Vice, a ser apresentada ao eleitorado brasileiro;
3 - Os dois partidos compartilharão, em conjunto com as demais agremiações que venham a integrar essa aliança, a coordenação de campanha e a elaboração do programa de governo, com objetivo de dar continuidade aos avanços do governo do Presidente Lula, do qual PT e PMDB são forças de apoio e sustentação.
4 - Com esse escopo, PMDB e PT levarão este pré-compromisso às suas instâncias partidárias, construindo soluções conjuntas para as alianças regionais;
Brasília, 21 de outubro de 2009.
Partido dos Trabalhadores (PT) Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)
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