22 de out. de 2009

Oposição critica Lula e diz que presidente se une até com traidor para fazer sucessor

GABRIELA GUERREIRO
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília - 22/10/2009

A oposição reagiu nesta quinta-feira à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em defesa da governabilidade disse que era preciso fazer alianças para ter apoio no Congresso. "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão", disse Lula em entrevista à Folha.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), criticou as declarações de Lula e disse que o petista decidiu verbalizar práticas veladas do governo federal. "Infelizmente, o presidente apenas vocaliza o que no passado não vocalizava. É um governo pragmático que, para garantir sua sustentação, faz aliança até com o pior traidor", afirmou.

Segundo Maia, Lula está disposto a se aliar com o que há de "pior na política" para conseguir eleger a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República em 2010.

O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse à Folha Online que Lula mostra que tem como prática se aliar a pessoas envolvidas em irregularidades.

"A comparação com Jesus Cristo e Judas para quem é católico como ele e cristão, como boa parte da população brasileira, é uma violência para justificar todas as bandalheiras, traições que permitiu que se fizesse em seu governo. Com essa frase ele deixou claro porque ocorreu o mensalão, os aloprados", afirmou.
Freire disse que a popularidade Lula permitiu ao presidente dizer "tudo que lhe vem à cabeça" sem razoabilidade. "Em toda entrevista, ele mostra que está completamente perdido. Estamos com um presidente que se julga acima de qualquer outro mortal. Ele tem falado besteiras imensas sem se preocupar com limites éticos e morais."

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a entrevista de Lula mostra que o presidente não tem limites para tentar eleger Dilma. "Há uma relação de promiscuidade entre o presidente e os partidos que o apoiam. Já não há cuidado com a questão ética que o presidente agora considera irrelevante", disse o tucano.

Já o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou que Lula "perdeu a serenidade" ao defender a aliança com o PMDB a qualquer custo. "Essa história de se comparar a Jesus Cristo e Judas mostra que ele se sente acima dos mortais. O presidente precisa aterrissar. O presidente fala uma coisa e pratica outra. Ao invés de tentar uma convivência democrática com a oposição ele agride e ao mesmo tempo estimula o convívio com os mensaleiros e aloprados."

A oposição aposta que o PMDB, apesar de ter fechado um pré-acordo com o PT em torno da candidatura de Dilma, vai mudar de ideia até o momento da votação. "A aliança é um desejo, não uma certeza. Os interesses regionais vão falar mais alto para o PMDB", afirmou Dias.

Freire, por sua vez, disse que Lula vive de "fantasia e factóide" porque sabe que sua candidata não vai decolar nas pesquisas de intenção de votos. "Ele sabe que a Dilma não tem potencial e que esse PMDB que participou do jantar é o mesmo que já participava do café da manhã e das reuniões no Palácio", afirmou o presidente do PPS.

Além de não apostar na confirmação da aliança PT-PMDB, a oposição também avalia que Lula não conseguirá transferir votos para Dilma em 2010 a ponto de elegê-la presidente da República.

"Essa exposição da ministra com a máquina do governo não se tornou positiva, não creio que seja possível transferir os votos necessários. Há o percentual de beneficiados do Bolsa Família que podem obedecer ao chamado do presidente, mas isso não é suficiente", afirmou Dias.

Na opinião de Maia, a transferência da popularidade de Lula por Dilma está vinculada à estratégia do PT nas eleições de 2010. "A transferência depende da popularidade ele, mas das estratégias das duas campanhas.
Claro que é uma eleição difícil, mas as estratégias é que são vencedoras ou não. Vai depender a estratégia da oposição no processo eleitoral", afirmou.

Entrevista
 
Na entrevista exclusiva à Folha, Lula disse acreditar na transferência de seu prestígio para a candidata na disputa do ano que vem.

"Um candidato da oposição, governador de São Paulo [José Serra], já foi candidato a presidente, já foi senador, já foi ministro, tem uma cara muito conhecida no Brasil inteiro. A transferência de voto não é como passe de mágica. Vamos trabalhar para que a gente possa transferir todo o prestígio do governo e do presidente para a nossa candidatura."

Lula também defendeu a aliança do PT com o PMDB ao defender uma candidatura de coalizão para a petista. "Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, não conseguirá montar o governo fora da realidade política. Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico."

Questionado se nomes do PMDB suspeitos de envolvimento em irregularidades podem prejudicar a imagem de Dilma, Lula desconversou. "O dia em que você for acusado, justa ou injustamente, enquanto não for julgado, terá de ser tratado como cidadão normal. Não tenho relações de amizade, mas institucionais."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u641728.shtml

3 comentários:

  1. José Inácio Alves10:22

    Nessa união só tem Judas e da forma que governam esqueceram que Jesus Cristo existiu.

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  2. antonio campos10:23

    Sinto informar aos paulistas que a direita conservadora daí também não tem lá novos nomes, apenas os velhos de sempre, quer saber: José Serra, Anibal, Alckimim, Kassab, ou seja, uma corja só! Portanto, não fiquem metendo o bedelho em assunto que não dominam.

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  3. Max Weber10:23

    Ainda bem que baixou o "Espírito das Leis" e seu entendimento aplicado ao embuste bolivariano nas melhores redações da imprensa latina. O Sr. Charles de Montesquieu deve estar aliviado da angustia de ver a sabedoria ativamente aculturada ao longo da História da Civilização ser sumariamente desprezada.
    Pois é! Percebemos o quanto é fácil usurpar o poder da ordem constitucional em países subdesenvolvidos como os latinos e implantar um regime absolutista. Parece que os cidadãos procuram um messias ultrapaternalista para prover uma vida fácil a todos. A conta fica para ser paga por uma "viúva" um tanto mística. E tudo fica ilusoriamente resolvido. Fácil, não?
    Tem sido assim na Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina, Uruguay, e nesta semana por golpe judicial antecipado, a Nicarágua. Talvez tenhamos uma repetição no vizinho Paraguay em breve.
    Todos são livres e, portanto, podem cometer o suicídio político coletivo que quiser. Somos livres para jogar fora algo tão precioso quanto perder a própria liberdade. Pode parecer irônico e muito mais parecido com acontecimento de terras distantes.
    No entanto, é bom ter as barbas em profunto molho aqueles que pensam diferente e almejam o progresso e o crescimento da sua comunidade em sentido amplo. Aqueles que sabem que não existe almoço grátis. Aqueles que conhecem os muitos perigos dessa vida de ilusões vendida a preços aparentemente módicos.
    Lutemos pela nossa liberdade, pelo Estado de Direito Democrático, pela igualdade de chance

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