20 de out. de 2009

PMDB pró-Dilma fecha acordo com PT e tenta emplacar Temer como vice

GABRIELA GUERREIRO
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília -  20/10/2009

O PMDB deve selar nesta terça-feira a aliança com o PT em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República em 2010. Em encontro marcado para esta noite na Granja do Torto, uma das residências oficiais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cúpula do PT vai convidar oficialmente o PMDB para compor a chapa da petista --com a indicação de um nome peemedebista para disputar o Palácio do Planalto na chapa da ministra.

Apesar de não haver consenso dentro do PMDB em torno da candidatura de Dilma, a cúpula peemedebista está disposta a trabalhar o nome do deputado Michel Temer (PMDB-SP) para disputar a vice-presidência na chapa da petista.

A estratégia do grupo pró-Dilma é fechar o acordo rapidamente com o PT para tentar impedir o crescimento das dissidências dentro da legenda. Além de Lula, participam do jantar Temer, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e outros integrantes dos dois partidos.

Favorável à aliança com o PT, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que o apoio a Dilma deve ser selado para manter a união entre os dois partidos. "Não teria justificativa, nem política nem moral, para [o PMDB] negar-se a participar das eleições que vem [com o PT]."

O grupo contrário à aliança com Dilma deflagrou uma espécie de "campanha" entre os diretórios estaduais da legenda que resistem à união nacional com o PT. Os dissidentes peemedebistas apostam nos impasses regionais como forma de aumentar a pressão contra a união com o PT --o que pode, na prática, trazer dificuldades na composição da chapa com a ministra.

"O tempo não favorece a eles, favorece a nós [dissidentes]. Temos que procurar os descontentes, as pessoas que conhecem a história do PMDB. Isso é coisa do [presidente] Lula. No fundo, é transformar o partido num satélite do PT. Em acho [a aliança] uma precipitação e o governo não ganha com isso", disse à Folha Online o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Na opinião de Jarbas, que integra o grupo contrário à aliança com Dilma, o tempo vai mostrar ao PMDB que o partido não deveria ter firmado compromisso com o PT uma vez que a candidatura da ministra tem chances de não decolar. O senador defende o apoio do PMDB à candidatura do governador José Serra (PSDB-SP) ao Palácio do Planalto.

"O que a gente tem que fazer é enfrentar essa realidade nova que o PMDB pôs em prática, combater isso e esperar que o PSDB defina a candidatura. Definindo a candidatura, melhora para os dissidentes. A gente tem uma condição melhor de lutar com a candidatura definida", afirmou.

Para o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que também rompeu com a ala governista do partido, os peemedebistas foram precipitados ao negociar uma aliança nacional com Dilma uma vez que há impasses nos Estados que precisam ser solucionados. "Vai ser difícil alguém ter o PMDB inteiro. Essas questões regionais acabam pesando na decisão dos diretórios de apoiar algum candidato", disse Garibaldi.

No Rio Grande do Norte, por exemplo, Garibaldi já declarou apoio à candidatura da senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) para o governo do Estado. Como a senadora é da oposição, Garibaldi promete romper a aliança entre o PT e o PMDB no Rio Grande do Norte --apesar do seu sobrinho, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ser um dos interlocutores do grupo pró-Dilma.

Apoio
 
Lula decidiu entrar em campo nas negociações para assegurar a aliança formal com o PMDB. Como há dissidências dentro do partido, a cúpula peemedebista avalia que o presidente tem mais condições de agregar apoio dentro da legenda do que Dilma ou Temer --que sofrem resistências de parte de integrantes do PMDB.

Os peemedebistas também querem selar o acordo com Lula antes do próximo final de semana, quando serão realizadas eleições para a escolha dos diretórios municipais do partido. Se a aliança com os petistas estiver fechada, parlamentares do PMDB avaliam que será mais fácil eleger nomes favoráveis à união com o PT em 2010.

No jantar, os peemedebistas também devem levar ao presidente a sugestão de formar logo um bloco de sustentação para a campanha da ministra, com o maior número de partidos aliados. Dilma já conquistou, nos bastidores, o apoio do PC do B, PDT, PR e PRB. Os peemedebistas avaliam que o grupo deve se unir oficialmente para ações pró-Dilma.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u640516.shtml

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