Terra - 22/10/2009
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, para governar o País, "Jesus teria que chamar Judas para coalizão", em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira. Lula afirmou que vai se empenhar para transferir sua popularidade à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff - provável candidata do PT à presidência no pleito de 2010 -. "A transferência de voto não é como passe de mágica", disse.
Lula disse que a possibilidade de Dilma ser eleita presidente em 2010 não caracterizaria um terceiro mandato. Segundo o presidente, a escolha de Dilma para concorrer à presidência foi feita por uma questão de viabilidade política e competência gerencial.
Lula classificou de "debate pequeno" as críticas feitas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, à presença de Dilma em suas viagens. "Ninguém pode ser contra a Dilma ir às obras comigo. Se for candidata, a lei determina que tem prazo em que não poderá mais ir. Até lá, ela é governo", disse ele ao jornal.
Sarney
Lula disse ainda que apoiou a permanência do senador José Sarney (PMDB-AP), na presidência do Senado por uma questão de "segurança institucional". "A queda do Sarney era o único espaço de poder que a oposição tinha. Iam fazer um inferno neste País", afirmou.
PMDB
Lula confirmou a aliança com o PMDB, no entanto, afirmou que a decisão sobre o vice - cujo provável candidato é Michel Temer - será discutida pelo candidato.
Eleições
Quando perguntado sobre o bom desempenho dos partidos de oposição nas pesquisas de opinião, Lula disse que ainda não há candidatos. Ele afirmou que jamais pediria a Ciro Gomes para abdicar de uma candidatura à presidência, e nega que tenha feito qualquer tipo de articulação para a candidatura de Ciro ao governo paulista.
Alianças
Sobre a proximidade com personalidades políticas acusadas de envolvimento em escândalos de corrupção, Lula disse que não mantém relações de amizade, mas institucionais. "O cidadão tem de saber que eles foram eleitos democraticamente. E o eleitor dessas pessoas é tão bom quanto elas", afirmou.
Sobre a prática de usar bens públicos para conseguir alianças no Congresso, Lula disse que não é possível "montar o governo fora da realidade política".
Palocci
Questionado sobre seus esforços para a reabilitação política do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci após o escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, em 2006, Lula afirmou desejar que todos os que recebem acusações sejam julgados. De acordo com Lula, Palocci não tem mais nenhuma pendência com a Justiça e "pode ser o que ele quiser ser". Entretanto, o presidente não quis opinar sobre a possibilidade de Palocci se candidatar ao governo de São Paulo.
Lina Vieira
Sobre a polêmica do suposto encontro entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, no qual Dilma teria pedido para acelerar as investigações da Receita sobre Sarney, Lula afirmou achar "estranho" a ex-secretária ter encontrado sua agenda com o registro da data do encontro meses após a denúncia. "Acho estranho tirar tantos dias de férias para depois encontrar sua agenda", disse.
Violência no Rio
Lula negou que seu discurso proferido na ocasião da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, quando afirmou que o evento simbolizava a entrada do Brasil no primeiro mundo político e econômico, tenha sido irreal e tenha escondido os problemas sociais da cidade, agravados pela onda de violência que a capital fluminense enfrenta na última semana. "Foi um momento glorioso ter a maior votação que um país já teve na história das Olimpíadas. Não foram escondidos os problemas sociais do Rio", disse o presidente ao jornal.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4055990-EI7896,00-Lula+diz+que+Jesus+teria+que+fazer+coalizao+com+Judas+no+Pais.html
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