Correio Braziliense - Ullisses Campbell
São Paulo — Pelo menos três reuniões ocorridas ontem, em Brasília, São Paulo e Porto Alegre, com a cúpula do PSDB e partidos aliados, tentaram traçar um novo rumo para a campanha de José Serra, que a cada pesquisa cai nas intenções de voto do eleitor. Durante caminhada em São Paulo, o tucano chegou a se irritar quando questionado sobre os números. “Não tenho interesse (em pesquisas). Nenhum”, disse Serra. Em seguida, ele disse que não viu as pesquisas que mostram sua concorrente, Dilma Rousseff (PT), quase 18 pontos percentuais à frente (leia mais na página 5). O coordenador-geral do comitê de Serra, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), ouviu queixas de que a postura “arrogante” e “antipática” do candidato está desestimulando até aliados próximos. Segundo um deputado que não quis se identificar, Serra está cada vez mais isolado e o desânimo se espalha em vários comitês. “Poucos dentro do partido acreditam na vitória em função do alto índice de rejeição”, disse um correligionário.
Uma das estratégias para alavancar a candidatura será mostrá-lo no horário eleitoral de tucanos que estão em alta nas sondagens. O partido, contudo, tem enfrentado resistência. Alguns desses puxadores de voto têm receio de que a alta rejeição a Serra os contamine. Outra frente será bater na tecla da fragilidade de Dilma. “Queremos que a Dilma fale, apareça e se mostre. Assim a população perceberá que, em janeiro, quem vai governar o Brasil não será o Lula. E, se for a Dilma, não será um bom caminho”, argumentou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.
Carona
Na tarde de ontem, cumprindo a agenda(1) oficial, Serra deu um passeio de metrô e fez caminhada. Cumpriu o trajeto entre as estações Ana Rosa, na Vila Mariana, e a recém-inaugurada Vila Prudente. O passeio foi marcado por confusão em decorrência do grande número de políticos, seguranças, jornalistas e cinegrafistas que acompanharam o candidato nos vagões. Para tentar usufruir da popularidade do candidato ao governo em São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Serra fez questão de mantê-lo ao lado. Da estação, Serra seguiu para uma rua de comércio do bairro, onde caminhou por um quarteirão cercado por pelo menos uma centena de cabos eleitorais e candidatos da sua coligação. O candidato se irritava sempre que alguém tentava falar sobre política com ele. “Vocês só querem saber de fofoca, de tititis”, argumentou.
1 - Socorro aos genéricos
A agenda de compromissos do presidenciável tucano incluiu uma visita aos fabricantes de genéricos, medicamentos que são uma das bandeiras de campanha de José Serra. No encontro, o candidato lembrou que ajudou a popularizá-los quando foi ministro da Saúde, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Serra defendeu o aumento na produção e a redução de impostos sobre os genéricos. “Tenho interesse em rebaixar o preço, mantendo a qualidade e retirando mais impostos.”
» PT e PMDB às turras
Denise Rothenburg
Acabou a lua de mel entre PT e PMDB nas campanhas estaduais. Em vários pontos do país, os dois partidos entraram em crise por conta da guerra eleitoral. No Ceará, o estopim foi uma viagem de Michel Temer (PMDB) a Iguatu, onde o prefeito, Agenor Neto, peemedebista, apoia a reeleição do senador Tasso Jereissati (PSDB). Nos telões, imagens de Tasso e de Eunício Oliveira, candidato ao Senado pelo PMDB. No palanque, Michel Temer citou Dilma Rousseff, Cid Gomes e Eunício, mas não falou de José Pimentel (PT), outro concorrente a uma das vagas de senador e parceiro de chapa de Eunício. Os demais peemedebistas pediram votos para Tasso.
À imprensa local, Temer disse que tinha “esquecido” de citar o petista. O PT, entretanto, não engoliu a desculpa do candidato a vice na chapa de Dilma e atribuiu o “esquecimento” ao instinto de sobrevivência que começa a tomar conta dos políticos, uma vez que eles têm pela frente só 37 dias de campanha para tentar virar o jogo. No Ceará, as pesquisas indicam que Tasso ficará com uma das vagas ao Senado e a outra está em disputa entre Eunício e Pimentel.
Alguns petistas comentavam ontem em conversas reservadas que o caso do Ceará poderia ser visto como represália ao que ocorreu na Bahia. Lá, o presidente Lula gravou participação no programa de TV do governador Jaques Wagner, do PT, candidato à reeleição, e pediu votos para a candidata do PSB ao Senado, Lídice da Mata. O ex-ministro da Integração Geddel Vieira Lima (PMDB), que concorre contra Wagner, não gostou. O senador César Borges, do PR, candidato ao Senado da chapa de Geddel, ficou magoado. A amigos, disse que não esperava isso do presidente. Nos bastidores, há quem sugira um reunião entre PT e PMDB para cicatrizar feridas. A direção dos partidos considera que, quanto mais perto da eleição, pior vai ficar o clima.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/25/noticia_eleicoes2010,i=209646/PSDB+TENTA+ACHAR+O+TOM+PARA+ALAVANCAR+CAMPANHA+E+EVITAR+A+DESMOBILIZACAO.shtml
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