26 de ago. de 2010

Cabral diz que Dilma tem personalidade e não ficará 'escrava' de interesses de partidos

Folha

O governador do Rio e candidato à reeleição, Sérgio Cabral (PMDB), disse nesta quinta-feira que a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, é a melhor opção para o Brasil, tem personalidade e não ficará "escrava" de interesses de outros partidos.

Segundo Cabral, Dilma é "democrata, realizadora, e sabe ouvir". "Dilma é uma baita de uma executiva. É realizadora, é séria, honesta", afirmou, em sabatina da Folha/UOL.

O governador comentou, no entanto, que lamenta ter que se opor ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de quem se disse amigo.

"Serra é qualificado, é meu amigo pessoal. Pena não ter continuado como governador, gosto dele, não estaria fazendo campanha em outro lado", observou, destacando que Dilma é a mais preparada.

Para Cabral, a petista conquistou sua candidatura especialmente pela sua gestão à frente dos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil, a despeito de nunca ter sido eleita.

"Lula é pragmático, gosta de eficiência. Como na música, ele só quer saber do que poder dar certo, não tem tempo a perder."

PERDÃO

Cabral afirmou que perdoou o estudante Leandro dos Santos de Paula, 18, chamado de "otário" e "sacana" pelo peemedebista em vídeo que tomou conta da internet.

"Eu acho é que ele é que deve desculpas pela abordagem. Eu o perdoo porque ele acabou sendo manipulado por grupos políticos", disse Cabral. Ele reiterou que não houve intenção de maltratar o garoto. "Eu falei em uma conjuntura. Falei sem nenhum tom de agressão", disse.

O estudante abordou o governador e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro do ano passado, após inauguração de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Manguinhos, onde mora.

Primeiro, o rapaz reclama da ausência de uma quadra de tênis no local, e Lula diz que isso é "esporte da burguesia". Leandro conta que precisou consultar o dicionário para entender o recado. "Acho que ele quis dizer que é coisa de gente rica."

O presidente então pergunta por que ele não "nada". Ao ouvir que a piscina fica fechada, Lula se dirige a Cabral: "O dia que a imprensa vier aí e vir isso fechado, o prejuízo político é infinitamente maior do que colocar dois guardas aí".

Em seguida, Leandro reclama do barulho do "Caveirão", o blindado da Polícia Militar, em sua rua. Cabral o interrompe e pergunta se "lá não tem tráfico não". Quando o jovem diz que não, o governador rebate: "Deixa de ser otário, está fazendo discurso de otário".

IDEB

Cabral atribuiu a governos anteriores os maus resultados do Rio no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação).

Ele disse que a aprovação automática na rede estadual do Rio, durante a gestão do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), foi decisiva para que o Estado ficasse na penúltima colocação no ranking elaborado pelo ministério da Educação.

"A aprovação automática foi nefasta. Isso foi dramático. Ela interfere drasticamente nesses dados", afirmou. Cabral ressaltou que a nota do Rio permaneceu a mesma. "Não foi o Rio que piorou, foram os outros que melhoraram."

Segundo ele, os resultados do Rio no ensino fundamental foram melhores e ficaram dentro da meta. Isso, sustentou, já é reflexo de sua gestão. O governador garantiu que em 2014, "todos vão se orgulhar dos resultados do Rio". "A gente pegou um trem quase que parando. Vamos subir, eu garanto."

Ao completar a resposta, Cabral chegou a subir no salto alto. "Estaremos aqui em 2014, e vou ver o debate do meu sucessor", comentou, se corrigindo em seguida. "Se eu me reeleger, é claro."

Cabral garantiu que vem contratando mais professores. Segundo ele, mais do que "na gestão do casal", em referência aos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, seus adversários políticos. Disse ainda ter enfrentado uma situação em que os profissionais de educação não ganhavam aumento há 12 anos.

"O patamar está bom? Não. Mas vamos chegar em 2014 com outro nível salarial."

TRAFICANTES

O candidato se recusou a responder a declaração de seu adversário, Fernando Gabeira (PV), de que o governo do Rio de Janeiro permite a convivência com os traficantes na Rocinha.

''Tem certas coisas que quando colocadas tenho que contar até três. Prefiro não responder'', disse Cabral.

Candidato da coligação PV-PSDB-DEM, PPS ao Palácio Guanabara, Gabeira citou que integrantes do atual governo participaram do enterro do vereador Claudinho da Academia, morto há dois meses e investigado por ligação com traficantes da favela.

No sábado, traficantes da Rocinha e policiais trocaram tiros em São Conrado. Um mulher morreu, quatro policiais ficaram feridos e nove traficantes foram presos depois de invadirem um hotel de luxo no bairro.

''O que aconteceu lá já não acontece em diversas outras comunidades, onde não tem chefe do tráfico. Mas garanto que termino o meu governo com todas as favelas pacificadas'', afirmou o governador, acrescentando que só circula na Rocinha com ''aparato de segurança''.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, o peemedebista tem 57% das intenções de voto. Gabeira está em segundo, com 14%.

PRIMEIRA-DAMA

Cabral disse não ver problemas no fato do escritório de advocacia de sua mulher, Adriana Ancelmo, trabalhar para empresas concessionárias de serviços públicos do Estado. Segundo ele, a primeira-dama já atuava antes de ele se eleger governador, e muitas empresas se relacionam com o governo estadual.

"Ela não advoga contra o Estado. Ela já era uma profissional brilhante antes", afirmou.

Cabral classificou como "covardia absurda" as acusações de que há promiscuidade nas relações entre as empresas defendidas pelo escritório de sua mulher e o governo.

"É uma maldade, uma baixeza", comentou.

COMBATE AO CRIME

O peemedebista descartou mexer na estrutura do combate ao crime no Estado. Ele desmentiu os frequentes boatos de que o atual secretário de segurança, José Mariano Beltrame, poderia deixar o cargo.

"O Beltrame continua mais quatro anos com a gente. Esse boatos mostram que tem muita gente insatisfeita com nossa política de segurança, que vem dando certo", afirmou.

Cabral comentou também sua polêmica declaração sobre a Rocinha, maior favela do Rio. O governador havia afirmado que a comunidade era uma "fábrica de marginais".

"A fábrica de marginais foi retirada do contexto. Quis dizer que as mães acabam não tendo estrutura para cuidar dos filhos, numa comunidade dominada pelo tráfico. Há risco dessa meninada acabar indo para o mau caminho."

Ele defendeu que o controle de natalidade tem que ser encarado de forma mais incisiva pelo Estado, com estímulos à aplicação de métodos anticoncepcionais na rede pública, citando cirurgias de vasectomia.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/789256-cabral-diz-que-dilma-tem-personalidade-e-nao-ficara-escrava-de-interesses-de-partidos.shtml

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