24 de ago. de 2010

Candidatura de Plínio pretende reforçar campanha do PSol nos estados

Correio Braziliense -Alana Rizzo

Aos 80 anos, o candidato à Presidência da República Plínio de Arruda Sampaio (PSol) teme ser chamado de “bizarro” e ver sua candidatura transformar-se numa brincadeira. Hit na internet e trending topics (palavras mais comentadas) no Twitter, o socialista vive, desde a participação do debate na Bandeirantes há três semanas, os 15 minutos de fama para um nanico. Foi chamado para novos debates e entrevistas. Ganhou popularidade entre os jovens e até o apoio de artistas como o cantor e compositor baiano Tom Zé. Tudo por conta do jeito descontraído, o tom ácido das críticas e algumas propostas polêmicas, como a extinção do Senado.

“Sou brincalhão, mas tenho mais de 60 anos de vida pública que precisam ser levados em consideração”, rebate. O recado do socialista é especialmente para a juventude que aderiu à sua campanha. Muitos nunca tinham ouvido falar no candidato que já foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constituinte, fundador do Partido dos Trabalhadores e candidato ao governo de São Paulo em 1990 e em 2006. Mesmo com toda a exposição, Plínio não conseguiu colocar sua candidatura (1) na rua. Sua agenda ainda é focada em eventos e encontros com entidades. Desconhecido de grande parte da população, o que não lhe dá nem 1% das intenções de voto nas últimas pesquisas, o candidato adota agora a estratégia de alavancar o partido.

“Preciso dizer uma coisa: não adianta votar só em mim. Preciso da chapa completa para fazer o que é preciso. Vote 50 PSol. Completo”, publicou recentemente no Twitter. O “puxão de orelha” veio do deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ). Candidato à reeleição, ele cobrou do presidenciável que aproveitasse a fama instantânea para divulgar o partido. Nestas eleições, o PSol tem 1.098 candidatos, o que representa 4,8% do total de candidaturas. São 24 pessoas disputando o cargo de governador, 337 concorrem a uma vaga na Câmara dos Deputados, 39 ao Senado e 586, às Assembleias Legislativas. Na Câmara dos Deputados, o partido conta atualmente com três parlamentares. O que não o impede de criticar a atuação dos colegas. “O problema não é que os deputados trabalham pouco. É que a maior parte deles trabalha contra o povo.”

Chico disse ainda que Plínio precisava entender que “Twitter não ganha a eleição”. É que o candidato à Presidência virou usuário fiel da rede de microblogs. Passa os dias postando comentários e ideias sobre temas da campanha como financiamento da educação pública, reforma eleitoral e agrária. “Imagino que com meu telefone poderei tuitar no automóvel, no aeroporto etc. Vou tentar. Obrigado pela sugestão”, disse, em referência à oportunidade de divulgar o partido. Organiza tuitaços e no fim de semana, durante corpo a corpo na Bienal Internacional do Livro, distribuiu cartões com seu endereço na rede. “Quem não tuita, se estrumbica. Tem que tuitar!”, disse.

O candidato aproveita ainda para pedir que seus seguidores convidem mais amigos para a rede “porque aí ganhamos mais votos ainda”. Atualmente o socialista tem 26.729 seguidores. “Alimentei a ilusão de responder todos os que estão me tuitando. Passaria a tarde. Tenho de agradecer a todos de uma vez.”

Agenda
Hoje, o candidato faz campanha em frente ao Hospital Brigadeiro, em São Paulo. Plínio vai apresentar as propostas(2) do partido para a saúde, como o fim do fator previdenciário e o modelo de gestão por organizações sociais na saúde e extinção das fundações privadas na gestão pública. Depois, vai dar uma palestra sobre educação no Sindicato dos Supervisores de Ensino do Estado de São Paulo. Em seguida, segue para Brasília. Durante a manhã, concede entrevistas para rádios.

1 - Arrecadação
Até ontem, a campanha de Plínio arrecadou R$ 76.466. Desse total, R$ 33,3 mil são originários de doações em valor estimado pelo próprio candidato. Ele usa, por exemplo, o seu carro na campanha. As demais doações de pessoas físicas somam R$ 2.750. As despesas chegam a R$ 50.406. Grande parte das despesas é com os programas de televisão e rádio. O limite da campanha do PSol, registrado na Justiça Eleitoral, é de R$ 900 mil.

2 - Sem programa
O PSol não tem programa de governo. Segundo Plínio, só é possível fazer um programa quando se está ocupando o cargo, já que, só assim, é possível ter acesso aos dados e informações referentes às políticas públicas. Entretanto, o candidato já apresentou algumas propostas que, segundo ele, caracterizam sua candidatura como de “esquerda, socialista, popular, feminista, antirracista e ecológica”.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/24/noticia_eleicoes2010,i=209433/CANDIDATURA+DE+PLINIO+PRETENDE+REFORCAR+CAMPANHA+DO+PSOL+NOS+ESTADOS.shtml

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