Correio do Brasil
No quartel-general da campanha tucana, em São Paulo, o fim de semana foi tenso. Encontraram-se, na noite passada, em um hotel cinco estrelas da capital paulista, os principais coordenadores da campanha de Serra, entre eles o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE); o arrecadador da campanha Sérgio Freitas, José Henrique Reis Lobo, responsável pela área administrativa; Sérgio Silva, da área de mobilização; Sérgio Kobayashi, de organização e infraestrutura; Caio Carvalho, de agenda e logística, além de Andrea Matarazzo, um dos colaboradores informais na área de arrecadação. Estava aceso o sinal de perigo na aliança conservadora que tenta voltar ao poder, oito anos depois de encerrado o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Embora o líder da direita José Serra tenha afirmado, na véspera, durante evento de campanha no Rio de Janeiro, que não pretendia mudar os rumos da campanha, os responsáveis pela estrutura física do esforço tucano pensam o contrário. Os resultados da última pesquisa Ibope de intenção de voto divulgada na quinta-feira, e do Instituto Datafolha, no sábado, que mostram um salto na vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em relação à candidatura tucana, ligou a sirene de alerta no comitê do PSDB.
No centro da pauta estava a discussão sobre a estratégia de comunicação, a infraestrutura e a coordenação política nos Estados. Ainda mais importante, debateram sobre a aplicação dos recursos de campanha, em frangalhos após o êxodo de contribuidores observado nos últimos dias. Se não fosse bastante a ascenção na preferência do eleitor, a candidata petista também conta com uma captação recorde de doações para o PT, em contraste com o que vem ocorrendo na campanha de Serra. As doações destinadas aos petistas, este ano, já representam o dobro dos fundos arrecadados pelos seis partidos da aliança de direita.
A convocação da reunião do alto generalato tucano ocorreu como resposta aos números negativos tanto nas pesquisas quanto nos cofres. Os tucanos tentam uma nova equação tanto no discurso, quanto na agenda do candidato na tentativa de deter o crescimento da adversária. Mas a parte incômoda do encontro se fixou mesmo sobre as reclamações de integrantes da campanha, que deixaram vazar os problemas financeiros da organização tucana. Uma série de compromissos não tem sido cumprida porque o Diretório Nacional estaria atrasando a liberação de dinheiro para a tesouraria da campanha, nem mesmo para arcar com despesas menores, do dia a dia da campanha.
Vice-presidente executivo do partido, o tucano Eduardo Jorge foi chamado para a reunião e, após o encontro, preferiu não conversar com os jornalistas. Deixou para os demais participantes da discussão afirmar que a arrecadação estava dentro do previsto e a quantia de R$ 3,6 milhões, divulgada como o total arrecadado até o inicio deste mês, não incluía ainda os valores que o diretório nacional deveria repassar à campanha.
Serra, que não participou da reunião, preferiu estar no centro das críticas de seus principais aliados. Ele foi gravar uma série de programas que irão ao ar na televisão nesta semana, apesar do questionamento feito por integrantes do DEM e do PTB, que apontam a ineficácia da linha editorial implantada pelo marqueteiro da campanha, Luiz Gonzalez, de aproximar o candidato tucano do presidente Lula. A presença de Lula na campanha de Serra, semana passada, foi considerada pelo próprio presidente da República como “um tiro no pé” dos tucanos.
Para alguns coordenadores da campanha, Serra deveria subir o tom contra adversária. Os princiapais defensores desta tese acreditam que o presidente Lula foi mais eficiente na formação de Dilma como uma política competente enquanto o PSDB não decolou ao tentar atribuir à petista uma imagem de inexperiência por nunca haver disputado uma eleição. Ao contrário do que previam os integrantes da direita, os ataques à candidata escolhida por Lula apenas a promoviam ainda mais.
Os coordenadores que estiveram reunidos, até altas horas da noite passada, defendem o fim do uso das imagens de Serra com Lula, mas para o presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, a campanha de Serra está perdida.
– Não acredito mais na recuperação, principalmente insistindo nessa estratégia de mostrar a imagem do Lula. A TV foi a grande responsável pela nossa fragilização – disse a jornalistas. Descrente do sucesso, em nível nacional, Jefferson diz agora estar preocupado com o foco que a campanha petista tem dado a São Paulo, na anunciada ofensiva do presidente Lula ao maior colégio eleitoral do país.
http://correiodobrasil.com.br/alto-escalao-da-campanha-de-serra-faz-reuniao-de-emergencia/177477/
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