16 de nov. de 2009

PT nega desgaste com PMDB e diz que governo é solidário a Lobão

MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), negou nesta segunda-feira que o apagão energético tenha provocado qualquer desgaste na relação do partido com o PMDB. Berzoini disse que as duas legendas criaram uma interlocução "saudável" e que a falha na distribuição de energia que atingiu 18 Estados na semana passada é um problema do governo.

Segundo o presidente do PT, o apagão não pode ser contabilizado nem pelo PT --que teve a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e pré-candidata do PT à sucessão presidencial como ministra de Minas e Energia por mais de três anos-- nem pelo PMDB, que indicou o atual ministro Edison Lobão e o ex-ministro Silas Rondeau para a pasta.

"Nossa interlocução é direta e saudável. O PT não fez qualquer menção ao PMDB nessa questão. Ninguém fez uma avaliação da gestão dele [Lobão]. O governo é um só não é possível ficar dividindo em bons e maus momentos. O nosso governo é solidário e o ministro Lobão conta com o apoio de todos os partidos da base", disse.

Berzoini chamou de "factóide" a notícia de que incomodada com a postura de líderes petistas que responsabilizaram o PMDB pelo apagão, parte da cúpula peemedebista ameaça colocar em discussão a possibilidade de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2010.

Para o presidente do PT, o apagão não vai trazer desdobramentos para o pré-acordo fechado para o PMDB apoiar a candidatura da ministra. "Não posso levar a sério essa notícia. Isso é factóide. Tem muita gente que quer ver PT e PMDB brigado", disse.

Nos bastidores, os peemedebistas dizem que pretendem usar a candidatura própria para evitar que o partido fique desgastado no episódio. PMDB e PT dividem o controle do setor elétrico. Fiel aliado do Palácio do Planalto, o PMDB conquistou cargos-chave do setor, como o comando do Ministério de Minas e Energia e das estatais Furnas e Eletrobrás.

A proposta de candidatura própria pode ainda ganhar fôlego com o grupo do presidente do PMDB paulista, ex-governador Orestes Quércia, Aliado do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o grupo defende que o PMDB apoie o tucano na disputa.

Setores do PMDB podem utilizar o abandono petista para ampliar o número de diretórios resistentes à aliança com o PT --que envolve além de São Paulo, pelo menos Pernambuco, Paraná e Bahia. Os dois partidos ainda enfrentam problemas em alguns Estados para selar a aliança --caso da Bahia, onde o ministro peemedebista Geddel Vieira (Integração) quer disputar o governo contra o petista Jaques Wagner, atual governador.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u653186.shtml

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