Marcelo de Moraes, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Em reunião do PSDB nesta quarta-feira, 18, a maioria dos presidentes dos diretórios estaduais do partido defendeu a antecipação da definição da candidatura presidencial até janeiro. O movimento representa um revés para a estratégia do governador de São Paulo, José Serra, líder nas pesquisas de intenção de voto, que deseja retardar ao máximo essa definição, para evitar desgaste político e ataques dos adversários. Mas interessa ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que defende a antecipação por ser menos conhecido do eleitorado e precisar de mais tempo para viabilizar sua candidatura.
A pressão dos diretórios está sendo feita por conta do reflexo das campanhas regionais. Sem candidato escolhido, os tucanos vêm encontrando dificuldades para iniciarem suas campanhas e para montarem as alianças locais. Além disso, reclamam que o governo federal já está em ritmo eleitoral, pedindo votos para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e articulando acordos nos Estados.
Apesar da preferência e pressão dos representantes dos diretórios estaduais, o PSDB preferiu não tomar decisão sobre o assunto na reunião, que durou quase cinco horas e foi realizada na sede do partido em Brasília.
O presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), entretanto, reconheceu que "100% do partido prefere resolver o quanto antes" a definição da candidatura e concorda com isso. A questão é que Guerra avalia que não adianta antecipar a definição do candidato se o gesto custar a harmonia política entre Serra e Aécio.
"O consenso geral é que todo mundo deseja uma breve solução, mas desde que isso implique numa verdadeira adesão dos dois pré-candidatos. Se essa adesão não estiver garantida ainda, melhor não resolver logo", afirmou.
Para ele, a cobrança dos diretórios pela aceleração do processo é normal diante dos movimentos da candidatura governista. "Você tem uma campanha na rua de uma candidata com dinheiro público. Todo militante, todo torcedor do PSDB, quer fazer a mesma coisa. Não de gastar o dinheiro público, mas de fazer campanha também", disse.
Na reunião, Guerra ouviu muitos diretórios regionais defenderem abertamente a antecipação da candidatura.
"Não interessa qual é o nome, porque ambos são ótimos candidatos. Mas temos que definir logo", afirmou o governador de Roraima, José Anchieta. "O candidato acaba sendo a principal bandeira de uma campanha. Precisamos dessa escolha rápido", reforçou o deputado federal Roberto Rocha, presidente do diretório maranhense.
"A escolha tem que ser feita o mais breve possível. Quer a gente queira ou não, a campanha já está nas ruas", acrescentou o senador Flexa Ribeiro, presidente do diretório do Pará. "Sou a favor da escolha rápida. Ajudará na definição das alianças", apoia o deputado federal Gervásio Silva, vice-presidente do diretório de Santa Catarina. "No caso do Rio de Janeiro, escolher agora seria melhor", disse a deputada federal Andreia Zito, que representou o diretório fluminense.
"Minha função me faz andar nas ruas o tempo todo e estou sentindo isso, que a campanha já começou. E o nosso militante está sem referência sobre nossa candidatura. Janeiro seria um prazo bem razoável", concorda o secretário de Obras do Distrito Federal, Márcio Machado, que preside o diretório tucano da capital.
Serristas isolados
Aliados da candidatura de Serra tentaram fazer a defesa da estratégia de aguardar o maior tempo possível, mas ficaram em situação minoritária. Foi o caso do diretório baiano, através do ex-prefeito de Salvador Antônio Imbassahy, que acha que a escolha rápida do candidato poderia ser prejudicial.
"Você vai antecipar problemas. O governador Serra tem hoje 40% nas pesquisas. A antecipação poderia trazer problemas para ele e para o governador Aécio, que precisam cuidar das administrações dos seus Estados, que vão indo bem", defendeu.
No encontro, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do diretório de Minas Gerais, aproveitou para fazer a defesa pública da candidatura de Aécio Neves.
"É inegável que o eleitorado mineiro está muito animado com a possibilidade de ter um candidato do Estado com grandes possibilidades de ser eleito. E é inegável que o governador Aécio Neves tem uma enorme capacidade de atrair apoios em outros partidos em torno de sua candidatura", disse, referindo-se a eventuais acordos que Aécio poderia conseguir no PSB, através do deputado Ciro Gomes, e no PP, via senador Francisco Dornelles (RJ), que é parente do governador mineiro.
A ideia da direção do PSDB é repetir a reunião dos dirigentes estaduais a cada mês. "Vamos fazer um fórum de presidentes uma vez por mês. Porque a gente quer acompanhar as eleições nos Estados e queremos que os Estados interfiram nas questões que são discutidas aqui", explicou o senador Sérgio Guerra.
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,lideres-estaduais-do-psdb-querem-definir-candidato-ate-janeiro,468559,0.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário