MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Preocupado com a movimentação da oposição para explorar politicamente o apagão elétrico que atingiu 18 Estados na semana passada, o governo fechou, nesta segunda-feira, com líderes governistas um acordo para levar ao Congresso a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).
A ideia é que os ministros participem de uma série de audiências públicas no Senado como convidados, que contam com a prerrogativa de marcar a data do encontro e de responderem o que quiserem.
A estratégia estabelece ainda que eles estariam ao lado de outras 12 autoridades do setor, de segundo e terceiro escalões, para enfraquecer a pressão da oposição, que pretende explorar o tema às vésperas do ano eleitoral.
Pelo acordo, o requerimento seria apresentado pelo presidente da Comissão de Infraestrutura, senador Fernando Collor (PTB-AL), o que permitiria o controle das discussões evitando possíveis constrangimentos para Dilma --que é pré-candidata do PT à sucessão presidencial-- e Lobão. Collor pode oficializar o requerimento na reunião de hoje da comissão, marcada para o início da noite.
Se o documento do governista for aprovado, ele inviabilizaria outros dois requerimentos apresentados pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), convidando Dilma e Lobão a darem explicações.
Oposição
Parlamentares do DEM e PSDB querem aproveitar o fato de Dilma ter sido ministra de Minas e Energia e uma das principais responsáveis pela formação da política do setor elétrico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para enfraquecer sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Oficialmente, a oposição defende o depoimento de Dilma com o argumento de que, como "gerente" do governo, a ministra deve deixar claro ao Senado os motivos que provocaram o apagão.
"Acho que os dois [Dilma e Lobão] têm responsabilidade. Ela não explica tudo no governo? Por que não vem dar explicações sobre o setor elétrico? Isso deveria ser uma iniciativa pessoal dela. Não podemos abrir mão disso, ela foi ministra de Minas e Energia, estabeleceu o marco regulatório do setor elétrico", disse à Folha Online o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
O senador negou que a estratégia da oposição seja desgastar a imagem de Dilma às vésperas das eleições de 2010. "O interesse não está em politizar, mas na solução permanente de um problema. Os gerentes do governo devem assumir as suas responsabilidades", afirmou Agripino.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u653155.shtml
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