Correio Braziliense - Denise Rothenburg
O governador de São Paulo, José Serra, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, têm algo mais em comum, além da pré-candidatura à Presidência da República. Os dois correram léguas do debate em torno dos royalties do petróleo que hoje domina a cena da regulamentação da exploração da camada pré-sal. O único presidenciável que entrou de corpo e alma nessa discussão foi o deputado Ciro Gomes (PSB-SP), que criticou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e saiu em defesa da distribuição dos royalties a todos os estados da federação.
Nos bastidores, representantes do PT, de Dilma, e do PSDB, de Serra, são unânimes em afirmar que o afastamento dos dois desse cenário explosivo foi proposital. Serra, por exemplo, é amigo do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e também do governador do Rio, Sérgio Cabral. Além, claro, de administrar São Paulo, um estado que pode vir a ganhar royalties do petróleo em grande escala no futuro — se os produtores vencerem a parada —, mas que independe dessa receita para sobreviver. Ao mesmo tempo, se ficar contra os não produtores, corre o risco de reforçar a imagem de antinordestino que os petistas tentam lhe impor.
Dilma, por sua vez, foi aconselhada a manter distância segura do debate para não afastar aliados. Ciente das relações pessoais que unem Cabral e Hartung ao PSDB, ela não assumiu a defesa da distribuição dos royalties entre todos os estados e nem se uniu aos produtores para não comprar briga com governadores, como o de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Ceará, Cid Gomes, ambos do PSB, empenhados em partilhar os royalties entre todos os estados.
O afastamento da ministra dessa discussão foi notado por todos os líderes, uma vez que ela foi a mentora do modelo de exploração do pré-sal que o Congresso discute hoje. De forma considerada marota por alguns e inteligente por outros, ela montou um sistema que não mexia nos royalties do petróleo — tema que acabou modificado pelos congressistas. “Ela foi a idealizadora desse modelo e agora aguarda a votação”, comenta o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza.
Fundo social
Em 31 de agosto deste ano, Dilma estava ao lado de Lula quando o pacote de quatro projetos sobre o marco regulatório do pré-sal foi apresentado ao país — fez o discurso mais demorado com os detalhes técnicos da proposta. Na véspera do evento, Serra, Hartung e Cabral tinham se reunido com Lula para assegurar que a distribuição dos royalties não seria alterada. Na tarde de 31, os três compareceram ao centro de convenções para a apresentação dos projetos e saíram com a impressão de que não passaram de coadjuvantes na solenidade em que Dilma teve papel de destaque. Desde então, José Serra se recolheu.
A avaliação dos tucanos é a de que o país não precisaria mudar o modelo de exploração do petróleo porque, se já tivesse licitado as áreas de exploração, os royalties, a participação especial, e bônus de assinatura seriam de tal ordem que permitiria ao país montar um fundo social sem precisar criar uma nova estatal.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/11/28/politica,i=157637/DILMA+E+SERRA+FOGEM+DA+BRIGA+DOS+ROYALTIES.shtml
29 de nov. de 2009
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