SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, defendeu nesta segunda-feira a criação de "taxas verdes", um tipo de imposto que incidiria sobre atividades prejudiciais ao meio ambiente.
Durante entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, Marina cutucou os dois principais adversários na corrida presidencial, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), afirmando que nenhum deles apresentou programa de governo para o país.
"As taxas verdes são você imaginar que existem atividades que são altamente danosas ao meio ambiente. Se você quer fazer uma termoelétrica, você vai ter que pagar o preço das emissões de CO2", explicou a candidata.
"Se você vai fazer uma eólica, você pode inclusive ter incentivos", contrapôs.
Marina lembrou que entregou ao Tribunal Superior Eleitoral um programa de governo que executará caso seja eleita, e acusou Serra e Dilma de buscaram o confronto no lugar do debate de ideias.
"Eles não se prepararam para debater o Brasil, se prepararam para um embate", disse.
A campanha de Serra entregou ao TSE discursos do candidato para cumprir o requisito do TSE, enquanto a de Dilma enviou diferentes versões de programa.
Questionada sobre suas posições em relação à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, Marina foi cautelosa.
"Belo Monte é um empreendimento que tem muitas dúvidas", disse a candidata verde sem, no entanto, afirmar que suspenderia a construção da usina se eleita.
A usina de Belo Monte é apontada pelo governo como um empreendimento fundamental para garantir o fornecimento de energia para o Brasil. Marina afirmou, no entanto, que falta planejamento nas obras de infraestrutura e que o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) "não é um programa, mas uma junção de obras".
EXPLORAÇÃO SEGURA
Ex-ministra do Meio Ambiente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até maio de 2008, Marina garantiu que, caso eleita, manterá a exploração do petróleo na camada pré-sal e a capitalização da Petrobras, que considerou "importante".
"Mantenho a exploração com segurança. Isso é fundamental", acrescentou ao defender a realização de investimentos para que a exploração seja feita com "as melhores tecnologias para evitar acidentes como o do Golfo do México", numa referência ao pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Marina Silva também comentou sua saída do governo Lula. Segundo ela, o presidente vinha sendo pressionado pelo então governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, e pelos ex-ministros Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) e Reinhold Stephanes (Agricultura) para revogar medidas de combate ao desmatamento criadas por sua pasta.
"Quando eu percebi que eles estavam induzindo o presidente ao erro... eu pedi para sair", disse.
Para ela, sua atitude foi positiva "para o governo, para a sociedade e para a Amazônia" porque criou uma situação mais favorável em torno de suas posições e "o desmatamento continuou a cair".
(Por Eduardo Simões)
http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE68J06K20100920
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