23 de set. de 2010

Dilma defende liberdade de expressão, mas evita comentar ato contra imprensa

Folha

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

Questionada se apoia ou não o ato que o PT e entidades de militância pró-governo marcaram para hoje contra a imprensa, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse que não está disposta a desautorizar qualquer manifestação. A petista afirmou ainda que "ninguém pode ser demonizado" no país e que a tolerância deve marcar as relações de todos os setores da sociedade.

A Folha perguntou especificamente a Dilma se ela apoiava ou não a ato que está sendo chamado de "Ato Contra o Golpismo da Mídia".

"Eu não sou contra ato nenhum. Acho que os atos a gente tem que conviver com eles. Não tentem que eu vá desautorizar qualquer manifestação, que eu não vou desautorizar as perguntas da imprensa nem qualquer ato", disse.

Dilma lembrou que enfrentou o regime militar e afirmou que jamais poderia ser contra liberdade de expressão. "Tolerância é a melhor palavra para relação democrática. As pessoas têm absoluta direito de falarem o que querem. Você tem o absoluto direito de aceitar ou não. Agora, não dá para demonizar ninguém nesse país. Isso não é clima adequado para um país que saiu há mais de 20 anos da ditadura."

Para a candidata, o país não enfrenta problema algum para manter a democracia e reafirmou que política não pode ser feita com ódio. "Não vejo nenhuma ameaça a democracia do Brasil. Acho que o Brasil vive um momento democrático e ontem eu disse e vou repetir: acho que não podemos fazer política com ódio, acho que não pode fazer isso porque ódio é que nem droga: você vicia. É fácil entrar e difícil sair. [...] Não é possível a gente julgar que o Brasil tenha qualquer problema na área democrática", disse.

Dilma disse que posicionamentos divergentes são naturais em um regime democrático. "Discussões, posicionamentos divergentes são absolutamente característicos de uma democracia. Eu vivi um momento ruim desse país em que as pessoas não podiam se manifestar, opiniões não podiam ser dadas. Naquela época, falavam que era um absurdo que estudante falasse, que trabalhador reivindicasse aumento de salário", afirmou.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/803541-dilma-defende-liberdade-de-expressao-mas-evita-comentar-ato-contra-imprensa.shtml

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