21 de set. de 2010

Dilma busca distância de escândalo e defende apuração

SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, procurou nesta terça-feira se distanciar do escândalo na Casa Civil, que provocaram a demissão da ministra Erenice Guerra, ex-assessora da presidenciável quando ela comandava a pasta.

Questionada durante entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, por ter se referido inicialmente como um factóide à denúncia que já causou a demissão de quatro pessoas do governo, inclusive a própria Erenice, Dilma lembrou que a "a primeira denúncia dizia respeito ao filho" dela.

E repetiu o argumento de que não pode ser responsabilizada pelos atos "do filho ou parente de alguém".

"Hoje as respectivas pessoas envolvidas vão ser objeto de uma investigação."

Mas confrontada com o que teria sido a admissão de um dos envolvidos de que teria recebido dinheiro indevidamente, Dilma disse que, nesse caso, ele estaria admitindo culpa e terá que pagar por isso.

"Daí a fazer qualquer ilação com a minha campanha são outros quinhentos", disse. "Minha campanha não está envolvida nesta história."

Erenice deixou a chefia da Casa Civil na semana passada, após denúncias publicadas na imprensa de que Israel Guerra, seu filho, comandaria um esquema de lobby para favorecer empresas que têm negócios com o governo em troca de dinheiro.

Dilma é líder disparada nas pesquisas eleitorais --que mostram que ela tem chances de vitória já no primeiro turno--, seguida pelo candidato do PSDB, José Serra.

A vantagem da petista se manteve mesmo em meio às notícias sobre a quebra de sigilos fiscais de pessoas ligadas a Serra, incluindo sua filha Verônica. Mas só as pesquisas a serem divulgadas nos próximos dias poderão medir melhor o impacto do novo escândalo sobre as intenções de voto de Dilma.

"É fundamental a gente ter a clareza, antes de condenar, faz parte da civilização a gente provar e julgar depois", defendeu a candidata.

PROMESSAS E ECONOMIA

No âmbito econômico, a petista foi questionada sobre se pretendia elevar o papel do Estado, seguindo o exemplo do governo Lula que criou novas estatais, e também se o modelo econômico de Lula não se assemelhava ao do regime militar

(1964-1985).

"Nós acreditamos na força da iniciativa privada no Brasil", disse. "Só não achamos que o Estado, por isso, não tenha de estar presente dando as condições para investimento."

Dilma foi confrontada com algumas promessas de sua campanha e realizações do governo Lula, questionando a viabilidade das mesmas. A petista tem prometido, por exemplo, construir 6 mil creches, 2 milhões de moradias e 500 unidades de pronto atendimento de saúde em quatro anos. Bem mais do que Lula fez em quase oito anos.

"No momento em que nós iniciamos, o Brasil ainda tinha uma grande dificuldade, tanto no que se refere às contas públicas quanto à inflação, que estava em 12 por cento", disse a petista, numa repetição do discurso de "herança maldita" do início do governo Lula.

"Nós tivemos um período tanto no que se refere à educação quando no que se refere à infraestrutura de falta de investimento", acrescentou numa nova crítica ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. Para Dilma, o governo Lula conseguiu "colocar investimento na ordem do dia".

(Por Eduardo Simões)

http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE68K05020100921

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