20 de set. de 2010

Candidatos apelam à boa e velha carta

E-mails e redes sociais deram um toque de modernidade à campanha eleitoral este ano, mas há quem prefira reforçar o pedido de votos no mais tradicional estilo: pelos Correios

Correio Braziliense - Isabella Souto | Juliana Cipriani


Em um tempo em que todos se comunicam por redes sociais e até os e-mails perderam força diante da instantaneidade da troca de informações, vários candidatos a cargos públicos na eleição de outubro partiram para a boa e velha carta em casa para tentar uma maior proximidade com o eleitor. A tática implica desde mensagens direcionadas às pessoas até o envio de santinhos e material de campanha por mala direta. Já vale mandar até a cola do voto para não deixar que os eleitores esqueçam os números dos seus pretensos futuros representantes.

Época de campanha, as amizades se revelam. O vereador Ronaldo Gontijo (PPS), que agora tenta uma vaga de deputado estadual, é um que faz uso das correspondências. “Prezado (a) amigo (a)”, começa o parlamentar em texto enviado a uma eleitora. Gontijo informa sobre sua candidatura e usa um ar de intimidade. “Como você sabe, uma das principais funções de um deputado é legislar. Nesse assunto tenho uma experiência muito positiva”, escreve. Além da carta direcionada, o candidato manda ainda santinhos e um cartão com seu número de urna e os de outros colegas com quem faz dobradinha.

O ex-governador Aécio Neves (PSDB), que agora concorre a uma vaga no Senado, também pede voto “o caro amigo e à cara amiga”. Antes de falar da própria candidatura, agradece ao eleitor pela aprovação de sua gestão e apresenta a do governador Antonio Augusto Anastasia, que o sucedeu. Em seguida, pede votos para si e para o ex-presidente Itamar Franco (PPS), que também disputa o Senado. E se despede do eleitor com “um grande abraço para você e para sua família”.

A coligação de Anastasia ganhou uma “forcinha” também da seção mineira da Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade (ABCMI). Em mala direta, a presidenta, Rita Félix Eugênio, pede votos para a chapa tucana para a realização do sonho de projetos para a pessoa idosa. Ao apresentar o nome de José Serra (PSDB) para a Presidência da República, ela diz que o tucano criou a vacinação para o idoso e os remédios genéricos. “Por acreditar nessa nova política é que reforço o meu pedido a vocês”, afirma Rita Eugênio. No verso da carta, um texto sobre Anastasia e a foto do candidato a governador ao lado de Aécio e Itamar.

Depoimentos
É um prazer apresentar… Quem recebeu esta carta não imagina que trata-se de uma propaganda eleitoral. Mas com um pouquinho de curiosidade para tirar a etiqueta, vem a continuação: “…quem tem trabalho para mostrar”, ao lado de uma foto do deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB), que concorre à reeleição em Minas. Um depoimento de apoio do ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), Robson Itamar, diz que “Sávio tem presença destacada na Assembleia”, especialmente “nas questões do serviço e dos servidores públicos”.

O deputado estadual mineiro Délio Malheiros (PV), que tenta a reeleição, também se dirige ao “prezado amigo” e conta que há 25 anos atua como o advogado do consumidor. Além de santinhos dele e do seu candidato apoiado a deputado federal, ele envia adesivos para que o eleitor possa fazer seu nome ecoar pelas ruas. Outro que mostra os feitos na carta aos eleitores é o petista André Quintão, que reforça sua vinculação com projetos na área de participação popular. O deputado estadual João Leite (PSDB) é mais generoso. Além de pedir o voto do eleitor para se reeleger, dedica grande parte da carta a apresentar o governador Antonio Anastásia, para quem pede a adesão de “amigas e amigos”. O tucano também envia a cola com os números da coligação para “facilitar” a vida do eleitor.

Mais moderno — ou talvez com mais dinheiro no bolso —, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) está investindo em ligações telefônicas para os eleitores, quando uma funcionária da campanha pergunta qual o problema que o eleitor enfrenta em seu bairro. Dias depois, chega à casa uma correspondência personalizada com texto citando o nome e bairro do eleitor, além de relatar a conversa que teve com sua funcionária. O parlamentar agradece o eleitor por ter atendido sua funcionária de telemarketing e diz que ela lhe contou como foi a conversa. A carta traz ainda menções aos candidatos da coligação a governador, presidente e senador. O eleitor recebe também um DVD em que apresenta a sua trajetória política e propostas para um novo mandato na Câmara dos Deputados e adesivos da campanha.

O volume de correspondências enviados por candidatos mineiros nessas eleições é grande. De acordo com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em Minas Gerais, até o fim do período eleitoral, devem ser postados mais de 7 milhões de correspondências por políticos no estado. Os contratos envolvem envio de carta, telegrama, impresso especial, mala direta, Sedex e o serviço de encomenda econômica dos Correios (PAC).

Até o mês passado, foram postados quase 1,5 milhão de correspondências eleitorais. Somente em malas diretas e impressos, houve um incremento de 16% nos serviços. Em setembro a expectativa é de um aumento de 65% no volume de envio desses objetos em comparação ao mesmo período do ano passado.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/20/noticia_eleicoes2010,i=213752/CANDIDATOS+APELAM+A+BOA+E+VELHA+CARTA.shtml

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