24 de abr. de 2010

Governo minimiza críticas de Ciro por entender que seria apenas um "último ato"

Correio Braziliense -Ivan Iunes

As críticas ácidas de Ciro Gomes ao Palácio do Planalto, a aliados e ao próprio partido repercutiram de forma diferenciada no governo e na oposição. Depois de minimizar as chances de Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral contra José Serra (PSDB) e de criticar a atuação do presidente Lula, o deputado federal provocou mal-estar generalizado na aliança governista à Presidência, especialmente frente ao presidente e ao vice do PSB, Eduardo Campos e Roberto Amaral. Ciro, que já foi filiado a cinco partidos, classificou sua vida partidária, durante entrevista ao Portal IG, como uma “tragédia”. A oposição, por sua vez, tenta capitalizar em votos as declarações do político.

A ordem dos caciques da campanha de Dilma Rousseff foi a de não responder aos ataques de Ciro. A avaliação é de que, depois da explosão, o deputado federal irá submergir até outubro — ele descarta disputar qualquer mandato que não seja o de presidente da República. Ontem, apenas os líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do PT, Fernando Ferro (PE), responderam aos torpedos do político. Ambos evitaram elevar o tom. “A orientação para o PT é não entrar nessa briga. Não vamos discutir pela imprensa, até porque o Ciro é aliado”, ponderou Vaccarezza. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, jogou a legitimidade de uma comparação entre Dilma e José Serra, expressada por Ciro, para os eleitores, em outubro.

Indicações
A estratégia do governo com o episódio é abafar ao máximo as declarações do deputado. Ministro durante o primeiro mandato de Lula, Ciro tem indicações na Esplanada, como o ministro de Portos, Pedro Brito. Uma reação exaltada do deputado federal diante da negativa do PSB em conceder a ele a legenda à Presidência já era esperada. A tarefa de esfriar os nervos do ainda pré-candidato nos próximos dias caberá ao próprio partido.

A reação contemporizadora pôde ser observada durante a posse de Cezar Peluso na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Questionado sobre as críticas do aliado, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, foi lacônico: “Estou mudo”. Pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra adotou o mesmo tom. “Como candidato e diante de uma situação de problemas entre outros partidos, prefiro não me pronunciar. Não é que eu não tenha opiniões, mas não vou ficar opinando a respeito”, afirmou.

Diante da desistência forçada de Ciro e da fissura na aliança, a oposição contabiliza os ganhos. Pela última pesquisa Ibope, sem o socialista na disputa, a diferença entre Serra e Dilma aumentaria um ponto percentual, de 36% a 29%, para 40% a 32% — dentro da margem de erro da pesquisa. O líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), ressaltou a declaração de Ciro de que os aloprados responsáveis por vender dossiês em 2006 voltariam em outubro. “Ciro está prestando um grande serviço ao país em dizer que a usina da maldade vai continuar”, elogiou Bornhausen.

Dilma Rousseff critica tolerância a drogas
Pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff mostrou-se, ontem, contrária à descriminalização das drogas. “A gente não pode ser seduzido pelas políticas de descriminalização quando no Brasil temos uma epidemia tão grave como o crack”, afirmou. Para ela, o problema é como uma praga que penetrou em pequenas cidades e deve ser enfrentado com autoridade, carinho e apoio. “Apoio para impedir que mais jovens caiam nessa armadilha, carinho para cuidar dos que precisam se libertar do vício e autoridade para combater os traficantes”, afirmou, em entrevista à Rádio JM Difusora, de Uberaba (MG).

Colaborou Luciano Pires

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/04/24/politica,i=188400/GOVERNO+MINIMIZA+CRITICAS+DE+CIRO+POR+ENTENDER+QUE+SERIA+APENAS+UM+ULTIMO+ATO.shtml

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