29 de abr. de 2010

Dilma é a favorita, mas Serra está melhor, diz Duda

O marqueteiro Duda Mendonça fala ao iG sobre as campanhas do PSDB e do PT para a sucessão do presidente Lula

Luiz Antonio Ryff, iG Rio

Criador do “Lulinha Paz e Amor” em 2002, o marqueteiro Duda Mendonça, 66 anos, não deve participar da campanha pela Presidência este ano. Ele e sua equipe não estarão a serviço de Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) ou José Serra (PSDB) na disputa. Até agora deve fazer cinco campanhas estaduais, entre as quais a de Paulo Skaf (PSB) ao governo de São Paulo e o de Siqueira Campos (PSDB) ao de Tocantins.

Afastado da contenda principal, ele analisa o quadro eleitoral. Em uma conferência sobre marketing político na Casa do Saber, na Lagoa, no Rio de Janeiro, ele afirmou que Dilma é a favorita. E, confiante do prognóstico, chegou a apostar um jantar com um participante da palestra. Duda também disse que Minas Gerais deve ser o fiel da balança eleitoral.

Após a palestra, em entrevista ao iG, Duda disse que, ao contrário de 2002, este ano a eleição não será de mudança. “Até quem deveria ser oposição, acaba se colocando como continuador do governo Lula”. E ele elogiou a estratégia do ex-governador de São Paulo. “Se a população perceber que não vai ter grandes mudanças, é uma vantagem para o Serra, porque ele é mais experiente que a Dilma”.

Se elogia a estratégia de Serra no período pré-eleitoral, Duda é mais reticente em relação à condução da campanha de Dilma. Acha que é hora da candidata ganhar mais musculatura. E diz que é um erro tentar transformar um político no que ele não é. “Não dá para tentar vender ela para a população apenas como a continuação do Lula”.

As opiniões de Duda devem ser levadas em conta pela experiência indiscutível que ele tem. É bom lembrar, no entanto, que a campanha da ministra Dilma é tocada pelo marqueteiro João Santana, ex-sócio de Duda Mendonça. Entre os aliados da ministra havia quem defendesse a contratação de Duda para seu lugar. O próprio Duda a procurou para tentar convencê-la a fazer a troca, mas não conseguiu.

Durante a palestra, ao ser questionado se, como publicitário, era mais difícil vender sabão ou um político, ironizou. “O sabonete não fala. Tem essa vantagem”.

Ao ser questionado se o sistema eleitoral brasileiro não é muito caro, Duda sugeriu que as campanhas fossem abolidas em troca de debates temáticos na TV. Mas disse que é uma solução que não interessa aos políticos. “Sabe por que candidato tem medo de debate? Porque lá ele aparece nu e cru”.

Leia abaixo algumas frases de Duda:

Eleição sem carisma

“Isso não vai ser fundamental. Se um deles tivesse e o outro não tivesse... os dois não têm muito. Mas todos os dois têm muita bagagem. Deve ser uma eleição mais técnica, com discussão sobre projetos. Os dois têm muito conteúdo. Os debates vão ser seguramente empolgantes.”

Serra na frente de Dilma

“Para uma candidata nova, ela até cresceu muito. O jogo começa, na verdade, depois da Copa do Mundo e, sobretudo, a partir do dia 15 de agosto, com o horário gratuito. Os candidatos estão hoje praticamente empatados. Se você levar em conta o conhecimento do Serra como governador de São Paulo, que já foi candidato à Presidência da República, foi ministro, ele tem um recall que ela não tem em nível de conhecimento.”

Estratégia de Serra está mais correta

“A postura do Serra é mais madura e estrategicamente correta. Ele não está entrando em confrontos. Ele não se apresenta como opositor do Lula, que é, sem dúvida nenhuma, um formato inteligente. Evita polarizar contra, porque aí entra no plebiscito, que é o ponto forte do Lula. Ele está mais simpático. Está menos crítico, mais solícito. Isso mostra que o Serra amadureceu e resolveu jogar pesado. É um candidato muito forte”.

Dilma precisa ganhar musculatura

“Acho que está na hora de dar a ela mais musculatura. Falar um pouco da história dela, que ela é o braço direito do Lula, que está com ele desde o governo de transição. Recentemente, o Lula viajava muito e ela era, na verdade, a grande comandante do governo. Já deu demonstrações de que conhece a máquina, que é comprometida com projeto do Lula. Isso é muito importante”.
“Não dá para tentar vender ela para a população apenas como a continuação do Lula. Tem que vender ela como uma pessoa forte, capaz, competente, preparada.”
“Não adiante tentar desvirtuar a Dilma. Tem que deixar a Dilma como ela é. E as pessoas vão entender ela. Ou não. Mas tentar fazer ela uma outra pessoa, ninguém vai conseguir. Se ela ficar numa vestimenta em que ela não fica confortável, volta e meia ela vai escorregar. É um erro.”

Saída de Ciro tira sal da disputa

“Ele daria um sal diferente à essa eleição. O temperamento mais explosivo dele ia dar um outro tom à essa disputa”.
“Vamos ver o tamanho dos tiros que o Ciro vai dar. Ele está machucado, magoado. E ninguém pode dizer que ele não tem motivo para estar sofrido. Ele tem mesmo. Ele mudou o domicílio eleitoral para São Paulo e não pode ser candidato a nada. Ele podia ter ficado ministro. Será que não houve um momento em que podiam chamar ele e encontrar uma composição que fosse boa para os dois lados?”

Qual será o tema dessa eleição?

“Com a entrada da Marina, parecia que o meio-ambiente seria o grande tema da campanha, mas esfriou. Hoje a discussão é sobre quem é mais experiente, porque o Serra, inteligentemente, não está na posição de oposição. E essa é uma estratégia correta. Porque ele sai da polêmica de discutir o governo de Fernando Henrique. E está elogiando o Lula.”

Fim do formador de opinião tradicional

“Acabou-se o tempo em que o formador de opinião funcionava como uma pirâmide de cima para baixo, quando o povo na base e os artistas, os intelectuais, os coronéis, tinham uma influência terrível. Hoje quem gera informação, quem muda o voto, é o igual, é o colega de trabalho.”
“O público que elege hoje ganha entre R$ 1.200 a R$ 2.000”.

Quando vale fazer campanha negativa

“Quando eu digo não à campanha negativa, é à baixaria. É atacar sem argumento, simplesmente porrada. Isso as pessoas não querem. Mas em alguns momentos você pode e deve usar. Em um debate, por exemplo, é quando as pessoas mais toleram você ser até um pouco agressivo com seu adversário. Por que ali elas acham que é honesto. O que você não pode é colocar, no seu programa, o seu apresentador para meter o pau no seu adversário. Ele não tem legitimidade, ele não tem credibilidade para fazer isso”.

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/dilma+e+a+favorita+mas+serra+esta+melhor+diz+duda/n1237599595355.html

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