2 de set. de 2010

Obras e locais usados por Dilma em propaganda parecem melhores do que são

Correio Braziliense - Alana Rizzo

Hospital citado como exemplo por Dilma na Bahia funciona precariamente, creche modelo não tem incentivo federal e vídeo feito na UnB usou locação vetada a alunos

Candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff apresentou em seu programa eleitoral um hospital que funciona precariamente. Inaugurado às pressas na última semana pelo governo baiano, o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana, na Bahia, consumiu quase um minuto do horário eleitoral gratuito da última terça. Segundo a direção da própria unidade de saúde, apenas 27 leitos do Pronto Atendimento estão aptos a receber pacientes. O edital previa 180 no primeiro ano de funcionamento e 250 até o segundo. Os centros cirúrgicos, anunciados como especialidade da unidade, ainda não podem ser usados. Equipamentos, como o tomógrafo, não chegaram. Foram investidos R$ 60 milhões na obra, administrada por uma organização não governamental.

“Eu acho que hospital tinha que ser dessa qualidade aqui. Acho que é um padrão que a gente quer buscar para todos os hospitais”, diz a ex-ministra da Casa Civil no vídeo, depois de serem exibidas imagens internas do local. As áreas estão fechadas e os equipamentos estão parados.

Na sequência, Dilma pergunta: “Como é que você se sente em relação ao hospital? Vocês que trabalham aqui?”. O questionamento é feito para o diretor do Instituto Sócrates Guanães, vencedor da licitação para comandar o hospital, e para Renan Araújo, funcionário da Secretaria de Saúde. Os dois são apresentados apenas como médicos. Araújo diz que “é uma satisfação mudar um paradigma e fazer uma construção da melhor qualidade, com todos os equipamentos necessários para o atendimento completo e humanizado”. Já Guanães afirma que “não há nada de melhor e mais avançado para a segurança do paciente”.

Espera
Apesar de o programa de Dilma exibir profissionais na unidade, faltam servidores. Ontem, de acordo com informações da recepção, apenas um pediatra e um ortopedista estavam no local, que deveria ser “o mais moderno hospital (1) infantil do país”. O número contraria a informação do comando do HEC, de que a equipe atual era formada por um ortopedista, um cirurgião-geral, um cirurgião muco-maxilar, três cirurgiões-pediátricos e um anestesista. Durante a manhã, a fila de espera era de 10 pacientes. No Hospital Geral Clériston Andrade, congestionado com a demanda da segunda maior cidade da Bahia e dos arredores, os funcionários ainda não orientam os pacientes a procurarem a nova unidade. “Ninguém sabe se está funcionando”, disse uma enfermeira que preferiu não se identificar.

De acordo com o material de divulgação, o HEC é a maior unidade do Norte e do Nordeste e a previsão é que realize 48 mil consultas, 24,3 mil cirurgias e 8.172 internações no primeiro ano, além de gerar 700 empregos diretos. Entre as especialidades estão oncologia, nefrologia, cardiologia e UTI. Cirurgias cardíacas e tratamento de oncologia, contudo, só a partir de 2012. “Essa primeira fase é assim. Os profissionais precisam fazer treinamento, conhecer a planta do hospital, os equipamentos. É processo natural”, disse André Guanães.

1 - Planos remodelados
Aliado do governo Lula, o candidato à reeleição no governo da Bahia, Jaques Wagner, tenta colar a obra na sua gestão. Segundo a campanha petista no estado, o governador investiu R$ 94,2 milhões em três hospitais públicos no interior do estado. O presidente Lula e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, iriam participar da cerimônia de inauguração. Porém, o mau tempo atrapalhou os planos do candidato.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/02/noticia_eleicoes2010,i=211044/OBRAS+E+LOCAIS+USADOS+POR+DILMA+EM+PROPAGANDA+PARECEM+MELHORES+DO+QUE+SAO.shtml

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