1 de set. de 2010

Aliados de Dilma já se articulam para ocupar os mais disputados ministérios

Apesar da petista negar especulações sobre um eventual futuro governo


Correio Braziliense - Denise Rothenburg | Tiago Pariz

As declarações de Dilma Rousseff desautorizando especulações sobre um possível futuro governo não arrefeceram o apetite dos partidos aliados e nem ajudaram a conter os movimentos de bastidores em busca de cargos, antes mesmo de abertas as urnas. É que, com as pesquisas indicando a perspectiva de vitória ainda no primeiro turno, tudo ficou muito antecipado. E, se confirmados os pedidos de cada aliado, o PT corre o risco de terminar espremido entre as pretensões do PMDB e dos demais partidos da base governista. Os petistas têm dois nomes para o Ministério das Comunicações, os deputados Jorge Bittar, do Rio; e Valter Pinheiro, da Bahia, que concorre a um mandato de senador. No último comício de Dilma em Salvador, Pinheiro dedicou grande parte do discurso ao setor de telecomunicações, para muitos um sinal de que mira o cargo.

O PMDB, da sua parte, não deseja perder o terreno nessa seara, e também tem nomes, como o do deputado Eunício Oliveira (CE), outro concorrente ao Senado. Mas os peemedebistas aceitariam uma “troca”, se ficassem com Cidades, Transportes e mantivessem a pasta da Saúde e Minas e Energia, onde estava o senador Édison Lobão (PMDB-MA), candidato à reeleição. O PT, entretanto, não abre mão de voltar a comandar o Ministério das Cidades, considerado uma mina de ouro e vitrine política. Por causa da Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, a pasta criada por Lula — e que teve como primeiro ministro o petista gaúcho Olívio Dutra — receberá um orçamento reforçado. Mas o PP, partido do ministro Márcio Fortes, quer manter essa joia da coroa.

Nos bastidores, há um grupo petista em movimento para que o secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Elias, seja o futuro ministro no lugar do PSB. O problema, entretanto, é o próprio PSB que vê a pasta como um lugar ao sol para Ricardo Coutinho, candidato ao governo da Paraíba, hoje em desvantagem para o governador José Maranhão, do PMDB, que disputa a reeleição.

Aos aliados que não conseguirem se sair bem do processo eleitoral, a turma do Planalto e da campanha aconselha a não sonhar com muitos cargos de primeiro escalão. Para esses, estarão reservados os postos que não podem ser ocupados por parlamentares, caso das diretorias de agências reguladoras e estatais.

Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o técnico Antônio Bedran termina seu mandato em novembro deste ano. Ele esteve, inclusive, cotado para ministro das Comunicações quando Hélio Costa se licenciou para concorrer ao governo de Minas Gerais. Hoje, fez alguns gestos na tentativa de permanecer no cargo. Não obteve sinais nem positivos nem negativos às suas pretensões por conta da reserva de mercado que o governo pretende fazer para atender aliados que não tiveram sucesso nas urnas. No mesmo caso, pode entrar as vagas da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), uma já está aberta, mas o nome do indicado não foi enviado ainda ao Congresso. A outra ficará disponível no final do ano.

Ajuda a aliados
Dilma e os aliados evitam o assunto. “Estamos blindados contra intrigas e divisões. Nada vai nos atingir”, declara o ex-deputado Moreira Franco, um dos peemedebistas responsáveis pela coordenação de campanha. Moreira participou ontem da reunião do conselho político da campanha, onde foram discutidos os pedidos de aliados que enfrentam problemas nas urnas. Antes do encontro, a própria candidata disse não ter a pretensão de resolver os problemas enfrentados pelas campanhas de Aloizio Mercadante (PT), em São Paulo, e de Hélio Costa (PMDB), em Minas Gerais. “Não acho que resolvo o problema. Cada estado tem sua característica. Não tenho pretensão de resolver situação eleitoral em lugar nenhum. Agora, tenho a pretensão de fazer campanha, ajudar meus parceiros e me empenhar em São Paulo e Minas Gerais”, afirmou.

A petista também prometeu ajudar aliados no Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará. Ela disse ainda que visitará cidades do Entorno do Distrito Federal, numa tentativa de alavancar a campanha de Agnelo Queiroz (PT). Em São Paulo, estão marcados atos para Guarulhos, Campinas, Santos e Ribeirão Preto, cidades mais afáveis ao petismo, onde, segundo o PT, há espaço de crescimento de Aloizio Mercadante. As campanhas de Mercadante e Hélio Costa atravessam momentos diferentes. Enquanto o paulista aparece em crescimento nas pesquisas, o mineiro vê sua vantagem diminuir para o candidato do PSDB, Antonio Anastasia.

Arrecadação em crescimento
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, conseguiu acelerar a arrecadação de recursos no último mês e atingiu a marca de R$ 29,5 milhões, oito vezes mais do que o levantado no primeiro mês da campanha: R$ 3,6 milhões. A presidenciável petista, Dilma Rousseff, aproximou-se dos R$ 50 milhões de doação, quadruplicando o valor de R$ 11,6 milhões registrado em julho. Os gastos da campanha petista atingiram R$ 40 milhões. A despesa tucana não foi informada.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/01/noticia_eleicoes2010,i=210850/ALIADOS+DE+DILMA+JA+SE+ARTICULAM+PARA+OCUPAR+OS+MAIS+DISPUTADOS+MINISTERIOS.shtml

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