30 de ago. de 2010

Serra diz que projeto Rede Cegonha de Dilma é cópia do Mãe Paulistana

Temporão visita reduto tucano

Correio Braziliense - Ullisses Campbell


São Paulo — A um mês das eleições, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, vai visitar hoje em São Paulo uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), uma das maiores bandeiras eleitorais do candidato José Serra (PSDB). A visita do ministro petista à obra tucana vem sendo vista como inusitada pelo PSDB, que acusa o PT de copiar as promessas de campanha dos tucanos. No programa eleitoral de sábado, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, deu ênfase ao projeto Rede Cegonha, que o PSDB vê como uma cópia do Mãe Paulistana. Os dois programas preveem assistência médico-hospitalar a gestantes. “As promessas da Dilma são um papel-carbono das coisas que eu fiz em São Paulo. Agora até ministro vai visitar UPA”, reclamou Serra, dizendo que é uma falta de respeito sentar na cadeira de presidente um mês antes da eleição.

No mesmo dia em que Dilma falou da Rede Cegonha, Serra mostrou em seu programa resultados do Mãe Paulistana. A petista disse que criou o projeto porque tem preocupação com a saúde das crianças, desde a gestação da mãe até os primeiros anos de vida. “Um país do tamanho do nosso tem que ter projetos especiais voltados para a população de crianças e jovens”, justificou a candidata. Como ainda é uma promessa, o programa da petista mostrou uma modelo grávida. Já o programa de Serra(1) contava histórias de mães pobres que tiveram bebês pelo programa de São Paulo.

Segundo estimativas do Mãe Paulistana, até o fim do ano, o programa prevê o nascimento de 56.842 crianças. Desde 2004, cerca de 400 mil bebês já nasceram pelas mãos de médicos ligados ao projeto. Também já foram distribuídos 350 mil enxovais às mães. Quando foi criado, menos de 10% das gestantes voltavam ao médico após dar à luz. Hoje, todas que realizam teste de gravidez nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) são inscritas para fazer pré-natal, exames laboratoriais e ultrassom. Destas, 75% retornam à consulta, o que facilita a prevenção de complicações pós-parto.

“Para ser beneficiada pelo programa, a mãe precisa fazer uma inscrição e passa a receber um bilhete único que dá acesso grátis a ônibus e metro”, explica a coordenadora-geral do Mãe Paulistana, Maria Aparecida Orsini de Carvalho. No caso das Upas, Serra faz questão de dizer que é o pai da criança. Em programa eleitoral que foi gravado no fim de semana e que será apresentado até sexta-feira, ele vai mostrar que as 115 unidades ativas na Grande São Paulo vêm sendo inauguradas desde a época em que ele era prefeito da cidade, entre 2005 e 2006.

Inaugurações
Na semana passada, o tucano criticou Dilma, que vem prometendo inaugurar 1,5 mil unidades nos quatro anos que pretende governador o Brasil. Atualmente, as Upas são adotadas em 14 estados e 71 municípios de todo país, inclusive em estados administrados pelo PT e aliados, como Pernambuco e Bahia. Segundo a meta adotada por Temporão assim que assumiu o cargo, em 2007, seriam inauguradas 500 Upas em todo o país, mas o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva vai se encerrar em dezembro com 430 unidades funcionando. Setenta ficarão só na promessa por falta de investimento.

“Todas as minhas promessas são copiadas pelo PT. A diferença é que a Dilma faz promessa e eu assumo compromisso”, compara Serra. Na passagem por São Paulo, Temporão vai falar hoje justamente das promessas feitas na área da Saúde e as dificuldades que se tem para concretizá-las por causa dos limites constitucionais. O ministro será palestrante do Terceiro Setor e Parcerias na Área da Saúde, que reúne juristas, agentes públicos, gestores hospitalares e agentes de controle.

À tarde, Serra visitou a Associação dos Nordestinos do Estado de São Paulo. Acompanhado da mulher, Mônica Serra, ele tentou cantar a música Asa Branca, mas o microfone não estava funcionando. Para homenagear os nordestinos, o candidato pôs um chapéu de couro na cabeça.

1 - “Ação de hackers”
O site oficial do candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) ficou fora do ar por 12 horas, entre o sábado e ontem. Uma equipe de técnicos em processamento de dados foi chamada às pressas para pôr a página no ar. Até as 15 horas de ontem, os técnicos acreditavam que um hacker havia invadido o site, tirando-o do ar.

Marina discute campanha
Michel Filho/Agência O Globo
Marina durante café da manhã com a equipe de assessores em São Paulo

A candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, dedicou o dia de ontem para reorganizar a campanha e gravar programas em São Paulo. Pela manhã, se reuniu com coordenadores em um café da manhã, no qual um dos assuntos discutidos foi a questão financeira, principalmente as doações pela internet. Segundo a área de arrecadação da campanha, o volume de recursos que chegaram ao PV pode dobrar neste primeiro mês — a expectativa é que possa ultrapassar os R$ 4,6 milhões em julho.

O coordenador do comitê financeiro da campanha de Marina, Álvaro de Souza, informou que esta semana já terá em mãos o total arrecadado pelo PV no segundo mês de campanha, quantia que deve ser declarada à Justiça Eleitoral. A coordenação espera que o montante de R$ 4,6 milhões dobre. Souza disse que a campanha na internet já coletou cerca de R$ 75 mil em doações e reconheceu que esperava um resultado melhor. “Não existe no Brasil uma tradição de doação política”, justificou.

Ela se reuniu numa mesa com 11 pessoas, entre elas o seu vice, Guilherme Leal, o economista Eduardo Giannetti e a socióloga Anamaria Schindler. Na pauta de discussões, o balanço da campanha e os novos rumos que serão adotados a partir de agora. Marina não tocou na refeição — pão integral com mel, uma salada de frutas e um suco de laranja —, alegando que estava enjoada. Hoje, a candidata participa da 12º Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool, na Feira Nacional Sucroalcooleira, em Sertãozinho (SP). À noite, está prevista a presença de Marina em evento no Rio, onde receberá o apoio de artistas, no Teatro do Leblon.

Contra as especulações


Denise Rothenburg

Embalada pelas pesquisas eleitorais que lhe dão a perspectiva de vitória no primeiro turno, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, entrou na fase de colocar um pé no freio nas especulações a respeito de composição de governo e de brigas internas entre aliados. “Qualquer discussão de nome é factoide. Desautorizo. Não achamos isso correto”, afirmou. Ao lado do presidente do PT, José Eduardo Dutra, coordenador da campanha, Dilma assegurou que “não chegou qualquer partido político para colocar sobre a mesa algum pedido” de cargo ou espaço em um possível futuro governo. “Está aqui o coordenador da campanha, e nenhum de nós autoriza a se falar em nomes”, disse a candidata.

Àqueles que têm defendido uma eleição em dois turnos como necessária ao fortalecimento da democracia, a candidata, quando perguntada a respeito, manda um recado direto: “O que fortalece a democracia é voto. A base é sólida quando se configura em maioria, independentemente da quantidade de turnos que se faça, não só no Brasil como em qualquer lugar do mundo”, afirmou.

Dilma conversou com os jornalistas na casa amarela onde está montado o estúdio do marqueteiro João Santana. A entrevista foi convocada pela candidata, que, quando não tem eventos de corpo a corpo com o eleitor, sempre chama a imprensa para falar de algum tema específico das propostas a fim de ganhar espaço em jornais e na TV. Ontem, chegou dizendo que o assunto seria banda larga. A ideia é ampliar o acesso, hoje restrito a 12 milhões de pessoas, a 40 milhões nas capitais e 4.283 municípios. Para isso, ela pretende usar a rede de fibra óptica das companhias de eletricidade e da Petrobras. Quem cuidará da ampliação é a Telebras. O custo dessa ampliação até 2014 será da ordem de R$ 3 bilhões.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/30/noticia_eleicoes2010,i=210428/SERRA+DIZ+QUE+PROJETO+REDE+CEGONHA+DE+DILMA+E+COPIA+DO+MAE+PAULISTANA.shtml

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