30 de ago. de 2010

PT deve a gráficas da campanha de Dilma à Presidência

Folha

SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO

A campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República mandou produzir seu material impresso nas gráficas que até hoje o PT não pagou pelas dívidas deixadas na reeleição do presidente Lula em 2006.

Juntas, Braspor e Mack Color, ambas de São Paulo, são credoras de R$ 4,4 milhões dos R$ 6,2 milhões que o PT ainda deve na praça, quatro anos depois da campanha de reeleição de Lula.

Os valores constam do último balancete do partido entregue ao Tribunal Superior Eleitoral.

Em Osasco, sede da Braspor, a campanha de Dilma imprimiu pelo menos 7,5 milhões de panfletos intitulados "13 razões para votar em Dilma" e 50 mil cartazes.

O material abastece os principais comitês do país no Sul, Sudeste e em Brasília. O nome da empresa não aparece nos panfletos, que trazem apenas seu CNPJ sombreado na borda.

O mesmo ocorre com a Mack Color, que confeccionou 9,5 milhões de adesivos. O PT deve R$ 1,1 milhão para a empresa desde 2006.

Questionadas sobre o conflito entre os novos contratos de fornecimento e as dívidas do PT, as gráficas não se manifestaram.

NEGOCIAÇÃO

Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto limitou-se a dizer que o partido "tem negociado com credores os pagamentos de saldos conforme seu orçamento".

Essa dívida foi assumida pelo partido após a eleição de 2006. Como as contas de Lula fecharam no vermelho, o PT herdou o prejuízo usando um mecanismo chamado "novação" (extinção de uma dívida anterior em troca de uma nova dívida).

Esse tipo de recurso é utilizado porque, após a eleição, o CNPJ usado para captar recursos de campanha é obrigatoriamente cancelado.

Além de Dilma, outros candidatos do PT usaram a gráfica para produzir material, entre eles os ex-presidentes da sigla, Ricardo Berzoini (SP) e José Genoino (SP) e o candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante (PT).

TOTAL

A dívida total do PT com bancos e fornecedores hoje é de R$ 24,9 milhões. Isso inclui o prejuízo do escândalo do mensalão, em 2005, rombo que já foi três vezes maior. Em 2009, o superávit do PT era de R$ 6,8 milhões.

Do episódio do mensalão, empresas e bancos seguem sem receber. A Coteminas, por exemplo, é credora de R$ 9,8 milhões. O Banco Rural, de onde os acusados de envolvimento no escândalo sacavam dinheiro, de R$ 1,6 milhão.

Há ainda dívidas não quitadas há mais de uma década: R$ 222,8 mil referentes à campanha de Lula em 1998, e R$ 13,6 mil, de 1994.



http://www1.folha.uol.com.br/poder/790807-pt-deve-a-graficas-da-campanha-de-dilma-a-presidencia.shtml

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