8 de dez. de 2009

Indefinição de Ciro reabre disputa no PT de São Paulo

Valor Econômico - Paulo de Tarso Lyra

A chefe da Casa, ministra Dilma Rousseff, repetiu ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan, que o deputado Ciro Gomes (PSB-SP) é o favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer ao governo de São Paulo e, portanto, dela mesma. "O presidente Lula tem uma preferência inequívoca por Ciro Gomes. Esse é um processo que ainda tem muitas incógnitas, depende de como isso vai se desdobrar daqui até março para que gente possa ver como vai fechar essa equação", completou. Mas a demora do parlamentar pessebista em se decidir reforçou a tese de setores do PT em ter um candidato próprio na disputa local. Já existem seis pré-candidatos petistas ao cargo - o mais recente, o senador Eduardo Suplicy.

"O Ciro não se decide e também não faz movimentos políticos aqui em São Paulo, um Estado com um peso político enorme", reclamou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), coordenador da última campanha de Marta Suplicy à prefeitura paulistana. "Se ele fizesse isso, poderia inclusive consolidar sua candidatura presidencial, se ele de fato insistir nessa tese", completou o petista.

Mesmo assim, Zarattini acha que não há receio de uma disputa interna tensa pela pré-candidatura. "Não haverá prévias. Todos no diretório paulista estão imbuídos do sentimento de que a nossa candidatura deve ser aquela com melhores condições de ganhar a eleição em São Paulo e, ao mesmo tempo, aquela que mais unificar a base de apoio ao governo , fortalecendo a candidatura de Dilma ", disse Zarattini.

Nesse sentido, a reeleição de Edinho Silva (PT-SP) para a presidência do diretório estadual foi significativa. Edinho - que integra a tendência Construindo um Novo Brasil (CNB) foi reconduzido ao cargo com mais de 90% dos votos. "É um sinal de unidade muito grande. O PT de outros estados pode até estar enfrentando crises internas. Nós não", declarou o deputado petista.

Para outro integrante da direção petista, o movimento intenso de pré-candidatos petistas serve também como um aviso para Ciro Gomes. "Estamos dizendo que queremos que ele seja candidato. Mas se ele não quiser, não vamos ficar "esperando Godot" sem movimentar nossos quadros internos". Para esse petista, Ciro sabe que ele é o preferido de Lula, mas precisa também demostrar que deseja, de fato, disputar o governo de São Paulo. "Eu acho que ele está fazendo charme. Mas é fato que, até o momento, Ciro jura que vai tentar um projeto nacional", completou uma liderança petista.

Desde o final do ano passado, Lula externou à cúpula do PSB e ao próprio Ciro a preferência pelo nome dele para o governo paulista. Na análise do presidente, Ciro teria condições de "infernizar" os tucanos em São Paulo, estado governado pelo PSDB há 16 anos, além de abrir o caminho para Dilma como única representante dos aliados. Além disso, sem o PSB na disputa nacional, os partidos da base tenderiam a fechar, em bloco, o apoio à candidatura Dilma, reforçando o caráter plebiscitário da sucessão presidencial.

Ciro transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo em outubro, afirma abertamente que não pretende colocar em risco a continuidade do projeto político que governa o país atualmente. Mas tanto ele quanto o PSB mantêm, até o momento, o argumento de que mais de um candidato presidencial na base aliada é bom, pois deixa margem para uma composição em 2turno.

Para um petista que integra a Executiva Nacional, a recolocação do nome de Antônio Palocci na disputa é um claro sinal que o partido busca uma alternativa consistente caso Ciro não aceite disputar o governo local. Além de Palocci e Eduardo Suplicy, outros nomes cotados são do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, do ministro da Educação, Fernando Haddad, da ex-prefeita Marta Suplicy (que apoia Palocci) e do deputado Arlindo Chinaglia.

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