Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Pré-candidato à Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, afirmou no fim da noite de segunda-feira (7) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe "avanços inquestionáveis", repetiu que espera até o início de janeiro para saber se será o candidato da oposição para o Palácio do Planalto e previu que o DEM, tradicional aliado do PSDB, não se afetará pelo escândalo na gestão no Distrito Federal.
Visto como oposicionista moderado, Aécio disputa com o governador de São Paulo, José Serra, líder nas pesquisas de intenção de voto, a indicação tucana para concorrer à sucessão de Lula. O paulista prefere definir um nome para o partido apenas em março, mas o mineiro resiste e prometeu tratar do tema com o colega na sexta-feira em uma visita que os dois farão juntos ao Estado do Piauí.
"Precisamos definir um candidato o quanto antes, porque o governo já definiu quem estará na disputa", disse Aécio a jornalistas depois de receber prêmio de uma revista em São Paulo, referindo-se à petista Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil e preferida de Lula. "Se o partido optar por definir em março é porque já decidiu quem é o seu candidato. E aí é melhor eu cuidar da sucessão em Minas Gerais e de outros caminhos."
O tucano não pode disputar novo mandato no Palácio da Liberdade. Cogita lançar seu vice, o pouco conhecido Antonio Anastasia, à sucessão estadual e já descartou concorrer como vice em uma chapa encabeçada por Serra. Tem preferência por buscar vaga no Senado.
Embora apareça com desempenho pior que o de Serra nas pesquisas de intenção de voto, Aécio afirmou que esse é apenas "um dos elementos que se usa para construir uma candidatura". "Minha candidatura serve para agregar outras forças políticas, inclusive dentro do campo do presidente Lula, que não estariam necessariamente com uma candidatura do PT", afirmou. Dilma tem um pré-acordo de aliança com o PMDB, mas, apesar dos esforços, não atraiu PR e PP - siglas da base do tucano em seu Estado.
Depois de reconhecer que o escândalo único governo do DEM "veio em mau momento", Aécio disse que o partido estará junto dos tucanos e do PPS na disputa das eleições nacionais de 2010. O governador José Roberto Arruda é pressionado a deixar o cargo após uma investigação da Polícia Federal apontar esquema de favorecimento a empresários em troca de dinheiro para compra de apoio político na Câmara Legislativa.
"O que une o PSDB ao Democratas é uma visão moderna da gestão pública. Uma visão de mundo menos ideológica e mais moderna, e isso está mantido", disse, depois de criticar o PT por "não reconhecer que a grande ruptura que foi feita nos últimos 20 anos foi a criação do Plano Real".
Avanços de Lula
Antes de dar um longo abraço de despedida em Lula, que viajou para o Uruguai na noite de segunda-feira para uma reunião do Mercosul, o governador de Minas disse em seu discurso ao receber o prêmio que o governo do petista "trouxe muitos avanços, em especial no campo social".
O presidente, também premiado pela revista, retribuiu com conversas ao pé do ouvido - embora os dois estivessem separados no palco pela cadeira do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Em seu discurso, Lula voltou a criticar seus críticos, em especial por conta de suas declarações no início da crise financeira global que no Brasil ela não passaria de "uma marolinha". "Sofri muito por causa disso. Muita gente tripudiou", afirmou o presidente.
Em tom informal, usado também ao entregar prêmio de personalidade esportiva do ano ao atacante corintiano Ronaldo, Lula apontou que essa postura é um avanço diante da formalidade do cargo de seus antecessores, que se viam como "seres superiores". "Eu não posso contar piada porque sou político, não posso rir porque sou político, não posso beber porque sou político, não posso falar palavrão porque sou político", ironizou. "Como se essas coisas fossem só de artista."
http://noticias.uol.com.br/politica/2009/12/08/ult5773u3271.jhtm
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