8 de dez. de 2009

Disputa interna no PT evidencia as dificuldades do partido em reproduzir nos estados a aliança nacional do PMDB

Partido é cotado para compor a chapa com Dilma

Correio Braziliense - Patrícia Aranha

A eleição interna no PT evidenciou ainda mais as dificuldades do partido em reproduzir nos estados a aliança com o PMDB e outros partidos aliados no apoio à candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O Diretório Nacional se reúne hoje em Brasília para avaliar as consequências dos seis meses de guerra interna, desde o início da campanha do processo de eleição direta (PED). Em pelo menos 10 estados, cresceu a chance de haver dois palanques.

Até mesmo no Rio de Janeiro, onde venceu no segundo turno, o candidato que apoia a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), deputado federal Luiz Sérgio (PT), as sequelas de uma campanha agressiva promovida pela direção nacional do partido contra Lourival Casula, cabo eleitoral do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), fortaleceram a resistência dos que defendem a candidatura própria. Como a diferença entre Luiz Sérgio e Casula foi muito pequena, Lindberg já avisou que vai continuar fazendo campanha.

Já na reunião da Executiva Nacional do partido ontem, a avaliação foi de que apesar da participação recorde dos filiados - com 519 mil petistas votando no primeiro turno, bem mais que os 326 mil do PED anterior, em 2007 - e de o diretório eleito apresentar praticamente a mesma correlação de forças do atual, o confronto em muitas disputas estaduais acabou elevando o tom pela candidatura própria do partido. O presidente nacional eleito pelo partido em primeiro turno, José Eduardo Dutra, tem pouco tempo até as festas de fim de ano para alinhavar as conversas com os que resistem à aliança com o PMDB e com outros partidos, como o PSB. Na maior parte dos estados, as articulações ficam adiadas para fevereiro, próximo à realização do congresso nacional do partido que vai referendar a pré-candidatura de Dilma Rousseff.

Além do Rio, o partido terá dificuldades em fechar apenas um palanque com os aliados em Minas, Bahia, Pará, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Por enquanto, o PT já jogou a toalha apenas no Rio Grande do Sul, onde foi lançada a pré-candidatura do ministro da Justiça, Tarso Genro. O Planalto não conseguiu respirar aliviado nem mesmo em São Paulo, onde venceu o grupo que tenta costurar um acordo com o deputado federal Ciro Gomes (PSB). Como lá não é possível composição com o PMDB, a direção tenta convencer os petistas a apoiarem a pré-candidatura do PSB, mas como nacionalmente o grupo ligado à ex-ministra do Turismo Marta Suplicy ganhou espaço no diretório nacional, as conversas terão que ser retomadas.

Acusações
A eleição do novo presidente do PT fluminense, o deputado federal Luiz Sérgio, aliado do governador Sérgio Cabral, não encerrou os conflitos. Antes mesmo do resultado final, Lourival Casula, que apoia a candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, informou que sua campanha entrou com recurso na Executiva regional para a anular as eleições em quatro municípios - Quissamã, Petrópolis, Angra dos Reis e Italva -, onde disse ter ocorrido flagrante de fraudes. "Nem o Diretório Nacional vai aceitar isso", disse. A assessoria de Luiz Sérgio negou ter conhecimento de qualquer fraude e afirmou caber ao acusador a apresentação de provas.Luiz Sérgio obteve 14.625 votos (51,94%) contra 13.530 (48,06%) de Casula, uma diferença de 1.095 votos. A totalização computou 28.155 votos válidos, 196 em branco e 78 nulos em 75 municípios do estado. Cerca de 29 mil petistas foram às urnas no domingo escolher o novo presidente da legenda no Rio de Janeiro.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/12/08/politica,i=159583/DISPUTA+INTERNA+NO+PT+EVIDENCIA+AS+DIFICULDADES+DO+PARTIDO+EM+REPRODUZIR+NOS+ESTADOS+A+ALIANCA+NACIONAL+DO+PMDB.shtml

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