17 de set. de 2010

Dilma aprova saída de Erenice Guerra

Petista diz que demissão da ministra é necessária para garantir o andamento das investigações. Serra defende apuração rigorosa do escândalo

Correio Braziliense - Diego Abreu | Ullisses Campbell

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, classificou como “correta” a atitude de Erenice Guerra, que ontem deixou a chefia da Casa Civil. Para Dilma, as acusações de tráfico de influência contra a ex-ministra e o filho Israel Guerra não prejudicarão a corrida rumo ao Palácio do Planalto.

“Considero que a ministra Erenice tomou a atitude mais correta. É sempre bom que a autoridade se afaste para garantir que a investigação transcorra da melhor forma possível”, afirmou Dilma, ontem à tardem, durante visita à Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Erenice era tida como braço direito da presidenciável do PT à época em que Dilma era ministra da Casa Civil. A petista deixou o cargo em 31 de março para disputar as eleições e foi substituída por Erenice, então secretária executiva da pasta.

Embora tenha uma relação próxima a Erenice, Dilma negou qualquer envolvimento com as acusações que acarretaram a saída da ex-ministra, “Não estou envolvida nesse caso. Aliás, tomei conhecimento dele pelos jornais.”

Campinas
Para o presidenciável do PSDB, José Serra, a demissão de Erenice joga por terra a tese de que as acusações de tráfico de influência no Palácio do Planalto têm fins eleitoreiros. O tucano defende uma investigação rigorosa e acredita que a saída da ministra é apenas o primeiro passo. “Tem que haver uma investigação muito séria, pois, até ontem (quarta-feira), o governo ainda falava que se tratava de uma jogada eleitoral”, ressaltou, em Campinas (SP), durante uma caminhada pela região central da cidade.

Serra evitou associar as denúncias envolvendo a ex-mistra Erenice à candidata Dilma Rousseff. “Queriam jogar areia nos olhos com essa história. Agora, todo o escândalo que aparece sempre tem um pretexto. Dizem que é a eleição, que são denúncias de caráter eleitoral. A prova de que não é o caso está no fato de o governo ser obrigado a afastar essa ministra toda-poderosa”, destacou.

Marina: “Não é suficiente”

Varginha – A candidata à Presidência da República do PV, senadora Marina Silva, declarou ontem que a exoneração da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra não é suficiente e defendeu uma investigação profunda das denúncias. Em campanha pelo sul de Minas Gerais, a presidenciável elogiou a iniciativa do Ministério Público Federal (MPF) de apurar o caso. “O afastamento não pode significar que tudo já passou. Ela (Erenice) saiu, mas é só uma demonstração de que é preciso investigar mesmo. Quero o Brasil passado a limpo. É fundamental uma ação isenta, institucional, porque qualquer coisa que seja feita ou dita por candidatos vai ser interpretada como um movimento político”, afirmou.

Ao lado do candidato ao governo de Minas pelo PV, José Fernando Aparecido, Marina fez um corpo a corpo no centro da cidade. Em seguida, a presidenciável concedeu entrevista coletiva em um clube recreativo, onde respondeu a perguntas elaboradas por estudantes e cabos eleitorais da campanha. Depois do almoço, ela seguiu para Montes Claros, no norte do estado, onde finalizou o dia de campanha.

Caso ganha pouco espaço em programas

Vinicius Sassine

Em vez de comentar a demissão de Erenice Guerra da Casa Civil no programa eleitoral gratuito da noite, o material televisionado de José Serra (PSDB) focou nas acusações de tráfico de influência no ministério. Após a apresentação das propostas de governo de Serra(1), um apresentador apareceu para mencionar o episódio da Casa Civil. “Entra dia, sai dia, o governo do PT se enrola”, disse o apresentador.

O programa ainda mostrou a reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada ontem que denunciou mais um caso envolvendo Erenice Guerra e também voltou a mencionar o ex-homem forte do PT, José Dirceu. “Dilma (Rousseff, presidenciável do PT) e Erenice estão juntas desde 2003”, menciona a propaganda, que voltou a exibir a frase de José Dirceu dirigida a Dilma na posse da petista à frente da Casa Civil, em 2005. “Minha camarada de armas”, dissera o ex-ministro, quando transferiu o cargo a Dilma, acossado por denúncias do escândalo do mensalão — que consistiu na compra do voto de parlamentares no Congresso Nacional. Foram as únicas referências ao atual escândalo na Casa Civil.

Nenhum outro candidato à Presidência fez qualquer menção à demissão de Erenice Guerra em seus respectivos programas eleitorais gratuitos, nem à tarde nem à noite.

A candidata do PV, Marina Silva, que tem cobrado investigação sobre o tráfico de influência na Casa Civil e uma resposta do governo, também ignorou a demissão de Erenice Guerra na propaganda eleitoral. Nem chegou a mencionar o episódio durante os programas da tarde e da noite.

Repetição
Já a petista Dilma Rousseff repetiu um programa exibido anteriormente, no qual mostrou avanços no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também foram feitas comparações com as duas gestões de Fernando Henrique Cardoso e houve a exibição de depoimentos do atual chefe do Executivo.

1 - Propostas
No dia em que Erenice Guerra se demitiu da Casa Civil, José Serra preferiu destacar propostas de governo na propaganda eleitoral veiculada na televisão. À tarde, mostrou projetos para habitação. À noite, falou sobre transporte público, educação, saúde e urbanização de favelas. O candidato voltou a apresentar sua trajetória política e apareceu ao lado de eleitores, conversando, lendo a Bíblia e fazendo brincadeiras. Serra sustentou que, em São Paulo, o salário mínimo já é maior do que no restante do país e que, caso eleito, vai instituir um salário mínimo de R$ 600 — hoje, o valor é de R$ 510.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/17/noticia_eleicoes2010,i=213416/DILMA+APROVA+SAIDA+DE+ERENICE+GUERRA.shtml

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