Mauricio Stycer
Do UOL Eleições
Com 11% das intenções de voto, segundo o Datafolha, a candidata Marina Silva (PV) reuniu-se com um pequeno número de artistas, “culturetes” e simpatizantes na noite de segunda-feira (13) no Studio SP, casa noturna localizada no coração do Baixo Augusta, no centro de São Paulo.
A balada pertence a Ale Youssef, candidato a deputado federal, namorado da atriz Leandra Leal e amigo de inúmeros artistas. As três principais bandeiras de sua campanha são a defesa do casamento gay, o direito ao aborto e a regulação das drogas – três questões que a candidata evangélica não pode nem ouvir falar.
“Eu sempre fiz a campanha do Gabeira, sem concordar 100%. A diversidade é isso. É a capacidade da gente conviver na diferença. De estabelecer espaço de convergências, mesmo na diferença”, disse Marina ao final do encontro.
A candidata foi recebida ao som da marchinha cantada por Adriana Calcanhoto, que acaba de oficializar seu casamento com a cineasta Suzana de Moraes: “Ela é da Silva, ela é da selva, ela é Marina, ela é gente, gente, gente, Marina presidente”.
Antes do discurso da candidata, um vídeo mostrou o apoio que ela recebe de Leonardo Boff, Marcos Palmeira, Xuxa Lopes, Fernando Meirelles, Caetano Veloso, Lenine, Arnaldo Antunes, Maria Bethania, Gilberto Gil e Wagner Moura.
Destes, apenas Meirelles compareceu ao ato no Studio SP. Apresentado como um “querido amigo”, a quem Marina agradeceu “a ajuda e o envolvimento”, o diretor de “Cidade de Deus” disse aos jornalistas que já está pensando na eleição de 2014. “Pode ser que a eleição não tenha nem segundo turno. Mas esta ideia não é só para hoje. Na próxima eleição esses 10% (dos votos) vão ser 16%”, prognosticou.
Marina também recebeu o apoio de Alex Atala, dono do restaurante DOM, dos atores Julio Andrade (o Arthurzinho de “Passione”) e Chris Couto, do rapper Xis, da fotógrafa Claudia Jaguaribe e do professor e compositor José Miguel Wisnik.
Atala explicou sua presença ao UOL: “Porque sou cozinheiro e meu maior elo com a cozinha é a Amazônia. E o elo da Marina, por outro caminho, é também a Amazônia”.
Amigo de Youssef, Andrade contou que havia acabado de ler uma entrevista com a candidata e ficou “impressionado”. O ator disse não se importar com a proibição da Rede Globo a manifestações públicas de seus funcionários sobre a campanha eleitoral.
Em seu discurso, de 15 minutos, a candidata falou generalidades em típico “marinês”: “Nós resignificamos o tempo todo a cultura”, disse. “A cultura nos remete a este mundo maravilhoso da diversidade”, acrescentou. Ao final, observou: “Não brigo com a foto das pesquisas”, mas pediu empenho aos apoiadores: “Que a gente possa se animar por este Brasil, que pode levantar, sacudir a poeira, dar a volta por cima”.
Em breve entrevista, Marina prometeu, se eleita, alterações na Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Anunciou um fundo de R$ 1 bilhão para projetos culturais com recursos que virão depois que “fechar o dreno da corrupção”.
Declarou-se “animadíssima” com a situação da campanha, falou que enxerga “uma onda verde no Brasil inteiro” e explicou que “o apoio de artistas traz a certeza que você está conectado com os núcleos vivos da sociedade”.
Ao final da entrevista, já em pé, Marina contou que não pretende alterar seu título de eleitor, que é do Acre. “Meu marido é que vota em São Paulo. Ele é de Santos e torcedor do Santos. Eu torço para o Palmeiras”.
Convidada a explicar a sua preferência futebolística, a candidata começou a contar: “Meu pai era Botafogo”. Foi interrompida pelo repórter do UOL, que observou, rindo: “Bem melhor”. Na mesma moeda, Marina respondeu: “Desaforado”. E explicou: “Todas as minhas seis irmãs também são Botafogo, por puxa-saquismo. Eu sou Palmeiras”. Por que é verde? – perguntou um repórter. “Vai roubar voto do Serra”, disse outro jornalista. Marina apenas riu.
http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/14/marina-faz-campanha-em-reduto-de-defensor-da-liberacao-de-drogas.jhtm
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